A palavra de Deus no Vaticano II com olhar Franciscano
Mais de setecentos anos antes do Vaticano II São Francisco de Assis viveu o seu tempo de Concilio (IV Latrão), sua prática em relação a ele é para nós, iluminadora. Olhando agora para os tempos do nosso Concilio, procuramos fazer uma ponte entre o lugar que ocupava Palavra de Deus em Francisco e o lugar que ela ocupa em nós. Procuramos pontuar alguns aspectos, partindo, é claro, da vivência de Francisco.
PARTINDO DE FRANCISCO
A Palavra de Deus no discernimento vocacional e na missão de Francisco. Depois do fracasso na busca da nobreza pela luta armada, Francisco é visitado, em sonho, pelo Senhor e então pergunta: “Senhor, que queres que eu faça” (AP 6,6)? A palavra do discernimento, no seu entender, deve vir do Senhor. A resposta a seus anseios agora não brota mais de seus desejos, eles já fracassaram, mas daquele que é a sua razão de existir. O discernimento, por sua vez, é um processo que exige o protagonismo do vocacionado. A voz lhe diz: “Volta para a tua terra e ser-te-á dito o que deves fazer” (AP 6,8). O discernimento se faz na obediência; enquanto se caminha, descortinam-se os horizontes. Nos caminhos de sua busca depara-se com o Crucifixo numa igrejinha semidestruída nos arredores de Assis onde é surpreendido com a missão: “Francisco, vai e restaura minha casa que, como vês, está em ruínas” (2 Cl 10,4). A resposta está lá no lugar de onde saiu. Deus já falava, mas ele não estava apto para escutá-lo. Agora despojado das ambições terrenas, já tem condições de enxergar outra dimensão. Enquanto busca a nobreza pela riqueza Francisco só encontra o fracasso, mas quando acolhe a pobreza ele encontra a verdadeira nobreza.
À luz do Evangelho, na Igreja. O discernimento, mesmo que iluminado pelo sonho e direcionado pelo Crucifixo, só será confirmado pelo Evangelho, conforme a interpretação da Igreja, mediante o sacerdote. Esta é a informação trazida por seu biógrafo frei Tomás de Celano (1 Cl 22). Basta ver sua vibração quando ouve o Evangelho na igreja de Santa Maria dos Anjos e é confirmado em sua interpretação, pelo sacerdote: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do meu coração” (1 Cl 22,3). A descoberta, porém, só tem sentido com uma prática correspondente, por isso diz Celano: “Apressa-se o santo pai, transbordando de alegria em cumprir o salutar conselho e não suporta demora alguma, mas começa devotamente a colocar em prática o que ouviu”. Eliminar a distância entre o que ouve e o que pratica é o exercício da encarnação. Praticar a palavra ouvida é o segredo para a transformação. “Pois não fora ouvinte surdo do Evangelho, mas confiando o que ouvira à louvável memória, cuidava de cumprir tudo à letra diligentemente” (1 Cl 22,4.10). Aqui Francisco entende a missão como conformação ao envio feito pelo próprio Jesus[1], segundo o Evangelho, por isso escolhe uma vida evangélica (RB 1,2).
Discernindo a fraternidade. É na Palavra de Deus que busca o discernimento também para acolher os companheiros. Francisco se dá a Jesus Cristo crucificado. Ele não tem intenção de fundar instituição alguma, mas com a chegada de Bernardo de Quintavalle e outros, em busca do seu modo de vida, precisa dar continuidade ao exercício de sua obediência ao Senhor. Por isso diante do pedido deles, recorre ao Evangelho. “Se quiseres provar as palavras com os fatos, entremos amanhã bem cedo na igreja[2] e, tomando o livro do Evangelho, peçamos o conselho a Cristo” (2 Cl 15,5). Francisco não quer seguidores para si, pois ele o é de Cristo e todos os que a ele se achegam precisam ser confirmados por Cristo através do Evangelho[3]. Eis o procedimento: “Quando amanheceu, entraram na igreja e tendo feito antes a oração com devoção, abre o livro do Evangelho, dispondo-se a fazer o conselho que ocorrer primeiro. Abrem o livro e Cristo manifesta nele o seu conselho” (2 Cl 15,6-7). Fazem isso três vezes em partes diferentes do livro e as três mostram surpreendente correspondência (2 Cl 15,7-9). Para eles isso é a vontade do Senhor manifesta no Evangelho. Está resolvido.
Alguns pontos desta narrativa merecem destaque:
a) Francisco vai à casa de Bernardo. A nova opção de vida de Francisco não rompeu a amizade entre os dois. O modo de ser de Francisco impressiona, leva Bernardo a abrir-se ao amigo. Mas o novo passo de Bernardo não pode ser feito apenas na amizade. A relação entre os dois precisa estar fundamentada no terceiro: Jesus Cristo.
b) Bernardo se encanta pela forma de vida de Francisco, mas a forma de vida não é dele, é do Senhor. Certamente a forma de vida não é propriedade de Francisco, por isso precisa consultar o Senhor e dele obter o consentimento. Temos ai uma iluminação para nosso trabalho vocacional. Ninguém é chamado para a nossa Ordem ou Congregação, mas enviado para a vida evangélica por meio de nossa Congregação ou Ordem. Ela não é fim, mas meio e precisa ser fiel ao seu papel.
c) O local do discernimento não é casa de Bernardo, local onde ambos se encontram, nem a de Francisco visto que já não a tem, mas no local onde a igreja se reúne. O instrumento é o Evangelho. É verdade que há carência de livros, mas o livro da comunidade (Evangelho) está à disposição no lugar da assembleia. Lá Francisco, Bernardo e outros mais, encontram o “Conselho de Vida”. A presença do livro do Evangelho na Igreja à disposição dos fiéis é também uma pista importante. Melhor seria que houvesse pessoas dispostas e prontas para oferecer uma interpretação saudável.
d) O discernimento é feito na Palavra de Deus. Para Francisco o cerne da Palavra é o Evangelho. É isto que ele procura viver. Ele dizia que a Regra e vida era “a medula do Evangelho” (2 Cl 208,2). Não busca a vontade de Deus em alguma filosofia, teologia ou livro de autoajuda, mas no livro da vida, o Evangelho, no qual quer viver e orientar os seus companheiros.
e) A abordagem é precedida de uma intenção aberta e cultivada por devota oração. Francisco e Bernardo exercitam-se para que a disposição de Deus prevaleça sobre seus desejos e o fazem com afeto[4]. Este é um importante modo de escutar a vontade de Deus. Despojar-se com sinceridade dos próprios interesses para que prevaleça o de Deus.
f) Na igrejinha de Santa Maria dos Anjos foi diferente. O Evangelho estava programado pela liturgia da Igreja. Ele devotamente foi à missa e ficou surpreendido pela resposta à sua busca. Francisco, porém não confiou só no que ele entendeu, por isso buscou a explicação do sacerdote que faz então às vezes do magistério da Igreja e é para Francisco mediador do Senhor.
Viver o que prega e pregar o que vive. Escreve então a Regra de vida: “Vendo, o bem aventurado Francisco que o Senhor Deus, a cada dia aumentava o seu número, escreveu para si e para seus irmãos presente e futuros, de maneira simples e com poucas palavras, uma forma e regra de vida, utilizando principalmente palavras do santo Evangelho, a cuja perfeição unicamente aspirava” (1 Cl 32,1-2). Segundo Celano a regra é na verdade uma coletânea de palavras do Evangelho. Inicia com estas palavras: “A regra e a vida destes irmãos é esta: viver em obediência, em castidade e sem propriedade e seguir a doutrina e as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo” (RnB 1,1). Francisco entende que o Evangelho não se resume a palavra ou doutrina, é encarnado, por isso diz: “seguir a doutrina e as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo” o que aparece depois, na Regra Bulada como: “observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo” (RB 1,2).
Isso se reflete também na orientação que Francisco passa aos membros da fraternidade. “Bem-aventurado o religioso que não sente satisfação e alegria senão nas santíssimas palavras e obras do Senhor, e com elas leva os homens ao amor de Deus em gozo e alegria (Sl 50,10). Mas ai do religioso que se compraz nas falas e ditos ociosos e frívolos, e com eles procura levar os homens ao riso” (Ad 20).
Enquanto muitos[5] em seu tempo também intentaram viver o Evangelho conforme o espírito lhe inspirasse e muitas vezes em protesto, rebeldia ou denúncia do modo como a Igreja, também em seus prelados, vivia, Francisco quer viver o Evangelho sim, mas na Igreja e como Igreja. Por isso vai a Roma: “Francisco chegou a Roma com todos os ditos irmãos, desejando muito que lhe fosse confirmado pelo senhor Papa Inocêncio III o que escrevera” (1 Cl 32,3). É preciso viver o Evangelho no discipulado de Jesus Cristo e na Igreja de Cristo.
A Igreja do tempo de Francisco. Se por um lado o Concilio Ecumênico Vaticano II aparece depois de um longo tempo de estabilidade na compreensão e missão da Igreja, Francisco de Assis vive um conturbado momento de compreensão e da missão da mesma. Um dado estatístico confirma isso. Enquanto no primeiro milênio da era cristã contamos com nove Concílios, incluindo o acontecido em Jerusalém, promovido pelos apóstolos no ano 51, o segundo milênio contou com onze. Seis deles aconteceram num raio de apenas 150 anos, entre os anos 1123 e 1274, isto é, no tempo que compreende o evento Francisco de Assis na história. Os outros cinco aconteceram entre os anos 1311 e 1965.
Francisco é chamado a restaurar a casa do Senhor num período, como vimos acima, muito conturbado. Sua vocação nasce enquanto governa a Igreja de Cristo Lottário Dei Conti di Segni, com o nome de Inocêncio III, um dos mais poderosos da história, que instituiu, em 25 de março de 1199, a inquisição contra os hereges, decreto formalizada por Gregório IX em julho de 1231. Em julho de 1209 encarregou o exército cruzado de erradicar os Cátaros. Em novembro de 1215, a última sessão do IV Concílio de Latrão condena Cátaros e Valdenses como hereges, mas também para prevenir contra possíveis heresias futuras proíbe a criação de novas Ordens, matem a discriminação dos judeus e usa a palavra “transubstanciação”[6] para explicar a realidade eucarística.
A atuação pastoral de Francisco no Concilio do seu tempo. A atuação de Francisco tem a ver com as determinações do IV Concilio de Latrão, mas ele faz a seu modo, olhando para o mistério inteiro, desde a encarnação até o amor extremo que culminou na autoentrega de Jesus[7]. Tais elementos estão maravilhosamente expressos na Carta aos Fiéis em sua segunda recensão[8]: “E ao aproximar-se a sua Paixão, celebrou a Páscoa com seus discípulos, e tomando o pão, deu graças e o abençoou e partiu, dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo (Mt 26, 26). E tomando o cálice, disse: Este é o meu sangue da nova Aliança, que por vós e por muitos vai ser derramado, para remissão dos pecados (Mt 26, 26-28). E depois orou ao Pai, dizendo: Pai, se é possível, passe de mim este cálice (Mt 26, 39). E sobreveio-lhe um suor como de gotas de sangue, que escorria até ao chão (Lc 22, 44). Pôs, todavia, a sua vontade na vontade do Pai, dizendo: Pai, faça-se a tua vontade, não como eu quero, mas como tu queres (Mt 26, 39). Ora, a vontade do Pai foi esta: Que seu Filho, bendito e glorioso, que ele nos havia dado e que por nós nascera, se oferecesse, por seu próprio sangue, como sacrifício e hóstia, no altar da cruz; não por si mesmo, por quem todas as coisas foram feitas (Jo 1, 3), mas pelos nossos pecados, deixando-nos seu exemplo, para seguirmos seus passos” ( 2 CF 6-12). Estas são as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A “transubstanciação”: como Francisco trata da questão. Ele a explicita de modo muito simples e popular na primeira Admoestação tanto no acontecimento quanto na atualização: “Todos os que viram o Senhor Jesus segundo a humanidade e não o viram, nem creram segundo o espírito e a divindade que ele é o verdadeiro Filho de Deus foram condenados; de igual modo todos os que veem o sacramento, que é santificado pro meio da Palavra do Senhor sobre o altar pelas mãos do sacerdote em forma de pão e de vinho, e não veem, nem creem segundo o espírito e a divindade, que seja verdadeiramente o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, foram condenados, sendo testemunha o próprio Altíssimo que diz: Isto é o meu corpo e o meu sangue da nova aliança que será derramado por todos” (Ad 1,8-10). Francisco crê que Jesus disse e se ele disse, não há de que duvidar.
Mas Francisco não para por aí, a sua convicção experimentada o leva a uma exortação: “Portanto, ó filhos dos homens, até quando estarei com o coração endurecido? Por que não reconheceis a verdade e não credes no Filho de Deus” (Ad 1,15-15)? Leva também a uma profissão de fé na “permanente” encarnação do Filho de Deus.
Na Eucaristia a Palavra continua a se fazer carne: “Eis que todos os dias ele se humilha como quando veio do trono real ao útero da Virgem; diariamente vem a nós em aparência humilde; diariamente desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote” (Ad 1,16-18). A encarnação dele é um verdadeiro despojamento, empobrecimento, caminho inverso dos nossos desejos e buscas, constante desafio a conversão. “E assim como ele se manifestou aos apóstolos na verdadeira carne, do mesmo modo se manifesta a nós no pão sagrado. E assim como eles com a visão do corpo só viam a carne dele, ma contemplando-o com olhos espirituais criam que ele era Deus, do mesmo modo também nós, vendo o pão e o vinho com os olhos do corpo, vejamos e creiamos firmemente que é vivo e verdadeiro o seu santíssimo corpo e sangue. E desta maneira, o Senhor estará sempre com os seus fiéis, com ele mesmo diz: eis que estou convosco até o fim dos tempos[9]” (Ad 1,19-22).
Servo da Palavra e servo de todos. O senso de responsabilidade de Francisco para com a Palavra do Pai é universal. Ele a pratica como partilha de um encontro vivencial com Jesus Cristo, que é a Palavra por excelência. “A todos os cristãos, religiosos, clérigos e leigos, homens e mulheres, a todos os que habitam pelo mundo inteiro, o irmão Francisco, seu servo e súdito, envia reverentes saudações, paz verdadeira do céu e caridade sincera no Senhor” (2 Fi 1).
“Sendo servo de todos, tenho por obrigação servir e ministrar a todos as odoríferas palavras do meu Senhor. Por isso, considerando em meu espírito que não posso visitar a cada um pessoalmente por causa da enfermidade e fraqueza do meu corpo, resolvi transmitir-vos, por meio da presente carta e por mensageiros, as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Palavra do Pai e as palavras do Espírito Santo, que são espírito e vida (Cf Jo 6,64)” (2 Fi 2-3). A doença não é empecilho para pregar a Palavra, nem para partilhar sua comunhão com o Pai. Francisco não é um servo servil, mas um servo livre, pois na Palavra libertadora (Jo 8,31) cumpre sua missão de tornar a humanidade ciente da revelação realizada pelo Pai, no Filho pelo Espírito Santo.
Francisco fala na condição de “servo de todos”, de sua obrigação e da meta: “servir e ministrar a todos”. Por um lado seu serviço é um ministério, por outro, seu ministério e um serviço. Francisco não se apropria do ministério, mas se associa, se entrega ao ministério do seu Senhor, do qual se faz servidor. Ele fala ainda da origem e da qualidade do conteúdo de seu ministério: as odoríferas Palavras do meu Senhor. É a palavra que tem origem no Senhor e exala um odor especialíssimo. Isso nos provoca á lembrança da ação de Maria em Betânia: “e a casa inteira ficou cheia do perfume” (Jo 12,3). Lá o perfume era oferecido ao Senhor, aqui Francisco quer oferecer o perfume do Senhor a todos, sem exclusão alguma.
Encarnação: o dom e a mediação da Palavra. Francisco tem seu jeito próprio de ministrar e servir. As “odoríferas palavras do seu Senhor” tem uma história, não é possível ministra-las sem fazer o percurso dessa história, dessa encarnação. “Esta Palavra do Pai tão digna, tão santa e gloriosa, o altíssimo Pai a enviou do céu, pelo seu arcanjo S. Gabriel, anunciou à santa e gloriosa Virgem Maria (Lc 1, 31), que esse Verbo do mesmo Pai, tão digno, tão santo e glorioso, ia descer do céu, a tomar a carne verdadeira da nossa humana fragilidade em suas entranhas”. A palavra tem uma dinâmica: ela é destacada, enviada, acolhida, encarnada, humanizada, doada de modo permanente até o fim dos séculos. A palavra não teme a fragilidade, miséria ou pecado, porque é criadora e redentora.
A atitude eterna e histórica da Palavra. A encarnação não é um fato passado, mas continua na Eucaristia. Por sua vez a eucaristia está intimamente ligada à paixão, à entrega da própria vida de Jesus. A Palavra continua se fazendo carne, operando na fragilidade humana. “Eis que todos os dias ele se humilha como quando veio do trono real ao útero da Virgem; diariamente vem a nós em aparência humilde; diariamente desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote” (Ad 1,16-18).
Toda a exortação de Francisco está fundamentada no Evangelho que para ele é convocação imediata a um “modus vivendi”, não apenas um conhecimento, mas uma encarnação. “Devemos aborrecer o nosso corpo com seus vícios e pecados, pois o Senhor diz no Evangelho que todos os vícios e pecados procedem do coração (Mt 15,38 18-19; Mc 7,23). Devemos amar aos nossos inimigos, e fazer bem àqueles que nos odeiam (Mt 5,44; Lc 6,27)”. Mas ninguém está obrigado por obediência a seguir àquele que lhe manda o que é pecado ou delito. Pois a obediência ao Evangelho é verdadeira liberdade.
“Nunca devemos desejar estar acima dos outros, mas antes devemos ser servos e sujeitos a toda a humana criatura por amor de Deus (2 FI 47)...E todos os que assim procederem, e perseverarem até ao fim, sobre eles repousará o espírito do Senhor (Is 11,2) e neles fará morada e mansão (Jo 14, 23). E serão filhos do Pai celeste (Mt 5,45), cujas obras fazem”.
A todos quantos receberem esta carta, eu, o irmão Francisco, menor servo vosso, vos peço e suplico pela caridade que é Deus (Jo 4,16), e com o desejo de vos beijar os pés, que vos sintais obrigados a acolher, observar e guardar com humildade e amor estas palavras e as demais de nosso Senhor Jesus Cristo. E todos aqueles e aquelas que as receberem com benevolência, lhes derem atenção e enviarem cópias a outros, se no seu cumprimento perseverarem até ao fim (Mt 24,13), que sobre eles venha a bênção do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Francisco liga o jejum e a penitência ao amor à Igreja católica. Este apelo cabia muito bem aos cátaros, que pregando uma ascese radical se queriam separar da igreja pecadora, dos seus sacramentos e sacerdotes, mas também a todos os cristãos desleixados daquele tempo, bem como os de hoje.
PARTINDO DO VATICANO II
A Palavra de Deus no Concilio Ecumênico Vaticano II. Convocado pelo Papa João XXIII para celebrar o fechamento do quarto centenário do famoso Concilio de Trento[10], o Concilio teve lugar no Estado do Vaticano e foi aberto no dia 11 de outubro de 1962. Ficou Conhecido como o Concilio do “aggiornamento”, pois esta foi a tarefa proposta por João XXIII durante a abertura do mesmo. É bom lembrar que o Concilio de Trento se caracterizou como uma grande reação à Reforma protestante. Estabeleceu e reafirmou que a Igreja de Cristo tem dois pilares de igual valor: A Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição. Os protestantes insistiam na “sola scriptura” (só a Escritura). Vamos então da Reforma (Trento) para a Atualização (Vaticano II).
“Aggiornamento” significa atualização (colocar no dia de hoje), é a palavra de ordem do Vaticano II. Isso mesmo, o Concilio não objetiva a renovação, mas a atualização, não se trata de fazer de novo, mas de adequar aos tempos (novos). Trata-se de dar resposta apropriada aos desafios presentes. As respostas feitas para outros tempos não servem mais. A grande tarefa não é repetir as velhas formulas dogmáticas do Concilio de Trento, já enrijecidas pelo tempo, mas tornar as verdades eternas presentes e atuantes na vida da humanidade atual, com olhar aberto para a mentalidade moderna e o progresso das ciências. “A Igreja Católica, levantando por meio deste Concilio o facho da verdade religiosa, deseja mostrar-se mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade com os filhos, dela separados”[11].
Na verdade a Igreja não precisa de Concilio para afirmar as verdades, mas precisa dele sim, para dialogar com o mundo, aprender com as mudanças e as lições da história, que continua mestra da vida, para que as verdades continuem a emanar vida para humanidade hodierna. A Igreja precisa sair de si, entrar no mundo e dialogar com ele, oferecer o patrimônio espiritual que adquiriu e modelou ao longo dos séculos. “A Igreja precisa de mais circularidade, mais fraternidade, mais comunicação”[12].
Nenhuma pessoa sensata duvida da importância que teve o Concilio Ecumênico Vaticano II na vida da Igreja Católica Apostólica Romana, compreendendo o magistério e os fieis em geral bem como na contribuição da Igreja para o mundo como um todo. O posicionamento tomado a partir daí abriu janelas e portas para um diálogo respeitoso para com todos os segmentos da sociedade.
Os conciliares muito contribuíram para uma autocompreensão da Igreja bem como de sua missão no mundo. Na Constituição Dogmática “Lumen Gentium” a Igreja entende que deve ser luz para as nações, mas no sentido que o próprio Jesus coloca em Mateus 5,13-16. Uma luz que se apresenta e não se impõe, uma luz que atrai e não que repele, uma luz que brilha às custas da autodoação. A Igreja não impõe, ela oferece. Oferta que acolhida se torna benção na pessoa que nela se insere[13]. Traz a importante definição de Igreja como Povo de Deus (LG 13).
O Concilio também, com a Constituição Dogmática “Gaudium et Spes”, entendeu e definiu sua presença e missão no mundo como portadora de alegria e esperança, dois elementos fundamentais para a identificação do Evangelho. Alegria hoje, com esperança viva[14], numa herança incorruptível, assim ela não se esgota, mas permanece sempre. A alegria que não se corrompe, que permanece e alimenta a busca do caminheiro .
Debruça-se também sobre a celebração da caminhada do “povo de Deus”, por isso o Concilio se ocupa da Constituição Dogmática chamada “Sacrosanctum Concilium”. Tratando da Liturgia diz: “O sacrossanto Concilio propor-se fomentar sempre mais a vida cristã entre os fiéis; acomodar melhor às necessidades de nossa época as instituições que são suscetíveis a mudanças; favorecer tudo o que possa contribuir para a união dos que creem em Cristo; e promover tudo o que conduz ao chamamento de todos ao seio da Igreja. Por isso julga ser seu dever cuidar de modo especial da reforma e incremento da liturgia” (SC Proêmio 1).
Mas isso tudo com uma base, uma fundamentação. Aí se consagra a missão da Constituição Dogmática “Dei Verbum”. “Ouvindo religiosamente a Palavra de Deus e proclamando-a com confiança, este Santo Sínodo adere as palavra de São João: Anunciamo-vos a vida eterna, que estava junto ao Pai e se nos manifestou; o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos, para que tenhais comunhão conosco e nossa comunhão seja com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo[15]”.
Os ganhos do Vaticano II em relação à Sagrada Escritura. Foram muitos e significativos os ganhos, mas vamos nos deter em quatro pontos:
a) o posicionamento sobre a “verdade bíblica”. Afirmações anteriores insistiam em dizer que a Bíblia não continha erros e isso gerou não poucos conflitos especialmente com o advento da ciência moderna que passou a denunciar a Igreja Católica, juntamente com sua Bíblia, de retrógada, inconciliável com a evolução. Elaborando a Constituição Dogmática Dei Verbum a Igreja toma um posicionamento novo. Afirma agora que “os livros da Escritura ensinam com certeza e sem erros a verdade que Deus, em vista da nossa salvação quis fosse consignada nas Sagradas Escrituras” (DV 11). Não usa mais a afirmação seca: “A Bíblia não contém erros”, geradora de tanta polêmica. Acaba de vez com a briga entre fé e razão, e com o argumento dos cientistas de que a fé trava o progresso e a evolução. “Sempre a Igreja se opôs aos erros, muitas vezes até os condenou com maior severidade. Nos nossos dias, porém, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade; julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez de sua doutrina que condenando os erros[16]”. A sagrada Escritura não está ocupada com exatidão matemática, nem com precisões histórico-científicas, ela se ocupa com questões de fé, de espírito, de sentido da vida, da conexão das criaturas com sua origem e delas entre si.
b) Estudos e interpretação. Outra importantíssima contribuição foi a respeito da hermenêutica. Eis a orientação do documento: “Já que Deus na escritura falou através de homens e de modo humano, deve o intérprete da Sagrada Escritura, para bem entender o que Deus nos quis transmitir investigar atentamente o que os hagiógrafos de fato quiseram dar a entender e aprouve a Deus manifestar por suas palavras” (DV 12). Para bem interpretar é necessário ter em conta os seguintes pontos: 1 - os gêneros literários; 2 - o sentido que o escritor sagrado quis, em seu tempo e sua cultura, exprimir; 3 - relacionar com as nossas maneiras comuns, espontâneas de sentir, de falar e narrar; 4 - ler e interpretar naquele mesmo Espírito em que foi escrita; 5 - levar em consideração a unidade de toda a Escritura e a analogia da fé.
Portanto é preciso ter presente, além do texto, o contexto e o pretexto, daquilo que estamos interpretando. O texto é o que temos. O contexto só podemos obter pelo estudo da vida, dos lugares e costumes do tempo em que o texto foi escrito. O pretexto só podemos resgatar na intenção do autor. Por isso, muito cuidado com esta estória de: “O espírito está me dizendo...” Muito cuidado em escolher só os textos que afinam com o que a gente pensa, aprecia e gosta. Pior ainda quando se usa a Palavra de Deus como arma ou escudo diante de pessoas e situações.
A palavra de Deus vem através da história, não é prisioneira dela, mas não a ignora e nem a despreza, pois a encarnação é histórica. “Depois de ter, por muitas vezes e de muitos modos falado outrora aos nossos pais pelos profetas, Deus agora falou-nos num Filho a quem estabeleceu herdeiro de tudo... Este Filho é o resplendor de sua glória e a expressão de seu ser e sustenta o universo pelo poder de sua palavra” (Hb 1,1-3). Por outro lado a Palavra de Deus não é para sacralizar a história, mas para iluminá-la e transformá-la ou colocá-la no caminho do desígnio do Criador. “e a Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós, e nós vimos a sua glória. Glória que o Filho único cheio de graça e verdade tem da parte do Pai” (Jo 1,14).
Estudos e interpretação em vista de que? Segundo o apóstolo Paulo “TODA a Escritura é divinamente inspirada e útil também para ensinar, argumentar, corrigir e educar na justiça: a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2 Tm 3,16-17). O Magistério da Igreja toma isso como meta para todo cristão. A Sagrada escritura tem um verdadeiro programa de formação para a vida toda em seu sentido, sua graça e sua plenitude.
“Pois uma é a antiga doutrina do depositum fidei, outra é a formulação que a reveste: é disso que se deve, com paciência se necessário, ter grande conta, medindo tudo nas formas e proporções do magistério prevalentemente pastoral”[17]. Daí o enfoque pastoral de todo o trabalho: “É preciso que o acesso à Escritura seja amplamente aberto aos fiéis” (DV 22). Cada cristão tem direito de ter a Palavra de Deus em sua própria língua e cultura. Daí também o incentivo às traduções. “A Palavra de Deus deve estar à disposição de todas as épocas, por isso a Igreja cuida que se façam traduções em várias línguas, versões corretas, principalmente a partir dos textos originais. Inclusive traduções feitas em colaboração com os irmãos separados” (DV 22).
c) Espiritualidade é o principal objetivo da leitura da Sagrada Escritura. “É, pois, necessário que todos os clérigos e, sobretudo, os sacerdotes de Cristo e outros que, como os diáconos e os catequistas, se consagram legìtimamente ao ministério da palavra, mantenham um contato íntimo com as Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo diligente, para que nenhum deles venha a ser “vão pregador da palavra de Deus exteriormente por não ouvir interiormente”, tendo, como tem a obrigação de comunicar aos fiéis que lhes estão confiados as grandíssimas riquezas da palavra divina, sobretudo na sagrada Liturgia. Haurir da Palavra de Deus o espírito da pregação é tarefa essencial de todos os encarregados de ministrar as “odoríferas palavras”[18], a fim de que deem sentido e saciem a vida das pessoas.
“Do mesmo modo, o sagrado Concílio exorta com ardor e insistência todos os fiéis, principalmente os religiosos, a que aprendam “a sublime ciência de Jesus Cristo” (Fl. 3,8), com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque “ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”. O objetivo primeiro da leitura, evidentemente não é cultural; a cultura pode favorecer, dependendo do espírito que a habita”. Bem diz o apóstolo e evangelista João: “Isto foi escrito para que vocês creiam em Jesus Cristo, o Filho de Deus e para que crendo tenham vida em seu nome” (Jo 20,31).
“Acheguem-se, pois, de boa mente ao texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração[19] para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque “a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos” (DV 25).
Deste modo, pois, com a leitura e estudo dos livros sagrados, a palavra de Deus se difunda e resplandeça (2 Ts 3,1), e o tesouro da revelação confiado à Igreja encha cada vez mais os corações dos homens. Assim como a vida da Igreja cresce com a assídua frequência do mistério eucarístico, assim também é lícito esperar um novo impulso de vida espiritual, se fizermos crescer a veneração pela palavra de Deus, que permanece para sempre (DV 26).
d) Pastoral, comunicação, divulgação. “Compete aos sagrados pastores “depositários da doutrina apostólica”, ensinar oportunamente os fiéis que lhes foram confiados no reto uso dos livros divinos, de modo particular do Novo Testamento e, sobretudo, dos Evangelhos. E isto por meio de traduções dos textos sagrados, que devem ser acompanhadas das explicações necessárias[20] e verdadeiramente suficientes, para que os filhos da Igreja se familiarizem de modo seguro e útil com a Sagrada Escritura, e de seu espírito fiquem imbuídos”. Para isso a compreensão da Palavra de Deus precisa ser facilitada. É dever das pessoas imbuídas da missão de pregar simplificar para facilitar a compreensão dos ouvintes, mas também facilitar o acesso às informações para leitura e meditação. “Além disso, façam-se edições da Sagrada Escritura, munidas das convenientes anotações, para uso também dos “não cristãos” e adaptadas às condições deles. Tanto os pastores de almas como os cristãos de qualquer estado procuram difundi-las com zelo e prudência” (DV25).
Influência e importância da atualização escriturística. Nesse sentido a Igreja criou o Pontifício Instituto Bíblico (PIB), instituição universitária da Santa Sé, fundado pelo papa Pio X em 07 de maio de 1909, para ser um centro de estudos da Sagrada Escritura na cidade de Roma e para promover o mais eficazmente possível a doutrina Bíblica e todos os estudos a ela conexos segundo o espírito da Igreja Católica com a seguinte finalidade:
a) cultivar e promover, com a pesquisa cientifica, as disciplinas bíblicas “para entender e expressar com maior profundidade o sentido da Sagrada Escritura” (DV 12);
b) Oferecer aos alunos, com o ensino e o exercício das respectivas disciplinas, particularmente as línguas bíblicas, uma adequada preparação seja para a pesquisa seja para o magistério ou para a difusão das Sagradas Escrituras e das disciplinas conexas.
c) fazer que, com um trabalho preparatório, amadureça o julgamento da Igreja (DV 12) e que a Sagrada Escritura tenha um papel sempre mais ativo no estudo da Teologia, no ministério pastoral, no diálogo ecumênico, na sagrada liturgia e nas leituras dos fiéis.
NOSSA MISSÃO
A Palavra nos impele, o mundo nos desafia. Contemplando o zelo de Francisco pela obediência a Palavra, na Igreja, em vista da conversão e do testemunho, somos desafiados, evidentemente a uma espiritualidade e uma pastoral mais enraizadas no Evangelho. Em Francisco como já aconteceu em Maria, a Palavra continua seu processo de encarnação, por isso ele pode testemunhar o Filho de Deus, desde a pobreza da manjedoura até a morte na cruz. Num mundo com muito brilho e pouco discernimento a Palavra continua uma lâmpada para todos os passos[21], lâmpada que não impõe, se oferece e aquece quem a acolhe, tornando-os luminosos.
Somos desafiados a trabalhar:
a) uma equilibrada, coerente e simplificada veneração da Palavra de Deus (1 Cl 82). A valorização da Palavra não pode se resumir a teatros, beijos, velas e outros adereços. Ações irrefletidas com a Palavra depreciam a mesma.
b) Investir na Palavra de Deus como instrumento de conversão, isto é, para mudar a mentalidade, ajudar a abrir as mentes e corações para dimensões mais elevadas da condição humana. Mudar a mentalidade para orientar o desejo ou mudar o desejo para dar solidez à mentalidade. É grande o número dos que buscam, mas são confundidos, desviados ou iludidos.
c) Estabelecer foco na transformação pela Palavra de Deus. Nossa meta é que a encarnação do Filho de Deus continue em nós pelos séculos dos séculos.
Fica para nos o questionamento em vista de um aprofundamento: Como abordamos a Palavra de Deus? Como a tratamos? Que espaço e tempo dedicamos para que ela ilumine nossa vida? Somos, como Francisco, servos das odoríferas palavras do Senhor ou queremos que a palavra dele esteja ao nosso serviço? Damo-nos a ela para plantar ou a usamos para colher? Facilitamos ao povo o acesso a palavra e ao espírito dela?
[1] “Não leveis nem ouro nem prata, nem cobre nos vossos cintos, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado, pois o operário é digno de seus sustento” Mt 10,9-10.
[2] Igreja de São Nicolau que ficava a cerca de cem metros da casa de Bernardo.
[3] Ver Jo 1,35-51. Os discípulos, provavelmente André e João vão a busca de outros e os apresentam a Jesus, pois somente Jesus pode admiti-los em seus seguimento.
[4] Ser devoto é ser afeiçoado. O devoto é um fã, mas não fanático, sectário.
[5] Valdenses que ainda hoje persistem. Fundados por Pedro Valdo, um comerciante de Lyon que iniciou seu movimento por volta de 1174[ . Pedro encomendou uma tradução da Bíblia em linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou a sua atividade e aos bens, que repartiu entre os pobres. Os Valdenses afirmavam o direito de cada fiel de ter a Bíblia em sua própria língua, sendo esta a fonte de toda autoridade eclesiástica. Cátaros=puros: o catarismo foi um movimento cristão de ascetismo extremo entre os inicios do século XII e final do século XIII. O movimento foi tão forte no sul da Europa, especialmente da Fança, que a igreja Católica Romana passou a considerá-lo uma séria ameaça à religião ortodoxa. As principais manifestações do catarismo centralizavam-se na cidade de Albi, motivo pelo qual seus adeptos também receberam o nome de "albigenses". Desde o início de seu pontificado, o Papa Inocêncio III tentou usar de diplomacia para acabar com o catarismo, mas em 1208, seu delegado Pierre de Castelnau foi assassinado quando voltava para Roma depois de pregar a fé católica no sul da França. O Papa Inocêncio III declarou Pierre de Castelnau um mártir e lançou a Cruzada contra os Albigenses.
[6] O IV Concilio de Latrão (1215) ensina o quanto segue: “A conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo di Cristo, e de toda a substância do vinho no Seu Sangue. Esta conversão é atuada na oração eucarística, mediante a eficácia da palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo. Todavia, as características sensíveis do pão e do vinho, isto é, as espécies eucarísticas, permanecem inalteradas”.
[7] Ver Jo 13,1-3. Amou-os até ao extremo.
[8] Para tratar da relação de Francisco com a Palavra de Deus escolhemos especialmente sua Carta aos Fiéis na segunda recensão, escrita em 1225. A primeira e de 1221.
[9] Cf. Mt 28,20.
[10] Famoso pelo tempo de duração: 18 anos – iniciou em 1545 e terminou em 1563; pelo numero de papas que presidiram: Paulo II que o convocou, Julio III, Marcelo II e Pio IV que concluiu; pelo numero de decretos produzidos: 34; Pela força do assunto discutido: Reforma da Igreja Católica; pela polemica: combate à Reforma Protestante. O concilio de Trento foi tomado pelas afirmações dogmáticas e pela anatemização = excomunhão dos infiéis (anátema sit).
[11] Discurso de abertura da primeira sessão do Concilio feito pelo papa João XXIII.
[12] Esta é a afirmação de Dom Christopher Butler, que participou de todas as seções do Concilio Vaticano II e foi nomeado arcebispo de Westminster em 1963.
[13] Sendo Cristo Luz dos Povos, este Sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito santo deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja (LG 1).
[14] Segundo 1 Pd 1,3-5 a esperança viva é dom do Ressuscitado e garantia da plenitude.
[15] DV proêmio.
[16] Discurso de João XXIII na abertura da primeira sessão do Concilio Ecumênico Vaticano II.
[17] Idem e ibidem.
[18] Qualificativo dado por Francisco de Assis no exercício de sua missão pastoral, estendida a toda a humanidade (Carta aos Fiéis 2).
[19] Cf. 2 Cel 15. Como fez Francisco para o discernimento vocacional dos primeiros irmãos. Ver também 1 Cel 22 sobe o discernimento do modo de vida ou vocação de Francisco.
[20] Introduções e notas de roda pé.
[21] Sl 119,105.