Necrologia

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Frei Cirino Primon (João)

20/08/1920
01/07/1996

Sacerdote.

Nasceu no dia 20 de agosto de 1920 em Getúlio Vargas/RS. Filho de Virgínia Bosa e José Primon.

  • Ingressou no Seminário no dia 10 de junho de 1932 em Veranópolis/RS.
  • Profissão Temporária no dia 06 de janeiro de 1938 em Flores da Cunha/RS.
  • Profissão Perpétua no dia 19 de setembro de 1941 em Garibaldi/RS.
  • Ordenação Diaconal no dia 19 de setembro de 1943 em Garibaldi/RS.
  • Ordenação Presbiteral no dia 13 de agosto de 1944 em Garibaldi/RS por Dom José Baréa.

 

Na Província do Rio Grande do Sul trabalhou em Vila Ipê, por um ano, seguindo, após para as missões, juntamente com Frei Amadeu Semin, em Portugal e Angola (por 23 anos).

Em 1970 integrou-se à Província do Brasil Central e trabalhou em Campo Grande/MS, Brasília/DF, Ceilândia Sul/DF, Rio Verde de Mato Grosso/MS e Coxim/MS.

Faleceu no ano de 1996 em acidente de carro na BR-163, próximo a Bandeirantes/MS, motivado por espessa fumaça de queimadas. Foi sepultado em Coxim/MS. Posteriormente seus restos mortais foram transferidos para Rio Verde de Mato Grosso/MS.

Estava com 76 anos, 58 de vida religiosa e 52 de Presbítero.

Frade severo e pobre consigo mesmo, mas bondoso, compreensivo com os mais necessitados, sacerdote decidido, empreendedor, bom administrador, zeloso na assistência religiosa ao povo que lhe era confiado.

Frei Epifânio A. Menegazzo

27/07/1906
01/07/2002

Frei Epifânio nasceu em Limeira no dia 27 de julho de 1906. Seu nome de batismo e civil era Antônio Menegazzo. Era filho de Agostinho Menegazzo e Letícia Cia. Foi batizado na igreja de Vila Americana, Tatu, em Limeira, aos 1º de setembro de 1906 e crismado na mesma igreja no dia 10 de fevereiro de 1909. Fez a Primeira Eucaristia na igreja de Santana, São Paulo, em setembro de 1915. Cursou os primeiros estudos no Grupo Escolar de Santana, em São Paulo.

Vocação adulta

Entrou para o Seminário São Fidélis de Piracicaba aos 29 de janeiro de 1930, com 24 anos de idade. Sua profissão era seleiro. Tinha uma selaria num sobradinho atrás da Estação Sorocabana em São Paulo.

Noviciado e profissão

Vestiu o hábito franciscano capuchinho, iniciando o noviciado no convento Sagrado Coração de Jesus, em Piracicaba, no dia 21 de fevereiro de 1932. Foi seu Mestre Frei Felicíssimo de Prada. Fez a profissão temporária perante Frei Jacinto de Prada no convento de noviciado, no dia 26 de fevereiro de 1933. Emitiu a profissão perpétua perante Frei Salvador de Cavêdine, no convento São José de Mococa, aos 1º de março de 1936.

Filosofia, Teologia e Ordenação

Estudou Filosofia em Piracicaba, Mococa e São Paulo, nos anos 1933 a 1935 e Teologia em São Paulo e Mococa, nos anos 1936 a 1939. Recebeu a Primeira Tonsura e duas Ordens Menores conferidas por Dom Alberto José Gonçalves, em São José do Rio Pardo, aos 17 e 18 de agosto de 1937 e as outras Ordens Menores conferidas por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo no dia 6 de março de 1938. Foi ordenado Subdiácono aos 11 de junho de 1938 e Diácono por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo aos 24 de setembro de 1938. Recebeu a Ordenação Sacerdotal pela imposição das mãos, de Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo, no dia 8 de dezembro de 1938.

Mestre de Noviços

Concluídos os estudos em novembro de 1939, aos 7 de dezembro foi ser Vice-Mestre de Noviços no convento Santa Clara de Taubaté. Dois anos depois, em dezembro de 1942 foi nomeado Mestre de Noviços. Por oito anos desempenhou este serviço até dezembro de 1950, sendo nomeado Guardião do convento Santa Clara em Taubaté. De novembro de 1952 a dezembro de 1960 foi Mestre de Noviços em Barcelos, Portugal. De junho de 1955 a junho de 1958, Assistente do Comissário Geral de Portugal e Vice-Guardião do convento. Anos mais tarde, de 17 de janeiro de 1963 a 17 de janeiro de 1964, desempenhou outra vez o serviço de Mestre de Noviços, no convento Santa Clara, em Taubaté. Prestou serviços no noviciado por 20 anos, 3 como Vice-Mestre e 17 anos Mestre de Noviços.

Guardião e Pároco

Frei Epifânio foi Guardião em Taubaté nos anos 1951 e 1952. Em Marília foi Guardião e Pároco, de 1964 a 1969. Em Penápolis, foi Guardião e Pároco de 1975 a 1978.

Outros conventos e paróquias

Além do serviço de Mestre de Noviços, Guardião e Pároco, Frei Epifânio trabalhou em São Paulo, Imaculada Conceição, Piracicaba, no convento Sagrado Coração de Jesus, Santo André, Botucatu e Santos. Em todos estes conventos e paróquias foi Vigário Cooperador, confessor, orientador espiritual e sempre disponível para qualquer atendimento pastoral.

Obediência derradeira

Desde 1985 residia em Taubaté. Participou do último Capítulo Provincial no Seminário São Fidélis, de 13 a 16 de novembro de 2001. No início de 2002 foi para a Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, em Piracicaba, para tratamento de saúde. Aí recebeu a obediência derradeira, o chamado de Deus para a vida na eternidade. Frei Epifânio faleceu na Santa Casa de Piracicaba no dia 1º de julho de 2002, às 2 horas e 10 minutos da madrugada. O atestado de óbito deu como causa da morte: Septicemia, Arritmia Cardíaca, Broncopneumonia. Foi velado na igreja do convento Sagrado Coração de Jesus. Às 10 horas foi celebrada uma missa exequial. Seu corpo foi transladado para Taubaté a pedido de seus familiares.

Às 15 horas do dia 1º de julho, na igreja do convento Santa Clara, foi celebrada a missa exequial presidida por Dom Carmo João Rhoden, SCJ, Bispo diocesano de Taubaté, concelebrada pelo Ministro Provincial, Frei João Alves dos Santos, por vários sacerdotes capuchinhos, sacerdotes diocesanos, com participação dos pós-noviços, postulantes, grande multidão de fiéis, amigos e familiares. Após a celebração exequial, o corpo de Frei Epifânio foi sepultado na capela dos Frades Capuchinhos, no cemitério ao lado do convento Santa Clara, em Taubaté.

Estimado Confessor e Diretor Espiritual

Frei Epifânio era muito estimado como confessor e orientador espiritual, sendo considerado Pai Espiritual pelos fiéis, pelos sacerdotes e religiosas. Foi homem de verdadeira experiência de Deus em fervorosas e continuas orações.

Austeridade de vida

Viveu uma vida de austeridade mostrada em rigorosas abstinências, jejuns e práticas penitenciais, sendo prudente e zeloso com a saúde pessoal e dos outros. Manifestou austeridade na vida de pobreza e obediência. Até o fim da vida, em tudo dependia da obediência aos Superiores.

Gostava de fazer suas férias nos conventos da Província. Celebrava a santa missa de manhã ou nos horários permitidos, tomava refeições, lavava suas roupas pessoais e passava o dia na cela em oração.

Nos conventos onde morou era assim que vivia estando sempre atento ao chamado do porteiro ou ao toque da campainha para o pronto atendimento às confissões ou aconselhamentos na sala conventual.

Comprendia o trabalho como dom divino. Na segunda-feira, dia de folga para o descanso, ele atendia confissões, às vezes, o dia inteiro. Jamais se negava ao atendimento de quem o procurasse. A quem o questionasse sobre o cansaço respondia: “Se Deus me envia trabalho é porque sabe que darei conta”.

Apaixonado pelo Evangelho e por São Francisco

Nos Capítulos e Assembléias Provinciais, nos encontros regionais, reciclagens e retiros da Província, fazia eloqüentes intervenções em que demonstrava amor apaixonado pelo Evangelho, tendo como modelo nosso Seráfico Pai São Francisco ao escrever: “A Regra e Vida dos Frades Menores é esta: observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade” (RB, Cap. I).

Em suas cartas e anotações pessoais afirmava com segurança que os Reitores, Diretores de Estudantes, Mestres de Noviços e frades nos conventos deviam ser exemplos vivos do Evangelho, da Regra e das Constituições, como fez São Francisco, Santa Clara e um exuberante catálogo de santos franciscanos e capuchinhos. Nas afirmações orais e escritas, com freqüência, fazia citações do Evangelho e das Cartas dos Apóstolos.

Escreveu e publicou “Opúsculo” sobre a vida de São Francisco, por ocasião do jubileu de sua morte (750 anos), mais uma novena de São Francisco de Assis.

Exemplo de vida capuchina

Frei Epifânio foi um exemplo vivo de simplicidade e alegria franciscana capuchinha. Acreditava e confiava na Providência Divina. Para ele, Deus, o único e supremo Senhor, é tão bom que liberta de todas as preocupações da vida aqueles que se põem ao seu serviço e se abandonam à sua Providência Divina. Nunca se deixava levar pela angústia. Não se inquietava, nem se afligia, mas “buscava em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6, 33).

Os problemas da vida não lhe tiravam a alegria de viver. Acordava muito antes dos outros confrades, tomava seu suco de laranja e se dedicava ao seu cultivo espiritual nas primeiras horas da manhã. No convento onde morava e nos outros onde se realizavam encontros fraternos, era o primeiro a comparecer ao coro, à capela para o Ofício Divino e orações da comunidade.

Era muito compreensivo diante das mudanças provocadas pela renovação da Igreja e pelo progresso do mundo atual. Tinha capacidade de abertura ao novo, ao diálogo e de respeitar o diferente sem perder o que para ele era essencial. Participava intensamente de todos os eventos programados e de todos os encontros fraternos da vida da Província.

Gostava de futebol

Sem nenhum prejuízo para sua vida austera de observância regular, de orações e santas meditações, acompanhava o esporte de futebol. Conhecia tudo sobre times, jogadores, técnicos, árbitros atuais e antigos, sendo grande torcedor, especialmente da seleção brasileira quando havia copa mundial. Vibrava quando o Brasil ganhava e sofria com as derrotas. Não pôde torcer na copa de 2002 porque seu estado de saúde não permitia e foi comemorar o “Penta” no céu.

A cura pelo limão

Deixou uma pasta com muitas receitas de medicina caseira, tiradas de revistas, jornais e pequenos impressos. A principal delas, por ele fielmente utilizada, é a cura pelo limão, útil para tantas doenças, desde a simples gripe ao pior dos males. Acreditava que o limão é o remédio da longa vida, prolonga a juventude e afasta a velhice, rejuvenescendo as células do sangue e tecidos.

Frei Epifânio viveu 95 anos e 11 meses de idade. Faleceu no dia 1º de julho de 2002. No dia 27 do mesmo mês completaria 96 anos, sendo 69 de vida religiosa na Ordem Franciscana Capuchinha, 63 anos e 7 meses de ministério sacerdotal.

(Cf. “Vida Freterna” nº 237, 357 e 401. “Regra e Vida” nº 106, pag. 236-238).

Frei Joaquim Dutra Alves, O.F.M. Cap.

Frei Mauro Vellozo Rodriguez

15/12/1937
01/07/2012

* 15.12.1937, Ibirá-SP

+ 01.07.2012, Curitiba-PR

Frei Mauro, filho de Joaquim Vellozo Jú­nior e Maria Rodrigues, nasceu em Vila Ventu­ra, município de Ibirá- SP, diocese de Rio Pre­to, aos 15.12.1937. É o primogênito dos 8 ir­mãos. Foi batizado aos 31.12.1937 na igreja matriz São Sebastião de Ibirá e crismado aos 08.05.1938 em Vila Ventura, também diocese de Rio Preto- SP, por Dom Lafayete Libânio. Recebeu a 1a Eucaristia aos 13.12.1949 na paróquia Santa Luzia, em Ibiaci, município de Primeiro de Maio-PR.

Vida escolar - Fez o curso primário em Vila Ventura. De 1968 a 1969 cursou Madureza Ginasial no Colégio Estadual do Paraná. No Ensino Médio, estudou Contabilidade (1970-1971) em Siqueira Campos, concluindo-o em 1973, no Colégio São Francisco de Assis, em Curitiba. Estudou Filosofia e Teologia (1974-1977) em Ponta Grossa, concluindo em 1978 a Teologia no ITESC, em Florianópolis-SC. Cursou Espiritualidade Franciscana no CEFEPAL, em Petrópolis no ano de 1984. Em 1993 bacharelou-se em Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo. Fez Especialização em Teologia Espiritual no IFEAL, em Bogotá, Colômbia, em 1994 e1995.

Formação Capuchinha - Participando das missões pregadas pelos nossos missionários capuchinhos, despertou nele o desejo de ser também missionário e sacerdote como eles. Mas como já estava com 20 anos de idade e somente com o estudo primário, inicialmente tornou-se Religioso Irmão. No dia 26.12.1957 chegou ao convento de Butiatuba-PR. No início do ano seguinte foi a Engenheiro Gutierrez, no Seminário São José, junto ao Seminário Santa Maria, onde fez o postulantado. Recebeu o hábito capuchinho aos 10.02.1959 em Siqueira Campos, com o nome de Frei Marcelino de Ibirá, sendo mestre de noviciado Frei Barnabé de Guarda Vêneta. Emitiu os votos temporários em Siqueira Campos, aos 11.02.1960, sendo o celebrante Frei Casimiro de Orleans e os votos perpétuos na Igreja das Mercês, aos 11.02.1963, sendo celebrante Frei José Vitalino GalvaNossa

Como religioso trabalhou nestes lugares: Engenheiro Gutierrez (1960-1962), Ponta Grossa, convento Bom Jesus (1963-1969), Siqueira Campos (1970-1971), Butiatuba (1972), Ponta Grossa, convento Bom Jesus (1973-1977). Nestas fraternidades atuou como alfaiate, porteiro, sacristão, esmoler, vice-superior, vice- reitor, ecónomo local e na pastoral.

Sacerdote - A partir do Concílio Vaticano II os Irmãos que quisessem, poderiam tornar-se padres, desde que cursassem Filosofia e Teologia. Frei Mauro aproveitou a oportunidade e pos-se a estudar. Enquanto estudava o 3° ano de Teologia recebeu os ministérios de leitorado e acolitado aos 17.04.1977, sendo celebrante Frei Clemente Vendramim. Dom Geraldo Micheletto Pellanda, bispo de Ponta Grossa lhe conferiu o diaconato, aos 14.08.1977 e o sacerdócio aos 04.12.1977, ambos na Igreja Bom Jesus, em Ponta Grossa. Celebrou a 1a missa em Presidente Castelo Branco-PR, aos 11.12.1977.

Como sacer­dote trabalhou nas seguintes loca­lidades: Florianó­polis (Trindade)

(1978-1979) cur­sou o 4° ano de teologia. Atuou como vigário e ecónomo local e vigário cooperador;

Ponta Grossa, Imaculada (1980-1982), Missionário Popular; Irati, Paróquia (julho a dezembro de 1983) vigário cooperador; Petrópolis (1984) Espiritualidade Franciscana no CEFEPAL; Siqueira Campos (1985-1988), pároco; Ponta Grossa, Bom Jesus (1988-1993), pároco e professor; Colômbia, Bogotá, (1994-1995), Especialização em Teologia Espiritual no IFEAL; Curitiba, Paróquia das Mercês, (1996-1998), vigário paroquial; Curitiba, Casa de Oração (1998-2002), assis­tente regional da OFS, cursos, retiros, professor; Curitiba, Santuário São Leopoldo (2003-2005), cursos, retiros professor; Siqueira Campos (2006-2012), Gerente da Rádio Bom Jesus Cana Verde FM, vigário paroquial, professor, pregador de retiros.

Lecionou as disciplinas Vocação Francis­cana, Regra Franciscana, Fontes Franciscanas e Espiritualidade Franciscana aos nossos aspirantes e Freis. Ministrou muitos cursos aos leigos e religiosas. Foi assistente espiritual da OFS. Dedicou-se, com muito afinco, a pregar retiros para religiosas/os e leigos. Em três anos (2001-2003), por exemplo, pregou mais de 70 retiros, todos anotados em sua agenda pessoal. Para isso, fazia longas viagens, enfrentando-as, no final da vida, com problemas fortes de saúde.

Meios de comunicação - De 2005 até sua morte (2012), assumiu com decisão a Rádio Bom Jesus AM de Siqueira Campos e, mais tarde, fundou, em parceria, a Rádio Genoa FM. Renovou completamente os estúdios e apa­relhagem da Rádio Bom Jesus. Enfrentou lutas e dificuldades em obter autorizações dos Ministérios Públicos para aumentar a potência da Rádio Bom Jesus e instalar a Rádio Genoa FM, com moderna aparelhagem. Melhorou sensivelmente as antenas de transmissões. Abriu novos campos de evangelização pela Rádio. Embora não fosse técnico em radio-transmissão, demonstrava-se en­tusiasta, dinâmico e lutava para alcançar seus objetivos.

Apreciações - Durante a Missa Exequial, o celebrante Dom Frei Cláudio Nori Sturm fez estas e outras considerações sobre o falecido: 1. Passou pela purificação do sofrimento e está na glória de Deus; 2. Assumiu os trabalhos com muita dedicação; 3. Levou muito a sério todos os trabalhos que lhe foram confiados; 4. Ajudou muitas pessoas com seus retiros a se encontrarem sempre mais com Cristo;

5. Sorriso largo, meigo, gargalhadas agradáveis; 6. Olhava as coisas mais positivamente, embora aparecessem complicadas; 7. Um grande confrade, amigo e companheiro.

O Ministro Provincial (Frei Cláudio Sérgio de Abreu), entre suas considerações, acentuou: 1. Estamos celebrando a vida de nosso irmão Frei Mauro; 2. Somos gratos pela sua vocação e pela generosidade à qual respondeu; 3. Colocou-se de maneira aberta para servir o Reino de Deus e os irmãos; 4. Freis, religiosos/as tiveram a graça de crescer um pouco com suas lições, orientações, palestras, direção espiritual; 5. Conhecemos muito bem seu dinamismo e deter­minação, que constatamos também nos momentos de calvário e sofrimento; 6. Mesmo nos últimos meses de sua vida, era uma pessoa de sonhos, com vontade de realizar tantas coisas; 7. Deixa um testemunho de paz, de amor, de dedicação naquilo que queria fazer e realizar; 8. Lembramos como era benquisto por onde passou, a capacidade que demonstrou de se comunicar; 9. Pude sentir e perceber quanto as pessoas o estimavam e gostavam de celebrar com ele e ouvir suas mensagens; 10. Era zeloso no trabalho que sempre realizou; 11. Um elemento interessante para a vida fraterna era seu cuidado com a horta. Nos lugares por onde passou, sempre cultivou a terra, como bom capuchinho, e dizia que “isto muito me ajuda a levar avante meus trabalhos”; 12. É bom lembrar suas pescarias e seu espírito esportivo com que as fazia, partilhava-as e se divertia com todos; 13. Como fraternidade capuchinha, louvamos a Deus pelo seu “sim” à vida religiosa e sacerdotal, pela sua fidelidade em seus 74 anos de vida, 52 de vida religiosa e 34 de sacerdócio; 14. Agradecemos a Deus por ter escolhido ser frade capuchinho e ser fiel até o fim da vida terrena. Frei Mauro, reze por nós porque nós estamos de coração aberto.

Frei Juarez De Bona acompanhou muito a primeira fase da vida de Frei Mauro e dá este testemunho vivencial:

“Vi pela primeira vez Frei Mauro em dezembro de 1969, quando, com outros Freis, ele fazia coleta de cereais em São Lourenço do Oeste (naquela época se chamava Frei Marcelino). No ano seguinte, foi ele quem respondeu minhas cartas de orientações para o ingresso ao Seminário (era vice-superior e vice-reitor do seminário dos Irmãos em Siqueira Campos). Morei com ele em Siqueira Campos em 1971 e Butiatuba em 1972. Foram os dois últimos anos do Seminário São José, para Irmãos Capuchinhos. Frei Davi Nogueira Barboza era o diretor e ele o vice. Frei Mauro era Frei alegre, determinado, muito líder, bem dinâmico, também excelente jogador de futebol. Tinha verdadeira paixão pelos estudos, pela espiritualidade e pelo que de novo surgia na Igreja. Naquela época estavam ocorrendo as grandes transformações pós-conciliares. Era entusiasta com os Irmãos pós-noviços e formandos. Era muito assíduo na oração e aberto aos novos tempos da formação. Frei Mauro, apoiado por Frei Davi, repassava aos pós-noviços e a nós formandos os conhecimentos de Teologia Espiritual que recebia nos encontros dos Religiosos em Ponta Grossa. Animava-nos em nos preparar melhor para os novos desafios que surgiam e que os “modelos antigos” de Irmãos deveriam se adaptar às exigências dos novos tempos.

Nos cursos regulares, Frei Mauro estudava um ano à minha frente. Algumas disciplinas estudávamos juntos. Era muito aplicado, assíduo e conseguia bom aproveitamento. Nos finais de semana sempre se ocupava na pastoral da época.

Mais tarde como sacerdote (ordenou-se após quase 18 anos de profissão religiosa), continuou com o mesmo zelo em tudo o que assumia. Sempre admirei seu grande senso de responsabilidade e entusiasmo em tudo o que fazia. Tinha humildade em buscar ajuda ou conhecimentos nas pessoas mais preparadas do que ele. Procurava estar sempre atualizado na sua área. Amava a Província, vibrava com ela e se entristecia quando alguém a abandonava. Dias antes de falecer, confidenciou-me que, diante da morte se avizinhando devido à gravidade da doença, sentia-se preparado espiritualmente e agradecido a Deus por tudo o que fez e que a vida lhe proporcionou”.

Frei Gaspar Zonta

01/10/1912
03/07/1985

01.10.1912 - Fellette/Itália
03.07.1985 - Ponta Grossa;Paraná

Frei Gaspar Zonta nasceu a 1 de outubro de 1912, em Fellette, diocese de Pádua, Itália. Seus pais, Francisco e Angela Zonta, moravam perto do convento capuchinho de Bassano del Grappa e, daqueles frades sorveram a devoção e o espírito franciscano. Foi o terceiro de cinco irmãos. Um deles morreu na Segunda Guerra Mundial e outro, missionário em Angola, morreu de morte misteriosa, talvez envenenamento.

Ainda menino ingressou no seminário diocesano de Pádua. Após uns anos de seminário diocesano, sentindose chamado pelo ideal franciscano, ingressou no seminário seráfico de Verona. Após ter concluído o ginásio, feito o noviciado em Bassano del Grappa (1930-1931), terminado o curso de filosofia e tendo cursado dois anos de teologia em Veneza, movido por ideal missionário, deixou a sua pátria querida e viajou para o Brasil, onde terminou os estudos.

Chegou em Curitiba no início da segunda Guerra Mundial (1939), onde concluiu a Teologia, sendo ordenado sacerdote aos 4 de junho de 1939, na igreja das Mercês, juntamente com Frei Santes de Povigliano, pelas mãos do Arcebispo de Curitiba, Dom Eusébio ático Eusébio da Rocha.

Frei Gaspar era de caráter acessível, brando, piedoso. Foi logo designado para a nobre e difícil missão da formação entre os religiosos. Primeiramente foi designado diretor (1940-1943; 1951-1952) e vice-diretor (1942; 1948) do seminário de Butiatuba. Posteriormente, por cinco anos (1944-1948), mestre de noviços em Butiatuba, contandose entre eles, o bispo Dom frei Agostinho Sartori. Assumiu o cargo de diretor dos teólogos, nas Mercês, Curitiba (1953-1954).

Em 1955 passou a desempenhar a função de pároco na paróquia de Cruzeiro do Oeste e lá permaneceu até 1966. Esta paróquia abrangia quase todo o território da atual diocese de Umuarama. Seu trabalho nesta região, paróquia recém criada, foi assinalado por ardente zelo e paternal amor pelas pessoas. Visitava freqüentemente as comunidades da paróquia, atendendo sempre com carinho e sem distinção a todos os fiéis. Enriqueceu a sede paroquial com a comunidade das Irmãs Vicentinas. A estadia de Frei Gaspar em Cruzeiro do Oeste foi tão marcante pelo seu zelo e santidade e tão querido pelo povo que Ihe foi outorgado pela autoridade municipal o título de cidadão honorário.

Nessa paróquia construiu a igreja, matriz, o salão social, lojas para aluguel e muitas capelas rurais. Pregou diversos retiros espirituais a leigos e fundou a Legião de Maria com homens em Ponta Grossa.

Em 1965 naturalizou-se como cidadão brasileiro e nomeado diretor dos filósofos no Convento Bom Jesus, em Ponta Grossa (1965-1966). Eram os tempos turbulentos pós conciliares. Por isso Frei Gaspar sofreu muito. Em 1967 foi nomeado pároco da Imaculada Conceição, em Ponta Grossa. De 1967 a 1973 fez parte de nosso grupo missionário, com residência em Ponta Grossa. Inconformado com a onda de renovação conciliar entre seus irmãos, em 1975 ingressou no Instituto dos Frades Menores Missionários, recém fundado. Ali exerceu a função de mestre de noviços e superior das casas de União da Vitória e Toledo.

Ele sofreu dois derrames que o deixaram por duas vezes à porta da morte. Estava pregando o retiro aos noviços. Cansado, depois do almoço se retirou para descansar. Como não chegasse para a oração da tarde, foram ao quarto dele e o encontraram agachado, no chão, ainda muito lúcido. Recebeu a absolvição e a Unção dos enfermos. Enquando era levado ao hospital Bom Jesus, em Ponta Grossa, faleceu às 19h30 de 3 de julho de 1985 de enfarte cárdio-respiratório, edema agudo pulmonar e insuficiência cardíaca. Estava com 73 anos de idade, 55 de vida consagrada, e 46 de sacerdote.

A missa exequial foi presidida por Dom Geraldo M. Pellanda, bispo de Ponta Grossa, concelebrada por Dom Agostinho Sartori, bispo de Palmas, por Frei Joáo Daniel Lovato, Ministro provincial dos capuchinhos e mais 24 sacerdotes, dos quais 10 eram capuchinhos. Foi sepultado no cemitério Chapada, a 500 metros do convento dos Frades Menores Missionários.

Frei Gaspar, pastoralmente, incluiu-se no rol dos pioneiros que desbravaram o norte novíssimo do Paraná. Indulgente, bondoso, afável, nunca media esforços em trabalhos e sacrifícios. Foi daqueles homens que marcaram época e que abriram caminhos. 

Frei Wilson João Sperandio

10/07/1938
03/07/2010

Gaurama - RS

 

 “Creio na vida. A vida é mais forte que a morte... a fé na vida se torna a força da caminhada. Creio que a morte não é o fim da vida, nem o fim de tudo, mas que a vida deste universo continua, e continua em mim numa transformação total... Creio em mim. Dentro de mim há possibilidade de vida total... Creio, acima de tudo, em Deus. Num Deus que é criador, pai, amigo, proteção”.

 

Registro
Aos 72 anos de idade, 51 de vida religiosa capuchinha e 42 de sacerdote faleceu Frei Wilson João Sperandio às 17 horas do dia 3 de julho, no Hospital Saúde, em Caxias do Sul, vitimado por câncer. 

O corpo foi  na igreja matriz São Luiz Gonzaga, em Veranópolis desde a noite do sábado 3. A missa de corpo presente no domingo, 4, às 15 horas, também matriz São Luiz Gonzaga, e o sepultado no jazigo dos Freis, no Cemitério Municipal de Veranópolis.

 

Informações pessoais

No primeiro semestre de 2009 fez duas cirurgias para retirada de pólipos e nódulos na área abdominal e axilar, sendo que na segunda houve a identificação de melanoma. Seguiu-se uma longa série de quimioterapias para conter o câncer; com postura otimista, reagiu bem em alguns momentos, mas debilitou-se fortemente em outros. Após idas e vindas entre Veranópolis e Caxias, no início de junho de 2010 decidiu retornar à Casa de Saúde São Frei Pio, em Caxias do Sul, onde permaneceu até a última hospitalização. 

 

“Importante é fazer a última coisa como se fosse a última mesmo. Assim eu penso. Se tiver que morrer, era isso que fiz até agora que devia fazer. O tempo conta muito pouco. Em todos os casos, gostaria de viver mais anos. Quem não gosta!”, escrevia de Medellin, na Colômbia, em 1980, após passar dez dias de absoluta solidão na montanha, a mais de 2400 metros de altitude. E acrescentava: “Uma coisa é certa: a solidão é criativa; obrigatoriamente tem que pensar. E lá pensei coisas. Pensei o que Deus quer de mim, pensei o que eu quero, pensei o que os outros querem...”. 
 

Muito atento aos temas voltados à saúde, alimentação e exercícios, Frei Wilson João tinha uma vida metódica, alimentava-se de uma forma bastante natural, fazia caminhadas e buscava sempre um equilíbrio nas dimensões do físico, do emocional e do espiritual. “O que estraga a vida devemos desprezar... A saúde é um estilo de vida. Temos que nos libertar da pressão social. Novo jeito de viver implica selecionar só o que ajuda”, dizia e escreveu. 

 

Frei Wilson João Sperandio nasceu em Gaurama, em 10 de julho de 1938. Era filho de Francisco Sperandio, natural da Itália, e de Santina Orso Sperandio. Ingressou no Seminário em 1953, tendo estudado em Vila Flores, Veranópolis, Ipê e Marau. Vestiu o hábito capuchinho em 1958, quando iniciou o ano de noviciado, em Garibaldi. Fez a profissão na Ordem em janeiro de 1959. Licenciou-se em Filosofia em Ijuí e estudou Teologia em Porto Alegre. Foi ordenado sacerdote em Porto Alegre, em dezembro de 1967, na igreja Santo Antônio, no Partenon. 
 

Começou a caminhada pastoral em Soledade, em 1969. Viveu e atuou em Caxias do Sul por 12 anos (1971-1983), onde dedicou-se à pastoral na Paróquia Imaculada Conceição, introduzindo novos conceitos e novas práticas, entre elas, o canto coral e a música instrumental nas celebrações. É dele a criação da missa Maranatha, que ano após ano abrilhanta as festividades da padroeira. 
 

De 1984 a 2005, por 21 anos, viveu na fraternidade São Boaventura de Marau, onde ocupou vários cargos de coordenação fraterna e foi pároco da Paróquia Cristo Rei. Em duas páginas de um relato sob o título “Minha história pessoal” escreveu: “Após organizar a paróquia Cristo Rei, com quase 50 comunidades e 600 grupos eclesiais, sinto isto como a multiplicação de minha vida”. Desde 2006 era o pároco da Paróquia São Luiz Gonzaga, em Veranópolis. Frei Wilson era irmão do capuchinho frei Efraim Sperandio, falecido em 1985 e sepultado em Vila Flores. 
 

Em 1970 estudou pastoral e catequese no Instituto Nacional de Pastoral (CNBB), no Rio de Janeiro; em 1980 fez um curso de Pastoral Fundamental e Social, no Instituto Teológico Pastoral do CELAM, em Medellin, na Colômbia. Também fez cursos na área de parapsicologia pastoral e de liturgia de rádio e televisão. 
 

Pastoral e vida sempre estiveram integrados na vida de Frei Wilson João: gravou vários discos (LPs e CDs), sendo compositor, regente, solista, guitarrista e dono de uma voz privilegiada; constam-se às dúzias suas criações (letras e músicas) para o canto pastoral e litúrgico; escreveu cerca de 30 livros, alguns editados também em espanhol; colaborador de várias publicações de caráter pastoral e colunista em vários jornais, com destaque para o Correio Riograndense. 
 

Dia 12 de junho passado (2010) Frei Wilson João completou 39 anos de presença semanal no Correio Riograndense, assinando a coluna “Novo Jeito de Viver”. “As pessoas precisam parar um pouco, fazer uma revisão”, disse em 2004, quando completava 33 anos de coluna, assinalando para a possível contribuição de suas reflexões à “sociedade estraçalhada” em que vivemos. 
 

Publicados, seus textos “despertam consciências, instigam, contribuem para a formação humana, indicam caminhos, abrem horizontes...”, dizia o jornal numa reportagem de página inteira sobre o autor da coluna que ninguém queria perder nas edições semanais do jornal. Muitos dos seus cerca de 30 livros publicados reúnem textos produzidos para o Correio Riograndense. O jornal era um ângulo de sua história pessoal, do qual se orgulhava. E escreveu: “Se o futuro me aturar, poderei escrever mais, dentro daquilo que ainda sonho realizar”. 

 

Vários de seus discos e livros tinham o enfoque explicitamente franciscano, como “São Francisco que está em você”, de 1978, e “Seguir Jesus do jeito de Francisco”, hoje conteúdo do serviço de animação vocacional dos capuchinhos; O mesmo se diz de sua participação como solista, compositor e regente em “Assim cantam os Capuchinhos” e “Meus Deus e Meu Tudo”, lançamentos históricos dos anos 1960. 
 

Em 1998 a Câmara Municipal de Vereadores de concedeu-lhe o título de Cidadão Marauense. Na ocasião foi saudado pelas lições de sensibilidade espiritual que impulsionaram culturalmente o município, conquistando um lugar privilegiado na história marauense. 
 

Em suas recentes colunas no Correio Riograndense, de forma frequente, passou a sintetizar suas convicções. Em “Motivos para crer” (05.05.2010) disse: “Creio na vida. A vida é mais forte que a morte... a fé na vida se torna a força da caminhada. Creio que a morte não é o fim da vida, nem o fim de tudo, mas que a vida deste universo continua, e continua em mim numa transformação total... Creio em mim. Dentro de mim há possibilidade de vida total... Creio, acima de tudo, em Deus. Num Deus que é criador, pai, amigo, proteção”. 
 

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