Entre os dias 13 e 16 de novembro aconteceu na Aldeia Mãe Terra (área de retomada do Povo Terena) a 5ª Ipuxowoku Hou Koinukuõe – 5ª Grande Assembleia do Povo Kinikinau.
Povo Kinikinau é uma das etnias presentes no estado do Mato Grosso do Sul. Povo que por quase um século foi negada sua identidade cultural sendo considerados como pertencentes ao povo Terena. Porém, resistiram com suas especificidades como a língua, e práticas culturais próprias como dança e produção de cerâmicas. Além disso a memória e história oral faz com que esta etnia permaneça viva e reconhecendo sua própria forma de organizar e ser.
Em suas memórias e conhecimentos estão o próprio reconhecimento de sua terra sagrada e ancestral e que não está na posse deles. Assim a fala de uma das anciãs do povo Kinikinau, dona Zeferina, ao se referir a este povo diz que são “vasos que guardam sementes de vida para serem plantadas na nossa terra”. Com está fala forte e sinal da resistência desse povo que mora de favor em outras terras – seja do povo Terena seja do povo Kadiweu – a comunidade Kinikinau reafirma que a terra chamada Agachy é Kinikinau. Terra que está sobre a posse de fazendeiros e faz com que a comunidade Kinikinau seja estrangeira dentro do nosso próprio país.
A Assembleia fez memória das quatro anteriores, teve oficina de cerâmica Kinikinau, danças, discussões sobre a saúde e educação específicas e suas dificuldades, apresentações culturais e, o mais importante, esclarecimentos do Doutor Gilberto Azanha, antropólogo, que fez um estudo por pedido do Conselho do Povo Kinikinau demonstrando que o Agachy é Kinikinau através das falas dos anciãos e anciãs e dos documentos dos próprios brancos que demonstram os limites da terra Kinikinau e como aconteceu o processo de expulsão e negação desta etnia.
As discussões fizeram com que a Assembleia se mobilizasse para ir a Brasília cobrar da Funai e demais órgãos competentes o início dos estudos e criação do GT (Grupo de Trabalho) para a demarcação de suas terras.
Estiveram presentes diversos aliados dos Kinikinau nesta assembleia como representantes do povo Terena, e do Conselho do Povo Terena, representes do CIMI, da Funai, o doutor Gilberto Azanha.
Frei Klenner Antonio, franciscano capuchinho, indigenista, representou o JPIC (Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação) da província do Brasil Central na Assembleia e pode deixar o apoio e parceria dos frades junto a luta dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul e, de forma especial, do povo Kinikinau.
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Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Frei Klenner Antonio da Silva (Fraternidade Santo Antônio - Goiânia-GO)