Entre a Saudade e o Reencontro: uma experiência de Fé em plena pandemia
Entre a Saudade e o Reencontro: uma experiência de Fé em plena pandemia
Frei Liomar, OFMCap
Nas últimas semanas, vivendo num clima de pandemia causado pelo novo coronavírus, chamado pela comunidade cientifica de convid-19 (deste modo me refiro ao novo coronavírus, doravante será identificado por Convida -2020) tem se visto um verdadeiro tsunami em nosso Planeta Terra. Impressionante como tem feito a Terra parar. O baiano Raul Seixas, em 1977, compôs a canção: “O dia em que a terra parou”. Esta canção nos chega, quase, como sendo um alerta premonitório, pois, cinco décadas depois, exatamente, como descreve a canção, a Terra parou. O mundo parou e nele tudo parou, com exceção do Tempo, absolutamente senhor de si, que nos era escasso, de repente, nos sobra...
É exatamente neste tempo, tempo pandêmico, ironicamente, impõe-nos – logo a nós, seres de relações, sociais, no final, seres em constante dínamo, a ficarmos em casa – também, nós pararmos. Paramos de trabalhar, viajar, de visitar familiares e amigos, de ir à praia, ao clube, shows, de estudar na escola, na Universidade e quem diria, de ir à Igreja. O baiano disse e não acreditamos.
Entretanto, infelizmente, aconteceu a disseminação do novo coronavírus e o tempo, realmente, parou. Devido a ele, tenho muito ouvido falar em saudade. Saudade disto, daquilo. Saudade de tudo e de todos, inclusive de Deus. Busco neste textículo, apresentar uma reflexão pessoal sobre a relação entre a Saudade e o Reencontro como uma experiência de Fé em plena pandemia.
1. "Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor!" (Sl 84, 3)
A palavra do salmista expressa bem a atual situação em que estamos vivenciando e nunca experimentada por mim e nem pela minha geração, causada pela pandemia do convid-19, nos impondo um certo desfalecimento de nossa alma, causada pelo medo, pelas incertezas. E, mais ainda, este salmo traduz o sentimento muito bem conhecido pela humanidade e que punge dentro de nós a Saudade. Quem nunca sentiu saudade? A saudade tem o poder de nos fazer reviver o que nos foi agradável ao coração. Em outras palavras, a saudade tem a capacidade de presentificar o passado em nosso coração. Só podemos amar o que um dia já tivemos.
Na saudade, descobrimos partes de nós que ficaram para trás e as queremos de volta; queremos encontrar no futuro, aquilo que experimentamos, em algum momento, como alegria e contentamento, no passado, para que se torne presente.
Afirmam os especialistas em linguística, o sentimento da Saudade é melhor traduzido ou captado pelo nosso idioma, Português, cuja exteriorização é capaz de manifestar ao universo sua carga, não apenas sua fonética, mas, sobretudo, sua carga emocional. Talvez, por isto, nós, brasileiros, tenhamos buscado dizer, fazer, refazer a materialização deste sentimento nos escritos, poemas, canções, ditos, músicas, orações... Numa tentativa de expressar o inexplicável ou de arrancar do bojo do seu vocábulo a sua essência inesgotável.
Nesse tempo pandêmico, a saudade vem gradativamente tomando conta de nós, se impregnando em nossa derme. Saudade de abraçar, de acolher entre os braços e nos abraços aqueles que amamos, de trazê-lo para perto do peito. Quantos pais desejam manifestar afeto aos filhos, os avós aos netos, os tios aos sobrinhos, os enamorados aos seus amores, os sacerdotes aos seus fiéis e vice-versa! Saudade de transitar pelas ruas, de passear, de ir ao shopping, de estar com os amigos, de ir ao emprego para rever os colegas, de ir à Igreja, de ir à reunião de seu grupo ou da comunidade, de participar da Santa Missa e de comungar. É justo sentir a falta de quem amamos e do que nos faz bem. É sinal de que somos seres humanos, sinal de estamos vivos, é a prova de que amamos. Nós somos seres humanos e somos físicos, mais do que gostar precisamos do contato, do toque, do sentir. O nosso saudoso Rubem Alves, dizia: “Toda separação é triste. Ela guarda memória de tempos felizes (ou de tempos que poderiam ter sido felizes...) e nela mora a saudade”. Transcrevendo o salmo 84, 3: "Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor," e secundo a Rubem Alves, isto é, a saudade mora e se aninha, abrigando-se em nossa alma.
2. Aprender a dizer Saudade
Dizer saudade é muito mais que um simples gesto produzido pelo nosso buco-maxilar, mas exige um entrosamento, quase um enlace de conjunção entre corpo e alma; humano e divino, coração e boca. É imprescindível ao pronunciar o verbete “saudade” desprovido da inteireza do ser. O sentimento se torna como que conatural porque a palavra se apodera daquele que a pronuncia. Na verdade, a linguagem empresta sua vestimenta, a fim de que ela se paramente da oralidade, assim, tenha habilidade de manifestar o conteúdo do interior de quem a sente, dando-lhe materialidade e, sendo possível ser entendida e compreendida, partilhada e compartilhada, vivida, sentida e posta no escrito, no dito, numa tela de arte ou rosto expressivo dos atores.
Vem-me, São Tomás de Aquino, a meu ver, fez um ensaio do que seria a saudade: “é por si contrária ao prazer, mas pode acontecer um efeito per accidens da dor seja deleitável, como quando produz a recordação daquilo que se ama e faz perceber o amor daquilo por cuja ausência nos doemos”. E assim continua: “sendo o amor algo deleitável, a dor e tudo quanto provém desse amor também o serão." (ST I-II, 35, 3 ad 2). O Poeta lusitano, Fernando Pessoa definia-a tal como o Doutor Angélico, “Saudade é aquele complexo agridoce - dor gostosa; dor que não é pura dor, mas prazer; prazer que dói”. Na canção interpretada por Maria Bethânia, a Saudade mata a gente, nos diz: “Mas, agora meu bem foi-se embora. Foi-se embora e não sei se vai voltar. A saudade nas noites de frio. Em meu peito vazio virá se aninhar. A saudade mata a gente, morena. A saudade é dor pungente, morena”. A Saudade tem um toque que retoca a dor em nós.
É bem verdade, que somos intrinsecamente movidos por lembranças e recordações que nos mantém a chama acesa da nossa vivacidade. A saudade é uma ferramenta que nos faz bem, sobretudo, por nos fazer valorizar o que temos, o que somos e o presente que nos é ofertado como dom divino. O escritor Eckhart Tolle, em seu livro “O Poder do Agora”, nos apresenta: “...viver no AGORA é o melhor caminho para a felicidade e a iluminação. A vida é agora. Nunca houve um momento em que a sua vida não foi o agora, nem nunca haverá”.
Acredito ser o sentimento mais pertinente que paira na humanidade é a saudade. Pois, nos ensina a dar valor ao que verdadeiramente importa. Dentre tantos outros ensinamentos que a convida-20 nos trouxe, é a saudade a nos dizer: é hora de mudar, de compartilhar sentimentos, de ressignificar a vida, os saberes, os quereres, os comportamentos. É hora de retomar os valores esquecidos, como: valorizar a família, os amigos, as relações, de ser gente e de ser um ser humano melhor. É hora de ser grato a tudo e todos. É hora de reaprender a silenciar. Cardeal Sarah nos recorda: “Deus é silencio. O diabo é o barulho”. É hora de dialogar com a grande mestra, a solidão. É hora de encontrar tempo para si mesmo e para o outro. É hora de parar; parar de olhar fora, de acumular dinheiro, status, cifras, de ser o centro das atenções, de ser ególatra e soberano. É hora de pensar na humildade, na solidariedade, no perdão. É hora de fazer a mais longa e importante viagem, ir aos mais escondidos recônditos da nossa existência, finalmente, é tempo de exercitar o amor a si, ao próximo, à natureza e a Deus e à Igreja. Destarte, retomo, a maior lição que aprenderemos com esta situação pandêmica – causada pela pequenina molécula e grande na letalidade - é dar valor ao que verdadeiramente nos importa, graças à Saudade.
3. Graças à Saudade
Nestas últimas semanas, tenho lido e ouvido demasiadamente que os nossos fiéis estão sentindo saudades da Igreja por estarem fechadas; saudades de voltarem a receber a Sagrada Comunhão – por terem sidos orientados a participarem da Comunhão Espiritual, mediante as diversas transmissões pelas Redes Sociais. Sabe o escritor Rênnath Patterson tinha razão quando escreveu: “Deus criou a SAUDADE para aprendermos a dar valor naquilo que está distante”!
Ouço dos mais próximos, e, também, compartilho porque sinto saudade das celebrações com a presença física dos nossos paroquianos. Digo presenta física porque a espiritual ou intencional em cada celebração da Santa Missa, os trago em minha mente e em meu coração e, por meio delas, os presentifico em mim e na real presença Crística. Enfim, é notório sentirmos saudades! Uma frase atribuída às celebrações de finados calha nesse momento: “Que a saudade seja cultivada pela fé e pela certeza de que nos encontramos todos juntos na casa do Pai”, acréscimo meu: na nossa segunda casa, a Paróquia em que vivemos. Neste tempo pandêmico, faz um tempinho que não os vejo o que me faz lembrar de outra canção. Desta vez, do Zeca Baleiro, intitulada: “Ai que saudade D’ocê”: “Faz tempo que eu não te vejo, ai que saudade d'ocê”.
Esta situação saudosa do Divino em nós, do Sagrado que estávamos acostumados a encontrar sempre que desejávamos, lá estava Nosso Senhor de braços abertos e/ou no Sacrário aguardando a nossa visita. Este fato experimentado por nós me faz recordar do poema, “O coração disparado” de minha poetisa Adélia Prado. Eis o trecho: “Estou com saudade de Deus, uma saudade tão funda que me seca”. Neste tempo atual, quase inacreditável, se não fossem as estatísticas globais que revelam os números dos acometidos e dos falecidos. O que nos une, neste doloroso momento, para além do distanciamento e do isolamento sociais, é a saudade. Reaprendemos que a saudade também, é um sentimento de Deus. Jesus sentia saudade do Pai e para amenizá-la recorria à prática da oração. Trago-vos algumas citações: "Tendo despedido a multidão, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho" (Mt 14, 23). "Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus..." (Lc 6, 12-13). A Sua última palavra na Cruz é verdadeiramente uma oração: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46). Aliás, esta é a primeira oração que toda criança judia aprende.
Outras citações sobre saudade, na Sagrada Escritura: “Agora vocês estão angustiados. Mas, quando vocês tornarem, a me ver, vocês se alegrarão, e ninguém tirará essa alegria de vocês” (Jo 16,22). “Deus é minha testemunha de como tenho saudade de todos vocês, com a profunda afeição de Cristo Jesus” (Fl 1,8). “Porque, embora esteja fisicamente longe de vocês, em espírito estou presente e me alegro em ver como estão vivendo em ordem e como está firme a fé que vocês têm em Cristo” (Cl 2,5). “Portanto, meus irmãos, a quem amo e de quem tenho saudade, vocês que são a minha alegria e a minha coroa, permaneçam assim firmes no Senhor, ó amados!” (Fl 4,1). “Nós, porém, irmãos, privados da companhia de vocês por breve tempo, em pessoa, mas não no coração, esforçamo-nos ainda mais para vê-los pessoalmente, pela saudade que temos de vocês” (1Ts 2,17). “Deus, a quem sirvo de todo o coração pregando o evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como sempre me lembro de vocês em minhas orações; e peço que agora, finalmente, pela vontade de Deus, me seja aberto o caminho para que eu possa visitá-los” (Rm 1, 9-10). “Tenho muito que escrever a vocês, mas quis fazê-lo com papel e tinta. Contudo, espero visitá-los e falar com vocês de viva voz, para que a nossa alegria seja completa” (2Jo 1,12). “Quando me lembro dessas coisas, choro angustiado. Pois eu costumava ir com a multidão, conduzindo a procissão à casa de Deus, com cantos de alegria e de ação de graças em meio à multidão que festejava” (Sl 42,4). “Lembro-me das suas lágrimas e desejo muito vê-lo, para que a minha alegria seja completa” (2Tm 1,4).
A saudade é um sentimento natural e por assim dizer, divino e presente no coração de todos, homens e mulheres, criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 26). A saudade nos faz querer estar com as pessoas que amamos, partilhar nossas experiências, escutá-las, desfrutar do bom tempo e vê-lo transformar de efêmero em eterno.
A Sagrada Escritura nos educa: Deus nos consola na saudade! A saudade nos faz não apenas ou simplesmente, querer presentificar o seu objeto de permanência em nós, como também, nos leva a um gesto sublime, de rezarmos pelos nossos entes amados, inclusive, os oferecer na Santíssima Eucaristia que comungamos. Tudo isto, graças à Saudade!
4. A Teologia e a Poesia a nosso favor, traduzem nossa Saudade.
Para quem crer, toda a nossa existência e vivência da nossa catolicidade precisam ser vivida com o olhar fixo em Deus, assim nos ensinam os místicos. O que nos faz sentirmos saudades de Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus sentia tanta saudade de Deus que ela dizia: “Vem, ladrão, me roubar”. A saudade, neste tempo pandêmico, mais pungente e latejante em nós, é a de nos reencontrarmos com Jesus na Eucaristia, participar da Santa Missa e comungar o Seu Corpo e Seu Sangue. Como diz o bispo de Hipona: “Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti” (Santo Agostinho, Confissões, I, 1,1). Somente em Deus, o coração de todos, os homens e mulheres, sacia sua saudade e repousa em paz.
A poetisa ucraniana e naturalizada brasileira, Clarice Lispector, de modo translúcido e poético, nos transporta para o Banquete do Cordeiro Eucarístico: “Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas, às vezes, a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida”. Isto é comungar do Corpo e Sangue de Cristo e se tornar homens e mulheres eucaristizados.
Aprendi que não há divergência entre Teologia e Poesia. Uma, “é a ciência ou estudo que se ocupa de Deus, de sua natureza e seus atributos e de suas relações com o homem e como universo”. Em breves palavras, “Teologia significa um discurso sobre Deus”, conforme o teólogo Frei Honório Rito. A outra, consiste em um gênero textual que está ligado a diferentes áreas, como literatura, música, teatro, nas artes plásticas... A Poesia tem a função de expressar as emoções do eu lírico que desperta o enlevo, o sentimento de beleza, apreciação estética (https:/brainly.com.br). Ambas têm em comum o pensamento em relação a Deus (Criador e sua beleza) e o homem (Imago Dei). Para o filósofo M. Heidegger, o pensamento do ser é o modo original do dizer poético. Nele, a linguagem acontece como linguagem em sua própria essência [...] Dessa forma, teologicamente é certo dizer que sentimos saudades de Deus. O salmo 42, 3 ilustra e traduz a saudade e desejo nosso nesta época pandêmica: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” Neste encontro, há tentativa da nossa fragilizada humanidade em preencher o vazio existencial em nossa alma provocado pelo convida-20 que ocasionou o fechamento das Igrejas e o recebimento da Comunhão Espiritual.
São Jerônimo traz-nos o seu valioso contributo. Mesmo que na esfera da minha compreensão, que se pode haver uma perfeita junção entre Poesia e Teologia – salvaguardando as devidas proporções – nos ensinando: “Quando rezamos falamos com Deus, quando lemos a Sagrada Escritura é Deus quem nos fala”. Assim sendo, podemos rezar ou cantar; calar ou falar, pensar ou dizer estamos em sintonia com Deus. O Catecismo da Igreja Católica no n. 1156 e diz: “A Igreja continua e desenvolve esta tradição: “Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai e louvai ao Senhor no vosso coração (Ef 5,19). Quem canta, reza duas vezes”. Poeticamente, é uma forma de falar com Deus. E quando musicamos uma poesia estamos rezando duas vezes. Há uma linda canção neste Tempo Pascal que é uma verdadeira poesiaoração em forma de música, “Eu quis comer esta ceia agora. Pois vou morrer, já chegou minha hora. Tomai, comei, é meu Corpo e meu Sangue que dou. Vivei no amor! Eu vou preparar a ceia na casa do Pai.” Teologicamente, recorremos à Sagrada Escritura e ouvimos Jesus nos dizer no Evangelho de Lucas: “Ele disse: Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco”. (Lc 22,15). As duas, a Teologia e a Poesia, fazendo uso de um arcabouço com uma linguagem própria, respectivamente, nos conduzem a um só lugar: a saudade de Deus. Estão elas a nosso favor, prestando-nos a ser uma ferramenta de comunicação ad intra e ad extra neste tempo de incertezas e jamais, pensado por mim, nem pela minha geração e sem precedentes na história.
Recobro a consciência da fala em sala de aula do professor frei Jorge Rocha que insistentemente repetia: “Sem poesia não se faz Teologia”. Logo, a Teologia e a Poesia estão a nosso favor e traduzem nossa Saudade.
5. Duas provocações:
Permitam apresentar a sua etimologia. É oriunda do Latim provocatio, “provocação”, relacionada a provocare, “desafiar, chamar a si”, formada por pro, “à frente”, mais vocare, “chamar”. Agora, não querendo, mas já o fazendo, estou à vossa frente para provocá-lo. Mais do que isto, quero compartilhar minhas indagações a partir das leituras, dos WhatsApps recebidos, das conversas e partilhas entre nós, sacerdotes e frades, acerca dos nossos fiéis (e minha também) sentirem saudades de Deus vendo os nossos Templos paroquiais e as Catedrais com suas portas fechadas, a privação da participação dos paroquianos na Santa Missa e não recebimento da Sagrada Comunhão Eucarística, enfim, de nos reunimos na igreja como Igreja. Destas nascem duas provocações: Saudade na dose certa x Saudade como lição divina.
A) Saudade na dose certa
Permitam-me tratar a Saudade na dose certa como se esta fosse um medicamento. É papel dos Agentes da Saúde (Médicos, Farmacêuticos e Enfermeiros) indicarem a dose certa dos medicamentos. Eles sabem exatamente o que é esperado que aquele medicamento faça no paciente. Tanto em de termos dosagem quanto de efeitos colaterais. Mutatis mutandis, "mudando o que tem de ser mudado”, a saudade também carece de ser vivida na dose certa. Qual seria a sua dosagem certa? Quando esta, não nos rouba a nossa capacidade cognitiva. Sendo ela, “o mecanismo que o homem utiliza para entender, assimilar, relacionar e conectar-se com todo o universo ao seu redor, assim como com a sua divina essência, portanto, a mente é uma das ferramentas mais potentes, engenhosas e sublimes que permeiam o universo individual”, in artigo: “Capacidade cognitiva: uma venerável ferramenta humana”. (artigo publicado em 12.10.2009, no site pravda.ru).
Para tanto, a saudade mesmo que de “Deus” não tem o direito de lesar o conhecimento primário da fé – Deus é amor – o nosso Deus é um Deus Vivo. Portanto, nós, fiéis católicos, não podemos desembocar no fideísmo porque este não é um ato de fé maturo e consciente - e sim - um contra testemunho cristão, quando há uma tentativa pertinaz de desrespeito e atentado à Vida – dom precioso. O ato de desobedecer às autoridades da saúde ou tentar pressionar os Sacerdotes a abrirem as portas das Igrejas são sintomas de uma contaminação pela Saudade exacerbada ou fora da dose certa, no mínimo.
Todo cristão precisa salvaguardar o afastamento e o isolamento sociais por mais saudoso, custoso que venha a ser, por amor a si, aos outros e sobremaneira, por temor a Deus. O slogan “#fiquemcasa” é por amor e por respeito a si, ao outro e por obediência e temor ao Totalmente Outro. A nossa fé jamais permitirá que beiremos à orla do suicídio, homicídio ou genocídio, ao disseminar a morte, em detrimento à vida, mediante a propagação deste novo coronavírus por nós. A vida humana é valiosa em toda e qualquer circunstância, em todo e qualquer estágio de desenvolvimento e devido ao convida-20, se faz necessário, reafirmar em toda e qualquer idade.
A Saudade na dose certa, sem dúvida, é ficarmos em casa. Fiquemos em casa com algumas certezas da nossa fé. Eis algumas:
❖ A Igreja não está fechada. Apenas, está com suas portas fechadas, por razões anômalas, porque o tal vírus não escolhe lugar para não entrar e nem isenta classes sociais ou religiosas. Pois, na medida em que o vírus se dissemina, a morte também entra por porta adentro.
❖ Enquanto houver uma família em suas casas que rezem a Deus, façam suas orações devocionais, que invoquem Nossa Senhora e o auspício dos Santos e dos Anjos e Arcanjos, que assistem à Santa Missa pelas Redes Sociais, estamos provando ao mundo nas palavra de São Paulo que a Igreja nunca fechou: “Somos a Igreja do Senhor, e cada um dos batizados é um membro do Corpo de Cristo” (1Cor 12,27). E nunca fechará, pois, Aquele que é origem, fundador e fundamento, Nosso Senhor Jesus Cristo, nos assegura ao dizer a Pedro: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela"(Mt 16,18).
❖ De quarentena estamos nós, jamais, a Igreja. Como nos exorta o Santo Padre, o Pp Francisco: “Deus nunca está de quarentena”. A Igreja como mãe amorosa, sabedora, nessa época tenebrosa, que nos traz medo e incerteza, os Sacramentos, particularmente a Sagrada Eucaristia, mais do que nunca, nos são imperiosos e indispensáveis! A Santa Missa está sendo celebrada, privadamente, em nossas Capelas internas, nos Conventos, nas Igrejas e, ainda, nos estúdios das Emissoras Católicas. E por elas, Nosso Senhor se faz presente em nosso meio. Tenhamos sempre em mente do clássico binômio teológico: “A Igreja faz Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja”. Pois, a Eucaristia é a centralidade da Igreja.
❖ Saibam, também, nós, sacerdotes, estamos experimentando a saudade. Estamos isolados ou afastados dos nossos fiéis, celebrando a Santa Missa sem o nosso povo. Imaginem como nos dói. Aprendemos de Cristo, o Bom Pastor, que devermos cuidar das ovelhas a nós confiadas. Aprendemos que somos ordenados não para nós mesmos, mas para servir ao povo de Deus. “Todo sumo sacerdote, escolhido entre os homens, é constituído para bem dos homens nas coisas que se referem a Deus. Sua função é oferecer dons e sacrifícios para oferecer pelos pecados” (Hb 5, 1). Ao mesmo tempo, somos acalentados pela Sagrada Teologia, na Fórmula de Intenção que ensina a nós sacerdotes: “Na Missa, seu objetivo é louvar a Deus e a Igreja celeste, enquanto reza pela terrena, e em particular por todos aqueles que se encomendaram as suas orações, como também pelo bem-estar de toda Igreja Católica. Depois, ao rezar por todos os fiéis, o sacerdote pede que o Senhor conceda a ele e a todos: alegria com paz, mudança de vida, um espaço de verdadeira penitência, a graça e o consolo do Espírito Santo e a perseverança nas boas obras”. Padre Paulo Ricardo no escreve no artigo intitulado, “Sacerdotes exilados do povo” e recorda: “nós, sacerdotes, nos colocamos diante do Senhor em nome de nosso rebanho. É claro que os fiéis não estão presentes, mas, nós estamos, também, para representá-los”. Esta doutrina nos evidencia: sacerdote é designado para agir em nome dos homens perante Deus. Colocando-se diante de Deus, oferecendo-se por si e por todos, presentes ou não. Lembremo-nos: Tudo passa! A ausência dos fiéis é por uma questão de tempo, logo passará e estaremos todos juntos (párocos e paroquianos) num mesmo compasso: o coração de pastor com o coração dos fiéis. Porque nos é imprescindível à presença nossa junto aos nossos amados fiéis.
❖ Lembremo-nos do Beato Papa Paulo VI, na Encíclica Mysterium Fidei, n. 32: “Toda a Missa, ainda que celebrada privadamente por um sacerdote, não é ação privada, mas ação de Cristo e da Igreja. Esta, no sacrifício que oferece, aprende a oferecer-se a si mesma como sacrifício universal, e aplica, pela salvação do mundo inteiro, a única e infinita eficácia redentora do Sacrifício da Cruz. Na realidade qualquer Missa celebrada oferecese não apenas pela salvação de alguns, mas pela salvação do mundo inteiro”. Encontramos em vários documentos do Magistério esta comunhão doutrinal: Código de Direito Canônico, nos cc. 902, 904 e 906; na Exortação Apostólica do Papa Emérito Bento XVI em Sacramentum Caritatis, na Presbiterorum Ordinis entre outros...
❖ Valhamo-nos dos ensinamentos da Igreja, nossa Mãe, no que tange a comunhão espiritual quando assistimos às Santas Missas televisionadas ou radiadas. Abro um parêntese para recorrer à Irmã Santa Clara de Assis - a padroeira da televisão, porque ela, mesmo enferma e acamada em sua cela, teve a visão da celebração da Santa Missa – que por seu auxílio encontremos alento e esperança, força e coragem, ânimo e vigor ao vermos Jesus nas telas das nossas Tvs ou dos computadores, celulares, e Tablets e com Ele façamos a nossa Comunhão Espiritual.
❖ Recordemos da doutrina do Concílio de Trento, em seu decreto sobre o Sacramento da Eucaristia afirma: “para aqueles que, impossibilitados de receber sacramentalmente o Corpo de Nosso Senhor o recebem em Espírito, fazendo atos de fé viva e ardente caridade, e com um grande desejo de se unirem ao soberano Bem, e, por meio disto, se põem em estado de obter os frutos do Divino Sacramento” (Heinrich Denzinger – “Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral”).
❖ A Comunhão Espiritual é um ato de desejo interior, de plena e séria consciência de receber a Sagrada Comunhão e, mais especificamente, de se unir a Deus. Ela pode ser feita por palavras ou por pensamentos interiores que nos levam a uma íntima união com Jesus Cristo. Encontramos, ainda, amparo na Exortação Apostólica do Papa Bento XVI Sacramentum Caritatis, n.55: “Mesmo quando não for possível se abeirar da comunhão sacramental, a participação na Santa Missa permanece necessária, válida, significativa e frutuosa; nesse caso, é bom cultivar o desejo da plena união com Cristo, por exemplo, por meio da prática da comunhão espiritual, recordada por João Paulo II e recomendada por santos mestres de vida espiritual”.
❖ Conforme, a Sã doutrina Católica é indeclinável observar as disposições necessárias para obtenção dos frutos alcançados pela recepção da Comunhão Espiritual. A primeira, é estar em estado de graça, ou seja, ter confessado há pouco tempo. A segunda, “é preciso um ato de desejo de receber sacramentalmente a Cristo e de unir-se intimamente com Ele, este desejo consiste formalmente na Comunhão Espiritual. A terceira, é fazer uma petição fervorosa, pedindo ao Senhor que nos conceda espiritualmente os mesmos frutos e graças que nos outorgaria a Eucaristia realmente recebida”. (in Leonardo de Porto Maurício – “As Excelências da Santa Missa”). Muitos são os testemunhos dos nossos Santos que fizeram a Comunhão Espiritual e Nosso Senhor se dignou atender com milagres visíveis os piedosos desejos de seus servos, dando-lhes a comunhão ou por sua própria Mão, como fez à bem-aventurada Clara de Montefalco – padroeira de Montefalco, a Santa Catarina de Sena – padroeira dos enfermeiros, e a Santa Lidvina – padroeira dos patinadores; ou pela mão dos Santos Anjos, como aconteceu a São Boaventura e aos santos bispos Honorato e Firmino; ou ainda, mais frequentemente, por meio da augusta Mãe de Deus, que se dignou dar a comunhão ao bem aventurado Silvestre. Conforme, o site (pt.aleteia.org/2017/06/19/comunhão-espiritual). O Santo Padre, o Papa Francisco, na Capela da Casa Santa Marta tem rezado a oração da Comunhão Espiritual: “Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Amém!” (Oração de Santo Afonso Maria Ligório).
❖ Na “Ecclesia de Eucharistía” de São João Paulo II: “A Igreja vive da Eucaristia” e sem ela não pode existir. De forma real ou espiritual, devemos comungar sempre com o Senhor. A Eucaristia foi feita para os cristãos e os cristãos para a Eucaristia.
B) Saudade como lição de vida catequética
Um dos benefícios extraordinários que a pandemia nos trouxe neste cenário de cristãos saudosos de Deus, foi a saudade como lição catequética para vida do católico. Santo Tomás tem uma frase que me vem aguçadamente neste momento: “Deus não permitiria um mal, se dele não pudesse tirar um bem maior”. Este invisível ser tipificado como molécula viral, pegou-nos surpreendemente, de repente parou o mundo, mexeu com todos os seguimentos sociais, religiosos e culturais, deu uma guinada de 360 graus na economia global e está nos impondo a modificar a maneira de nos comportarmos nas nossas relações interpessoais e familiares. Diante dessa realidade - e agora compartilho - busco focar meu entendimento a partir do prisma da fé, por ser um homem religioso, a fé é o meu dado primeiro, tornando-se o embasamento da minha reflexão. Logo, a Saudade como lição catequética na vida do católico, ocorre como uma divina oportunidade ou seria um Kairós que devemos aproveitar para deixarmos ser “RE-educados” na vivência da nossa catolicidade.
Aqui não caberia dizer que devemos cultivar mais a nossa vida de oração, pedir mais perdão e perdoar, rezar em e com a família, ou ainda, um movimento de voltar-se para Deus pelo medo eminente da morte. Não! Estas ações religiosas se não, já deveriam estar impregnadas em nós. O novo coronavírus nos trouxe à tona uma realidade que muitas vezes negligenciamos: o real preceito de guardarmos o Domingo e Dias de Festas. Estes estão baseados biblicamente no Decálogo (Ex 20, 02ss) e no Catecismo da Igreja Católica, nos Mandamentos da Igreja (§2042). Este ensinamento doutrinal nos educa a santificar o dia da Ressurreição do Senhor, as festas litúrgicas em honra dos Mistérios do Senhor, da Santíssima Virgem Maria e dos Santos, em primeiro lugar, participando da Celebração Eucarística, em que se reúne a comunidade cristã, e se abstendo de trabalhos e negócios que possam impedir tal santificação desses dias (Código de Direito Canônico, cc. 1246-1248).
Na minha humilde experiência pastoral, nestes quase dezenove anos de sacerdócio, posso assegurar que muito me espanta constatar a negligência dos fiéis católicos na observância deste 3º Mandamento do Senhor Nosso Deus e 1º Mandamento da Igreja, nossa Mãe e Mestra.
A “Eucaristia é “fonte e centro de toda a vida cristã” (LG,11) ensinou o Concílio Vaticano II. “Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na Santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa” (PO,5 e CIC nn. 897-904). Entretanto, sinto que existe uma certa consciência corrompida por parte de muitos cristãos que de certo modo “barganham a Santa Missa”. Relativizam o preceito tacitamente divino de guardar Dies Domine – Dia do Senhor – e os dias de Guarda. São muitos afazeres, muitas programações, festas, churrascos, passeios, lazer... Mas, para muitos Deus e a Sua Igreja estava em planos inferiores. Vivíamos apressadamente, buscando desenfreadamente atender os chamados das vozes do mundo. “Amando a Deus nos tornamos divinos; amando ao mundo nos tornamos mundanos”, nos educa Santo Agostinho.
Entretanto, encontravam cerrados os ouvidos de muitos para escutar, na suavidade da existência, a voz de Deus. Bastava ter um feriado ou um recesso trabalhista para as Igrejas esvaziarem. Os bancos registravam as ausências, traduzindo o descaso com Deus e com o Banquete Celestial. Por assim dizer, alimentavam-se uns poucos e os anjos do Céu. Surpreendentemente, o convida-20, nos faz a saudade tomar conta de nós, fazendo-nos desejar ir à Igreja e não podemos; comungar e não temos como; de participarmos presencialmente da Santa Missa e não vamos... Foi preciso um vírus para descortinar a nossa real necessidade de Deus e de Sua Igreja. Quando tínhamos à nossa disposição, muitas ou mais vezes, negligenciamos e não fomos e nem comungamos. Agora, é a vez de Deus: Deus que se escondeu de nós. Claro, óbvio não por medo do vírus, mas para nos dar uma lição! Lição catequética: Sem Deus nada somos! Como disse Santo Agostinho: “Ele se esconde, porque quer ser procurado”. Ele nos dizia todos os dias: “Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco” (Lc 22,15). E nós fomos? Correspondemos ao seu preciso desejo? Fomos fiéis na escuta desta grande declaração de amor? Somos assíduos no atender a Nosso Senhor? Parafraseando a canção: Saudade já tem nome de Jesus! Como nos tem doído ficar sem ir à Igreja. Como dói ficar sem comungar. Como nos dói celebrar sem o povo e como dói ficar sem receber a Sagrada Comunhão Eucarística.
Ah, Senhor, como dói! Como nos dói a sensação do desalento pela falta que a nossa Mãe, a Igreja, nos faz neste momento de incertezas e medo. Bons tempos aqueles... Corríamos para os braços da Igreja para encontrarmos com Cristo, a rezar diante da Imagem de Nossa Senhora ou do nosso Santo padroeiro. Quanto consolo! Quanto alento! O Papa Emérito Bento XVI, disse: “A Igreja, portanto, desde o início é o lugar da fé, o lugar da transmissão da fé, o lugar onde, pelo Batismo, se é imerso no Mistério Pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, que nos liberta da escravidão do pecado, nos doa a liberdade de filhos e nos introduz da comunhão com o Deus Trinitário” (Discurso na Praça de São Pedro, em 31 de outubro de 2012).
Senhor, muito obrigado pela saudade. Saudade na dose certa e esta, nos dá a lição catequética: é hora de procurar a Deus para fortalecer a nossa fé e a nossa caminhada.
6. Considerações Finais
Inicio essas considerações finais, trazendo o filósofo francês Sartre, pois este tem uma lapidar expressão que arranca de mim o sentimento que precisamos ter diante da realidade pandêmica que se nos apresenta. Ele disse assim: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você."
Paremos para reler. Ruminemo-la. Para nós, Católicos, esta frase tem muito a nos dizer. E nos diz: não importa novo coronavírus e suas implicações, não nos deixemos abater, não lamentemos as dores, a solidão, o desespero e a angústia saudosa. Mas, vivamos com esperança. Deus é a esperança para nossa Saudade. Deus é a esperança da e para a nossa vida. O importante é olharmos de onde estivermos para Deus. Deus está presente. Sua Igreja está viva e está presente. Em cada Eucaristia celebrada Cristo está presente. Lembremo-nos, na Eucaristia está a presença salvífica de Cristo Morto e Ressuscitado, no meio do seu povo. Ele quis permanecer conosco até o fim e o fim, ainda não chegou.
Por esta sublime razão, olhemos a vida com esperança como oportunidade de revermos nos caminhada de fé, de revermos como peregrino nesta terra e que a nossa pátria definitiva é a celestial, de revermos nossas atitudes na família e na sociedade. Vejo que é hora de reaprender a posicionarmos Deus na centralidade em nossa vida, a priorizar os Domingos e Dias de Guarda, reservando-os a Deus. É hora de sermos uma Igreja viva, dinâmica, acordada no Espírito, uma Igreja reformada pela saudade de Deus. É hora de repensar nossa atitude com relação as nossas negligências com fé e em relação aos nossos irmãos. É hora de aprendermos que sozinhos não seremos felizes. É hora de reaprender a lidar com o econômico, com o lucro. É hora de entendermos que precisamos olhar para o nosso planeta com amor e respeito. É hora de rever o tudo e o nada em nós na nossa cotidianidade... Enfim, é hora - e é agora - para que nunca, nunca mais tenhamos que usar a expressão do salmista "Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor!" (Sl 83).
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Referências
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Livro Digital
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