FREI DOMINGOS COLLET: PARTE UM HOMEM DE FÉ E ALEGRIA
FREI DOMINGOS COLLET: PARTE UM HOMEM DE FÉ E ALEGRIA
*Rovilio Collet, irmão de Frei Domingos
Neste domingo, 02 de agosto, no dia do seu aniversário, aos 84 anos de idade e 64
anos de vida religiosa, faleceu FREI DOMINGOS COLLET, em Caxias do Sul, vítima de estágio
avançado de fibrose pulmonar idiopática. Esteve sob cuidados da Casa de Saúde dos Freis
Capuchinhos e recebeu, em seus últimos dias, visitas de agradecimento, prece e conforto
de familiares e amigos. Seu breve funeral - pelas circunstâncias de pandemia que vivemos -
e seu sepultamento foram realizados na cidade materna de Veranópolis, e acompanhados
(presencialmente e à distância) por freis, amigos e pela família.
Filho de Ângelo Eugênio Collet e de Amábile Mazzarollo Collet, Frei Domingos nasceu
na localidade de Chapadão, município de Paulo Bento, em data de 02 de agosto de 1936.
Aos oito anos de idade foi conduzido até Veranópolis, onde sofreu a sua primeira
cirurgia para tentar ajustar seu enfermo pé. Esteve hospedado na casa da tia Holanda
Rampazzo, onde ficou cinco meses de cama, recuperando-se do procedimento, andando de
muletas nos cinco meses subsequentes. Após esse período, seus avós maternos Alexandre
e Colorinda Mazzarollo e seus tios o receberam em sua casa. Passado breve tempo,
retornou para a localidade de Sanga Funda, município de Paulo Bento, à casa dos pais.
Em 1947, juntamente com seu irmão Avelino Alexandre ingressou no Seminário dos
Freis Capuchinhos, em Veranópolis. Avelino seguiu nos estudos, e Domingos - pelo seu
problema ortopédico - foi encaminhado para se tornar Irmão Leigo, religioso. Em 1954
esteve em Flores da Cunha fazendo um ano de noviciado, e em 1955 fez sua Profissão
Religiosa. Seguiu então para Caxias do Sul, designado para trabalhar na Gráfica e no Jornal
Correio Riograndense. Em 1959 trabalhou na Paróquia de Aparecida do Taboado, Mato
Grosso. Após, foi enviado para atuar em Hidrolândia, Goiás. E em 1963, retornou a
Veranópolis. Em 1964 foi transferido para trabalhar no Instituto de Menores, em Bagé,
onde permaneceu pelo longo espaço de tempo de 20 anos, instruindo crianças e jovens.
Depois disso foi escolhido para divulgar o Jornal Correio Riograndense e o Calendário
Antoniano, percorrendo estradas e visitando famílias por cerca de 10 anos nos Estados do
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Foi ainda Diretor dos seminaristas em
Maracajá/SC, e por quatro anos, Diretor dos Seminaristas, em Bagé.
Com o surgimento de trombose na perna, foi designado para trabalhar na paróquia
de André da Rocha/RS, onde visitava as famílias e os doentes, levando orientação espiritual,
abraço, palavras de conforto, fé, coragem e esperança. Depois de tantas idas e vindas e
passar por tantos deslocamentos de comunidades, em 2017 foi-lhe permitido gozar do
“Ano Sabático”. Esse tempo de descanso passou em nossa casa, em Erechim. Na
oportunidade foi submetido à cirurgia nas duas pernas. Findo esse ano, foi designado para
trabalhar na comunidade de Vacaria. E, em 2020, passou a atuar na comunidade de Nicolau
Vergueiro/RS, onde se encontrava até poucos dias.
Frei Domingos participou dos três grandes encontros festivos organizados pela
Família Collet: o primeiro em Xanxerê; o segundo em Erechim; e o terceiro em Veranópolis.
Por onde passava deixava sua mensagem de profunda fé, esperança e coragem para
todas as famílias que visitava. Em nome de Jesus Cristo, cumpriu a missão de verdadeiro
missionário. Foi um mensageiro do amor, da paz e confiança em Deus Pai, Filho e no
Espírito Santo, e da mais pura solidariedade para milhares de pessoas. Todos viam e
sentiam nele a presença de uma luminosa essência de divindade, na esteira de como
viveram os dois discípulos de Emaús, com a presença física de Jesus ressuscitado (Lucas,
24,13). Ele conseguia mudar e transformar as famílias para que partissem a viver uma vida
melhor, saudável, humana, próspera e feliz. Ensinava a viver uma “vida em abundância”
(João, 10,10). Frei Domingos foi “um profeta poderoso em ação e palavras” (Lucas, 24,19).
Seguindo o exemplo de Jesus, “andou por toda parte, fazendo o bem” (Atos dos Apóstolos,
10,38).
Diante de seu passamento diversos familiares e amigos manifestaram-se
entristecidos. Seu irmão Padre Fiorelo Collet escreveu: “Passou a vida fazendo o bem.
Milhares de pessoas gozaram da encantadora presença do mano Frei Domingos. Ele será
uma estrela no caminhar de nossas vidas”. O Padre José Carlos Sala disse: “Deixou marcas
indeléveis por onde passou. Era de um jeito afável, tranquilo e generoso em servir”. O
testemunho de sua sobrinha Ariane Collet foi: “Vivi momentos maravilhosos ao lado do tio
Dô. Homem de sorriso largo e muito espontâneo. O nosso alegre parceiro.” Já Raul Rossi
comentou: “Frei Domingos foi um religioso cuja vida sempre a dedicou intensamente a
servir ao próximo com grande espírito franciscano”. Seu irmão Avelino Alexandre Collet
expressou: “Viveu para servir com alegria, autêntica humildade e serenidade de espírito.
Foi um exemplo de profunda doação ao próximo. Foi um ser humano cristão, abnegado e
superior que transcendeu a todas as esferas no ato de viver. Foi um exemplo extraordinário
de doação na grande causa de servir ao próximo. O mano Domingos foi uma fonte
inesgotável de alegria e uma inigualável reserva moral”. Já seu sobrinho Rafael Collet, ao
comunicar à família a sua morte, disse: “Tio Dô cumpriu com bravura e exemplar humildade
a sua missão, o seu serviço e com genuína simplicidade. Foi um testemunho e exemplo da
mais profunda fé cristã. Ele é agora mais uma estrela na eternidade. Rogamos para que seja
recebido pelo coro dos anjos e acolhido pelo Pai de bondade e misericórdia, participando
da liturgia celeste. Repousa na luz e na paz”. A sobrinha Taciana Collet escreveu: “O tio Dô,
o sorridente, um ser humano de muita luz, que veio ao mundo para servir, cumpriu com
maestria sua missão nesta terra.” A também sobrinha Aline Collet proferiu: “Com certeza o
tio Dô foi e será nosso exemplo maior de amor incondicional, um ser de pura luz.” Carme
Collet, também sobrinha, disse: “O alegre e disposto tio Dô: mais um anjo no céu a nos
proteger.” As palavras da sobrinha Maria Eduarda Battiston foram: “Tio Dô. Pessoa
maravilhosa que contagiava a todos com sua energia.” Neusa Collet, também sobrinha,
manifestou: “As portas celestiais abriram-se e em festa receberam nosso querido tio Dô
que viveu nesta terra com alegria, otimismo, vitalidade e oração. Nossa mais nova estrela
cintilante no céu.” Andressa Collet, sobrinha, materializou seus sentimentos dizendo: “Que
possamos sempre permanecer com o seu sorriso único e gargalhada ecoando. Ele foi de
uma presença intensa em nossas vidas. E do alto continue irradiando a sua luz que tanto
nos marcou". Elias Bortoluzzi Collet, sobrinhho, disse: “Tio Domingos aprendeu e ensinou
muito sobre os caminhos do divino aqui na terra. Foi um homem muito atencioso e sábio.”
O sobrinho Adelino Collet agradeceu: “Tio Dô! Obrigado pelo exemplo, ensinamentos e pela
presença entre nós, cheia de alegria e de luz. No céu, mais uma estrela de muito brilho.” A
Irmã Maria Atília Collet também deu seu testemunho: “O primo Frei Domingos foi uma
pessoa fantástica, de fé, alegre e vivia em plena paz.” O amigo Eduardo Szynkaruk
manifestou: “Frei Domingos sempre demonstrou muito carinho e reconhecimento pela
cultura, música e tradições polonesas e grande amizade com todos os participantes do
JUPEM.” Mari Lourdes Bernardi demonstrou seu afeto: “Frei Domingos foi um ser especial,
de sorriso largo, gestos afetuosos e de um coração cheio de generosidade. Amei conhecê-
lo. Aprendi e cresci muito nessa convivência. Ficará eternizado no meu coração.”
Relembramos ainda algumas amáveis características de sua vida: adorava cantar, seja
nas celebrações, em roda ou ao redor da mesa entre familiares e amigos. Sabia muitas
canções do dialeto vêneto, e auxiliou a família na compilação e resgate de muitas delas -
hoje um tesouro. Ensinou à família um jogo de cartas chamado "Congelo", que até hoje é
febre nas reuniões familiares. Defendia com insistência a moderação: "precisamos nos
ocupar sem nos preocupar". Foi um homem do diálogo, da aceitação e do silêncio, evitando
conflitos. Instruía sempre ser a Igreja santa e pecadora. E foi devoto fervoroso do Divino
Espírito Santo - que, segundo ele, era quem intervinha inclusive nas decisões dos conclaves.
Tinha especial carinho pela natureza, pelos pássaros e pelo trabalho na terra, cultivando
hortaliças. Apreciava vinho, frutas e hortaliças, não tinha predileção por alimentos doces, e
albergava a surpreendente peculiaridade de já ter experimentado a carne de diversos
animais. Deitava-se cedo e acordava diariamente por volta das 5 horas para as suas
matinais caminhadas.
Imensa gratidão a Deus Pai por ter permitido que Frei Domingos cumprisse sua
missão de religioso capuchinho, fiel ao carisma franciscano e tendo prestado inúmeros
serviços à Igreja e à Ordem Capuchinha. Que o coro dos anjos, Deus Pai e Nossa Senhora
recebam o irmão para participar, por toda a eternidade, da liturgia celeste, repousando em
Sua luz e contemplando a Sua ternura e a Sua serena paz. Do plano superior, ele continuará
emanando e irradiando o seu amor aos familiares, amigos e para toda a humanidade. Após
ter convivido em muitas fraternidades, partiu deste mundo no dia em que a Igreja e a
grande Família Franciscana celebram a festa de Nossa Senhora dos Anjos – o Perdão de
Assis.
Domingos nos deixou um precioso legado: vibrar a alegria e buscar a saúde e um
mundo pacífico, maravilhoso que é. Era uma pessoa positiva, amável, divertida, agradecida,
sorridente, delicada no trato com as pessoas, de muito fácil relacionamento e com um
rosto inflamado de luz e brilho nos olhos. E buscava força nessas emoções positivas para
superar e transcender qualquer desafio ou dificuldade. Foi um filho, um irmão e um
companheiro
que todos quantos dele se aproximavam, sentiam e viviam a presença amorosa da suprema
Divindade. Era uma pessoa que valorizava a família, a casa, a convivência, a natureza, o
abraço, o afeto, o carinho - o que é um processo de vida que impacta, muda, transforma e
convence. Ao término de sua vida terrena, seguiu-se para ele - acreditamos, oramos e por
isto agradecemos - o nascimento de uma vida ainda melhor, nova, bela, de ainda mais luz.
Uma vida de paz, de suprema beleza, de inefável harmonia celestial e de eterno amor.
Erechim, 03 de agosto de 2020 – Rovilio Collet.