Durante quinze dias do mês de julho, frei Esdras Alexandre Arêdes Costa, frei Plínio Lukian Leite e eu, fomos indicados para representar a PROCAMIG no evento promovido pela CCB ainda em comemoração pelos 400 anos de nossa presença capuchinha no Brasil. Os primeiros capuchinhos chegaram no Brasil em 1612. Para coroar as festividades, a PROMAPA e a CCB organizaram as Santas Missões Populares. Locomoveram-se para as aquelas terras do Maranhão 79 frades representando as diversas circunscrições capuchinhas do Brasil, entre frades presbíteros e frades de profissão temporária.
Nós, enquanto grupo de frades missionários, dividimos em pequenos grupos e durante duas semanas estivemos espalhados nas diversas comunidades das paróquias dos municípios de Primeira Cruz, Humberto de Campos e Santo Amaro. A motivação central foi a de estar junto ao povo dessa região visitando-os em suas casas e celebrando junto à comunidade local. Cada frade, após a missão, levou para a sua província de origem uma experiência que certamente tornou-se um separador de águas; um marco na história de cada um. Além da rica troca de experiências entre os frades das mais variadas regiões do Brasil, oportunamente proporcionada pela missão, certamente persistirá, por um bom tempo, na mente e no coração, os sinais humanos, eclesiais e sociais que o evento possibilitou.
O tempo dará jeito de resignificar o apreendido: a encantadora esperança e a vibrante alegria retratada em cada criança que nos cercou e nos conquistou; os sonhos candentes e intensos no olhar de cada jovem; os casais que inexoravelmente lutam para colocar o pão de cada dia em suas mesas e encontram alento um no outro no aconchego de cada rede pendurada pela casa; a pele marcada e os membros sofridos pelos sinais dos tempos em cada idoso; e ainda, as encantadoras e folclóricas danças: de um lado, a exuberante dança do Boi Bumbá e, de outro, o belo ritmo e passos certeiros na dança e na devoção a são Gonçalo; por fim, a areia fofa e quente; a água do poço e a de côco; os saborosos peixes; a deliciosa juçara (o açaí)... marcas de uma rica cultura, marcas de um destemido povo, marcas que nos regaram e que se somou ao que nos constitui, e que caminhará e se perpetuará conosco rumo ao Eterno. Enquanto Instituição foi muito bom “lembrar, agradecer, comprometer...”, mas enquanto a indagação bíblica e existencial: "Quem atravessaria o mar por nós?" (Dt 30,13), nos deparamos com o germe de um novo ânimo e de um novo impulso para abraçar o que exprime o nosso carisma capuchinho: a missão e os menores do Reino.
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Frei Márcio José da Silva (Cúria MG)