Catatau
Por que essa soberba?
Você nasceu no campo
Em casa de taipa;
Agora, sobre tamancos
Não reverencia a humildade?
Por que esse orgulho?
Você dormia em rede de algodão,
Cosida por sua mãe;
Hoje exige cama e colchão
Em estilo de regalia.
Por que esse ar de doutor?
Você falava a língua da gente,
Com elegância e encanto;
ora, navega em outros mares
E gaba-se de saber javanês.
Por que essa boemia?
Você não reclamava de nada,
Comia do mesmo prato;
Agora, procura coisas afetadas
Em brindes de cristal.
Por que essa gabolice?
Você andava de jegue,
Comia a poeira da estrada;
Hoje, tira vantagens de aventuras
Em ilhas de corais.
Por que esse glamour?
Você era discreto,
Vivia singularmente;
Agora, nos palcos da fama
Alimenta-se de elogios e aplausos.
Onde está aquela singeleza?
Você, com roupas de xadrez,
Alpercatas de couro,
Simples, alegre e cortês,
Perdeu a originalidade natural.
Revisão:
Glória Maria Cordovani – Ordem Franciscana Secular
(OFS) – São Paulo/SP