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Missão - Encontro consigo e com o outro

21/08/2015 - 10h51
Depoimento de Frei Esdras Arêdes sobre a missão em Primeira Cruz (MA), celebrando os 400 anos da chegada dos Capuchinhos ao Brasil

Representar a Província de Minas Gerais nesta ação missionária da Conferência dos Capuchinhos do Brasil, em comemoração aos 400 anos da chegada dos frades Capuchinhos em Primeira Cruz, no Maranhão, foi algo que marcou profundamente minha vida de frade. Primeiro, me proporcionou de alguma forma, reconhecer minha vocação. Buscar a origem de meu chamado no encontro com os frades das diversas províncias e das diversas regiões de nosso país, na oportunidade de uma mesma linguagem e um mesmo entusiasmo, mesmo diante de um bojo cultural diversificado. Segundo, favoreceu que conhecesse um povo de uma brasilidade que calou fundo em meu olhar. Além do fisicamente visível da miscigenação brasileira, no Maranhão o que mais sinalizava era o espírito da humildade, simplicidade e a da alteridade que ecoava como mensagem de superação e força de resiliência destes rostos.

 

Ao olhar para os frades que chegavam de toda parte do país no Convento dos Frades em São Luiz do Maranhão, percebia um brilho em seus olhos e uma alegria pulsante em seus sorrisos, talvez, pode até ser, que minha nada neutra interpretação perpassava por um eu sedento de uma nova experiência, de uma renovação ou de um reecantar-se. Percebi que a minha missão já começava ali, uma busca de uma mensagem de Deus, em cada encontro, em cada saudação e em cada expressão de alegria. O meu buscar até se confundia com o meu transmitir, na verdade, esta era a razão de estar ali. Conviver com toda aquela diversidade de pessoas, desejosas de acordar dentro de si o sentido de ser Capuchinho, buscando a origem do chamado através daquela oportunidade. O inicio da missão se revelou como um caminho que nos leva a um encontro interior, mais que exterior. Missão é Sair da zona de conforto. Colocar-se em saída para se encontrar com sigo mesmo aguçando uma renovação.

 

Encontrar se com a brasilidade do povo de Caeté, de Santo Antônio dos Pretos e do próprio centro da cidade de Primeira Cruz foi encontrar-se com a simplicidade, humildade e a alteridade. Agora poderia olhar para além dos livros acadêmicos, agora sei de fato, como a miscigenação brasileira, muito visível nesta região, fala tanto de mensagens inegociáveis para a vida humana. Simplicidade para acolher, humildade para superar e alteridade para se fortalecer. Pronto, o que meus olhos procuravam meu coração pode sentir através da visita a este povoado. O intuito da missão era fazer memória, celebrar o fato histórico dos 400 anos, comprometer-se com a mensagem que emergia dai. E ao me encontrar com este povo, meus olhos deixaram se seduzir por esta mensagem que suas realidades transmitiam. A mesma que sustenta a celebração desta história dos missionários Capuchinhos e do Evangelho que buscaram transmitir através do marco da cruz. Na vida do povo simples, as escritas sagradas se revelam.

 

Para mim não foi tão difícil, usar o telefone só como maquina fotográfica, ou me despojar da cama para dormir em uma rede dependurada. Nem acostumar meu paladar as iguarias locais e frutos do mar. Nem mesmo, caminhar no sol e na areia, promovendo o nossa vestimenta capuchinha e ora e outra usar o ar livre para se banhar etc. Até que a estas coisas aguçaram meu bom humor e soava como próprio da vida. O mais difícil é vencer a si mesmo, se autoavaliar e seguir em frente, na busca da maturidade vocacional. A acolhida, a generosidade e a companhia do povo me fez perscrutar razões maiores de estar ali. A maior delas, a mensagem de acordar o sentindo do chamado, despertar da sonolência. Pois sair em missão é sair da zona de conforto e si buscar. É deixar doer o aprendizado do encontro. A vida daquele povo, resistente às adversidades da vida, deixou a provocação dentro de mim. As virtudes da fé, da esperança e da caridade são vividas pelos mais pequeninos. A missão em Primeira Cruz foi pra mim a busca profunda de um encontro com a minha vocação interior. Valeu a motivação! Que venha a próxima missão e a próxima aprendizagem. Em louvor de Cristo! Amém!

 

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Frei Esdras Alexandro Arêdes Costa (Fraternidade Santa Terezinha)

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