Vista Alegre do Prata, RS
Frei Adão Urbano Koakoski, franciscano capuchinho da Província do Rio Grande do Sul, faleceu dia 7 de outubro, às 19 horas, no Hospital da Unimed, em Caxias do Sul, por complicações após cirurgia de hérnia estrangulada. Completaria 86 anos de vida em 19 de dezembro próximo. Tinha 66 anos de vida religiosa e 60 de sacerdócio.
Nos últimos cinco anos era membro da fraternidade da Casa de Saúde São Frei Pio, de Caxias do Sul, onde, com saúde estável, recebia cuidados por problemas de refluxo gástrico. No último dia 29 de setembro foi hospitalizado para cirurgia de hérnia, tendo, após um quadro de complicações.
Na noite de quinta-feira, 7, o corpo está sendo velado na igreja da Casa de Saúde São Frei Pio, em Caxias do Sul, com missa às 7 horas de sexta, 8. Após, o corpo será trasladado para Porto Alegre e será velado durante o dia na capela do Convento São Lourenço de Bríndisi, no morro Santo Antônio. A celebração eucarística de corpo presente será nesta sexta, às 16 horas, na igreja matriz da Paróquia Santo Antônio do Partenon, e o sepultamento, na Capela Memorial dos Capuchinhos, situada junto ao Convento, na rua Paulino Claves 291, bairro Santo Antônio.
Registro
Frei Adão Urbano Koakoski nasceu em 19 de dezembro de 1924, em Vista Alegre do Prata. É o primogênito dos 14 filhos de Francisco Koakoski e de Mariana Grzebielucha Koakoski. Três de suas irmãs são religiosas da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Ingressou no Seminário de Veranópolis em 1938 e concluiu o ensino colegial em Marau. Os estudos filosóficos e teológicos foram em Garibaldi e Porto Alegre. Em 1942 fez o chamado “Tiro de Guerra”.
Em 1943 vestiu o hábito capuchinho em Flores da Cunha, onde fez o noviciado e, em 1944, fez a profissão na Ordem capuchinha. Foi ordenado presbítero na igreja Santo Antônio do Partenon, em Porto Alegre, dia 16 de julho de 1950, por Dom Vicente Sherer. Durante os estudos teológicos, foi do curso que fundou a revista “Lampejos Seráficos”.
Informações pessoais
Frei Adão foi bacharel e licenciado em Letras Clássicas pela PUC-RS, com formação em Orientação Educacional e Secretariado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí. Realizou também outros aperfeiçoamentos na área de orientação educacional, tendo participado de mais de 30 cursos e congressos na área de ensino comercial, da orientação educacional e da pastoral da saúde.
Como religioso e sacerdote, durante 27 anos (entre 1951 e 1978), atuou de forma simultânea na pastoral paroquial, no magistério, na direção e na secretaria de escolas. Em Soledade, de 1952 a 1961, foi professor, secretário e diretor do Ginásio São José e da Escola Técnica Frei Clemente.
Em Ijuí, entre 1962 e 1975, desempenhou múltiplas funções: professor no Colégio Estadual 25 de Julho, diretor do Ginásio Dr. Bozzano, orientador educacional do Ginásio Industrial, vice-diretor e secretário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e assessor para assuntos de legislação e ensino da Fidene.
Foi secretário da província dos capuchinhos do Rio Grande do Sul nos anos de 1976 e 1977, sendo que em agosto de 1977, Frei Adão deixa as atividades burocráticas e de magistério e volta-se para a Pastoral da Saúde e do aconselhamento. Durante 20 anos, enquanto as condições de saúde lhe permitiram, em Porto Alegre, foi capelão dos hospitais Parque Belém, Clínicas, Psiquiátrico São Pedro, Sanatório Partenon, São Lucas (PUC) e Mãe de Deus, residindo em diversas fraternidades da capital.
De 1977 a 1982 participou da equipe técnica da Pastoral da Saúde do Regional Sul-3 da CNBB. Por mais de 10 anos também foi o coordenador da Comissão Arquidiocesana da Pastoral da Saúde; e durante quatro anos, de 1988 a 1991, participou do Conselho Estadual de Saúde, representando a Pastoral da Saúde do RS.
A dedicação à causa dos doentes e ao “mundo da saúde” sempre foi motivo de satisfação para Frei Adão. Assim ele escreveu: “Nos albores da Ordem Capuchinha, o atendimento aos doentes, aos atingidos por epidemias, foi uma constante. Da mesma forma isto foi a marca da Província”. E acrescentou: “Durante os quase 50 anos de vida sacerdotal e também na vida religiosa não deixei nenhuma obra construída, mas estive presente em duas frentes que a província, em diferentes épocas, manteve: a educação e o atendimento aos enfermos. Devo ser grato a Deus, que me deu forças, aos superiores, que me orientaram, e aos confrades, leigos e religiosos com quem trabalhei, pelo apoio e compreensão que sempre me dispensaram”. (Manuscrito de 17 páginas, escrito em agosto de 1995).
Em sua estada em Porto Alegre, também foi capelão da Comunidade das Irmãs Paulinas, na Av. Aparício Borges, de 1987 a 1989; foi auxiliar na paróquia de Vila Nova, de 1977 a 1986, celebrando em Belém Velho, Rincão, Renascença e Vila Parque Belém. Nos anos 1990 também celebrava aos domingos na Paróquia de Nossa Senhora da Saúde.
Em 2003 veio a Caxias do Sul, tendo residido na Fraternidade São Maximiliano Kolbe e, desde 2006, na Casa de Saúde São Frei Pio. Nos últimos 30 anos teve várias internações hospitalares para procedimentos, cirurgias e cuidados cardíacos, circulatórios e pulmonares.
Em 1996 Frei Adão recebeu o título de Cidadão Honorário de Soledade, pelos relevantes serviços prestados ao município na área da educação. Em 1973 também foi condecorado com uma medalha pelo Consulado da Polônia Popular, de Curitiba, pelo esforço de fortalecer os elos entre os imigrantes poloneses e a pátria mãe. Em diferentes épocas de sua vida, desde 1963, participou e foi ligado às entidades e movimentos culturais da comunidade polonesa do Rio Grande do Sul, culminando com a celebração do centenário da imigração polonesa no RS, em Ijuí, em 1975. Durante 40 dias, em 1995 visitou a Polônia, a República Tcheca e a Itália. Ficou muito emocionado por ter podido falar com João Paulo II em polonês, por ter visitado os principais hospitais de Roma e conhecido como operam a pastoral da saúde, e por ter visitado os lugares franciscanos, em Assis.