Frei Epifânio nasceu em Limeira no dia 27 de julho de 1906. Seu nome de batismo e civil era Antônio Menegazzo. Era filho de Agostinho Menegazzo e Letícia Cia. Foi batizado na igreja de Vila Americana, Tatu, em Limeira, aos 1º de setembro de 1906 e crismado na mesma igreja no dia 10 de fevereiro de 1909. Fez a Primeira Eucaristia na igreja de Santana, São Paulo, em setembro de 1915. Cursou os primeiros estudos no Grupo Escolar de Santana, em São Paulo.
Vocação adulta
Entrou para o Seminário São Fidélis de Piracicaba aos 29 de janeiro de 1930, com 24 anos de idade. Sua profissão era seleiro. Tinha uma selaria num sobradinho atrás da Estação Sorocabana em São Paulo.
Noviciado e profissão
Vestiu o hábito franciscano capuchinho, iniciando o noviciado no convento Sagrado Coração de Jesus, em Piracicaba, no dia 21 de fevereiro de 1932. Foi seu Mestre Frei Felicíssimo de Prada. Fez a profissão temporária perante Frei Jacinto de Prada no convento de noviciado, no dia 26 de fevereiro de 1933. Emitiu a profissão perpétua perante Frei Salvador de Cavêdine, no convento São José de Mococa, aos 1º de março de 1936.
Filosofia, Teologia e Ordenação
Estudou Filosofia em Piracicaba, Mococa e São Paulo, nos anos 1933 a 1935 e Teologia em São Paulo e Mococa, nos anos 1936 a 1939. Recebeu a Primeira Tonsura e duas Ordens Menores conferidas por Dom Alberto José Gonçalves, em São José do Rio Pardo, aos 17 e 18 de agosto de 1937 e as outras Ordens Menores conferidas por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo no dia 6 de março de 1938. Foi ordenado Subdiácono aos 11 de junho de 1938 e Diácono por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo aos 24 de setembro de 1938. Recebeu a Ordenação Sacerdotal pela imposição das mãos, de Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo, no dia 8 de dezembro de 1938.
Mestre de Noviços
Concluídos os estudos em novembro de 1939, aos 7 de dezembro foi ser Vice-Mestre de Noviços no convento Santa Clara de Taubaté. Dois anos depois, em dezembro de 1942 foi nomeado Mestre de Noviços. Por oito anos desempenhou este serviço até dezembro de 1950, sendo nomeado Guardião do convento Santa Clara em Taubaté. De novembro de 1952 a dezembro de 1960 foi Mestre de Noviços em Barcelos, Portugal. De junho de 1955 a junho de 1958, Assistente do Comissário Geral de Portugal e Vice-Guardião do convento. Anos mais tarde, de 17 de janeiro de 1963 a 17 de janeiro de 1964, desempenhou outra vez o serviço de Mestre de Noviços, no convento Santa Clara, em Taubaté. Prestou serviços no noviciado por 20 anos, 3 como Vice-Mestre e 17 anos Mestre de Noviços.
Guardião e Pároco
Frei Epifânio foi Guardião em Taubaté nos anos 1951 e 1952. Em Marília foi Guardião e Pároco, de 1964 a 1969. Em Penápolis, foi Guardião e Pároco de 1975 a 1978.
Outros conventos e paróquias
Além do serviço de Mestre de Noviços, Guardião e Pároco, Frei Epifânio trabalhou em São Paulo, Imaculada Conceição, Piracicaba, no convento Sagrado Coração de Jesus, Santo André, Botucatu e Santos. Em todos estes conventos e paróquias foi Vigário Cooperador, confessor, orientador espiritual e sempre disponível para qualquer atendimento pastoral.
Obediência derradeira
Desde 1985 residia em Taubaté. Participou do último Capítulo Provincial no Seminário São Fidélis, de 13 a 16 de novembro de 2001. No início de 2002 foi para a Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, em Piracicaba, para tratamento de saúde. Aí recebeu a obediência derradeira, o chamado de Deus para a vida na eternidade. Frei Epifânio faleceu na Santa Casa de Piracicaba no dia 1º de julho de 2002, às 2 horas e 10 minutos da madrugada. O atestado de óbito deu como causa da morte: Septicemia, Arritmia Cardíaca, Broncopneumonia. Foi velado na igreja do convento Sagrado Coração de Jesus. Às 10 horas foi celebrada uma missa exequial. Seu corpo foi transladado para Taubaté a pedido de seus familiares.
Às 15 horas do dia 1º de julho, na igreja do convento Santa Clara, foi celebrada a missa exequial presidida por Dom Carmo João Rhoden, SCJ, Bispo diocesano de Taubaté, concelebrada pelo Ministro Provincial, Frei João Alves dos Santos, por vários sacerdotes capuchinhos, sacerdotes diocesanos, com participação dos pós-noviços, postulantes, grande multidão de fiéis, amigos e familiares. Após a celebração exequial, o corpo de Frei Epifânio foi sepultado na capela dos Frades Capuchinhos, no cemitério ao lado do convento Santa Clara, em Taubaté.
Estimado Confessor e Diretor Espiritual
Frei Epifânio era muito estimado como confessor e orientador espiritual, sendo considerado Pai Espiritual pelos fiéis, pelos sacerdotes e religiosas. Foi homem de verdadeira experiência de Deus em fervorosas e continuas orações.
Austeridade de vida
Viveu uma vida de austeridade mostrada em rigorosas abstinências, jejuns e práticas penitenciais, sendo prudente e zeloso com a saúde pessoal e dos outros. Manifestou austeridade na vida de pobreza e obediência. Até o fim da vida, em tudo dependia da obediência aos Superiores.
Gostava de fazer suas férias nos conventos da Província. Celebrava a santa missa de manhã ou nos horários permitidos, tomava refeições, lavava suas roupas pessoais e passava o dia na cela em oração.
Nos conventos onde morou era assim que vivia estando sempre atento ao chamado do porteiro ou ao toque da campainha para o pronto atendimento às confissões ou aconselhamentos na sala conventual.
Comprendia o trabalho como dom divino. Na segunda-feira, dia de folga para o descanso, ele atendia confissões, às vezes, o dia inteiro. Jamais se negava ao atendimento de quem o procurasse. A quem o questionasse sobre o cansaço respondia: “Se Deus me envia trabalho é porque sabe que darei conta”.
Apaixonado pelo Evangelho e por São Francisco
Nos Capítulos e Assembléias Provinciais, nos encontros regionais, reciclagens e retiros da Província, fazia eloqüentes intervenções em que demonstrava amor apaixonado pelo Evangelho, tendo como modelo nosso Seráfico Pai São Francisco ao escrever: “A Regra e Vida dos Frades Menores é esta: observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade” (RB, Cap. I).
Em suas cartas e anotações pessoais afirmava com segurança que os Reitores, Diretores de Estudantes, Mestres de Noviços e frades nos conventos deviam ser exemplos vivos do Evangelho, da Regra e das Constituições, como fez São Francisco, Santa Clara e um exuberante catálogo de santos franciscanos e capuchinhos. Nas afirmações orais e escritas, com freqüência, fazia citações do Evangelho e das Cartas dos Apóstolos.
Escreveu e publicou “Opúsculo” sobre a vida de São Francisco, por ocasião do jubileu de sua morte (750 anos), mais uma novena de São Francisco de Assis.
Exemplo de vida capuchina
Frei Epifânio foi um exemplo vivo de simplicidade e alegria franciscana capuchinha. Acreditava e confiava na Providência Divina. Para ele, Deus, o único e supremo Senhor, é tão bom que liberta de todas as preocupações da vida aqueles que se põem ao seu serviço e se abandonam à sua Providência Divina. Nunca se deixava levar pela angústia. Não se inquietava, nem se afligia, mas “buscava em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6, 33).
Os problemas da vida não lhe tiravam a alegria de viver. Acordava muito antes dos outros confrades, tomava seu suco de laranja e se dedicava ao seu cultivo espiritual nas primeiras horas da manhã. No convento onde morava e nos outros onde se realizavam encontros fraternos, era o primeiro a comparecer ao coro, à capela para o Ofício Divino e orações da comunidade.
Era muito compreensivo diante das mudanças provocadas pela renovação da Igreja e pelo progresso do mundo atual. Tinha capacidade de abertura ao novo, ao diálogo e de respeitar o diferente sem perder o que para ele era essencial. Participava intensamente de todos os eventos programados e de todos os encontros fraternos da vida da Província.
Gostava de futebol
Sem nenhum prejuízo para sua vida austera de observância regular, de orações e santas meditações, acompanhava o esporte de futebol. Conhecia tudo sobre times, jogadores, técnicos, árbitros atuais e antigos, sendo grande torcedor, especialmente da seleção brasileira quando havia copa mundial. Vibrava quando o Brasil ganhava e sofria com as derrotas. Não pôde torcer na copa de 2002 porque seu estado de saúde não permitia e foi comemorar o “Penta” no céu.
A cura pelo limão
Deixou uma pasta com muitas receitas de medicina caseira, tiradas de revistas, jornais e pequenos impressos. A principal delas, por ele fielmente utilizada, é a cura pelo limão, útil para tantas doenças, desde a simples gripe ao pior dos males. Acreditava que o limão é o remédio da longa vida, prolonga a juventude e afasta a velhice, rejuvenescendo as células do sangue e tecidos.
Frei Epifânio viveu 95 anos e 11 meses de idade. Faleceu no dia 1º de julho de 2002. No dia 27 do mesmo mês completaria 96 anos, sendo 69 de vida religiosa na Ordem Franciscana Capuchinha, 63 anos e 7 meses de ministério sacerdotal.
(Cf. “Vida Freterna” nº 237, 357 e 401. “Regra e Vida” nº 106, pag. 236-238).
Frei Joaquim Dutra Alves, O.F.M. Cap.