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Frei Antônio Benedito Patarello

05/11/1935
03/04/1988

Frei Antônio Benedito Patarello (Frei Lino de Brotas) era o primogênito de cinco filhos do casal Emílio Francisco Patarello e Luzia de Sanctis Patarello. Nasceu em Brotas-SP, aos 5 de novembro de 1935. Foi batizado pelo Pe. Domingos Ciudad, na igreja Nossa Senhora das Dores de Brotas, aos 2 de fevereiro de 1936 e crismado na capela São Sebastião por Dom Gastão Liberal Pinto. Fez a Primeira Eucaristia na capela Santo Antônio, alto da serra, paróquia de São Pedro, em 1949.

 

Seminários

 

Entrou para o Seminário São Fidélis de Piracicaba aos 2 de fevereiro de 1952. Em 1956 foi para o Seminário São José, Mococa, concluir os estudos seminarísticos e preparar-se para o noviciado.

 

Noviciado e Profissão

 

Vestiu o hábito franciscano capuchinho em Taubaté, convento Santa Clara, iniciando o noviciado aos 23 de dezembro de 1957. Foi seu Mestre Frei Marcos Brevi. Emitiu a profissão temporária, perante Frei Henrique Verussa, no dia 24 de dezembro de 1958. Fez a profissão perpétua perante Frei Cipriano de Monte Mór, em São Paulo, igreja Imaculada Conceição, aos 4 de fevereiro de 1962.

 

Filosofia, Teologia e Ordenação

 

Estudou Filosofia no convento São José de Mococa nos anos 1959 a 1961 e Teologia em São Paulo, convento Imaculada Conceição, nos anos 1962, 1963, 1965 e 1966. Em 1964 fez um ano de estágio na paróquia Imaculada Conceição de Birigüi. Recebeu a Primeira Tonsura conferida por Dom Vicente Marchetti Zioni, em São Paulo, aos 22 de dezembro de 1962. Dom Antônio Ferreira de Macedo, CSSR conferiu-lhe as Ordens Menores, em São Paulo, aos 15 de setembro de 1963. Foi ordenado Subdiácono por Dom José Lafayete Ferreira Alvares, em São Paulo, aos 25 de setembro de 1965 e Diácono, aos 18 de dezembro de 1965, na Catedral Metropolitana. Recebeu a Ordenação Sacerdotal pela imposição das mãos de Dom Aníger Francisco Maria de Melilo, na igreja Sagrado Coração de Jesus, Piracicaba, no dia 25 de junho de 1966.

 

Ministério sacerdotal

 

Foram poucas as paróquias e conventos em que Frei Antônio exerceu o ministério sacerdotal e prestou serviço à Província e ao Povo de Deus. Depois de ordenado, em toda a sua vida pertenceu somente às paróquias e conventos de Mococa, Nova Veneza, Santos, São Paulo e Santo André.

Em 1967, no primeiro semestre permaneceu em São Paulo, Imaculada Conceição, como estudante de Pastoral. No segundo semestre do mesmo ano, em Mococa, foi encarregado das Vocações, Delegado Distrital da OFS (Ordem Franciscana Secular) e Capelão de Itaiquara. No Segundo semestre de 1968, fez o Curso de Pastoral da CNBB, no Rio de Janeiro.

Em 1969, transferido para o Seminário São Francisco de Assis de Nova Veneza, foi auxiliar no Seminário, Secretário Vocacional, Prefeito Provincial da Formação e encarregado da Fraternidade da OFS (Ordem Franciscana Secular) de Campinas.

Em Santos, paróquia Santo Antônio do Embaré, de 1970 a 1974, foi vigário cooperador. Em 1975, foi nomeado pároco da mesma paróquia, Reitor da Basílica Santo Antônio do Embaré e Guardião do convento até 1977. Além de pároco e Guardião foi membro do Conselho de Presbíteros da Diocese de Santos.

Vigário Provincial, Guardião e Pároco em São Paulo

No 11º Capítulo Provincial, realizado em Nova Veneza de 21 a 25 de novembro de 1977, Frei Antônio Benedito Patarello foi eleito 1º Definidor e Vigário Provincial. Para desempenhar este serviço, foi transferido para São Paulo. De 1978 a 1980, foi Guardião do Convento e Pároco da paróquia Imaculada Conceição, São Paulo. Findo o triênio, permaneceu como Pároco da mesma paróquia até 1983.

Guardião e Pároco em Santo André

Na disposição das famílias religiosas para o triênio de 1984 a 1986, recebeu transferência para Santo André, como Guardião da Fraternidade e Pároco da Paróquia Santo Antônio da Vila Alpina. Aí permaneceu até o desenlace. Nas paróquias em que foi Pároco, Santos, São Paulo e Santo André, deixou marcas profundas. Pena que sua organização e trabalhos pastorais por ele começados não tiveram continuidade.

Morreu na festa da Páscoa da Ressurreição

No dia 8 de março de 1988, vitimado por um acidente em Santo André, Frei Antônio foi internado no Hospital São Camilo, em São Paulo, para uma delicada cirurgia, pois houve fratura na coluna vertebral. Só foi possível fazer a cirurgia no dia, 26 de março porque seu estado geral de saúde exigira sérios exames médicos e preparação muito cuidadosa. Já estava para deixar a UTI quando, surpreendido por embolia pulmonar, faleceu no dia 3 de abril, Páscoa da Ressurreição de 1988. As exéquias se realizaram em São Pedro-SP, onde mora sua família. Presidiu-as o Ministro Provincial Frei Ismael Martignago, com presença de muitos sacerdotes, religiosos, irmãos, parentes e amigos. Foi sepultado no Jazigo de sua família, no cemitério de São Pedro.

 

Filósofo

 

Frei Inácio Stênico, professor de Filosofia falecido 15 dias depois (+18.04.1988), afirmou que Frei Antônio foi o estudante mais inteligente que passou pelo estudantado de Mococa, no seu tempo de professor. Não era apenas estudante de Filosofia, com grande capacidade de conhecimento, mas era realmente filósofo. Não era possível dar-lhe outra nota a não ser 10.

 

Testemunho do Ministro Provincial

 

Dom Frei Daniel Tomasella, Bispo emérito de Marília, então Ministro Provincial, no pedido para que o Ministro Geral o nomeasse Prefeito dos Estudos do Seminário de Nova Veneza, entre outras exigências requeridas, atestou que “Frei Antônio possuía os dotes necessários para ser Prefeito Provincial dos Estudos do seminário”, “é exemplar na observância religiosa, entusiasta da vida franciscana capuchinha e mostra verdadeira tendência à perfeição religiosa”. (Carta de 26 de março de 1969).

 

Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo

 

Frei Antônio Patarello, além dos cargos ocupados na Província, de pertencer ao Conselho de Presbíteros da Diocese de Santos, de 1980 a 1983 foi Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, Setor III, Cerqueira César. Dom Paulo Evaristo, Cardeal Arns, tinha grande admiração por ele, pela inteligência, pela sua coerência, pela sua dedicação aos pobres e zelo pastoral aplicado com extraordinária lucidez. Dom Paulo Evaristo formou uma Comissão de todos os Coordenadores de Pastoral para organizar e realizar a Assembléia Arquidiocesana para elaborar o Diretório Arquidiocesano de Pastoral. Dom Paulo fez questão de nomear Frei Antônio coordenador da Comissão e Assembléia.

 

Coerência de vida

 

O que ressaltava em Frei Antônio Patarello era a sua coerência de vida. Em tudo mostrava retidão de comportamento. Na Província, não pretendeu cargos além de Guardião e Vigário Provincial. Foi coerente em relação a seus ideais de Padre, de Pároco e Coordenador de Pastoral. Por isso, agradava profundamente aos honestos e incomodava os incoerentes.

Para os pobres era pai, sem ser paternalista. Ele mesmo afirmava que às vezes parecia ingênuo perante os aproveitadores, mas a sensibilidade do coração falava mais alto.

A Província dos Capuchinhos de São Paulo foi atingida por uma profunda dor causada pelo falecimento deste confrade. Sua bondade e inteligência, sua dedicação aos pobres e zelo pastoral aplicado com extraordinária lucidez deixou grande saudade no coração de seus colegas e de todos os que o conheceram e participaram de sua amizade.

Frei Antônio Patarello viveu 52 anos de idade, sendo 29 de vida religiosa franciscana capuchinha e 22 de ministério sacerdotal.

Frei Joaquim Dutra Alves, O.F.M. Cap.

 

Frei Antônio de Drena

17/03/1857
04/04/1915

Frei Antônio (Tiago Bortolotti) nasceu a 17 de março de 1857. Era filho de João e Mariana Bortolotti. Foi o primeiro Noviço a vestir o hábito capuchinho no Brasil, fazendo o Noviciado em Taubaté em 1892. Sua vestição deu-se no dia 27 de agosto de 1892.

Dedicou-se a todos os trabalhos de irmão não-clérigo em nossos conventos. Aos 6 de junho de 1912 voltou para a Província ali falecendo aos 3 de abril de 1915.

 

Frei Timóteo de Miranda

23/12/1914
10/04/2004

Frei Timóteo de Miranda (Acácio de Miranda) nasceu em Porangaba-SP, aos 23 de dezembro de 1914. Era filho de Joaquim Manoel de Miranda e Olívia Norberta de Oliveira. Foi batizado pelo Pe. Antônio Henrique Pereira na Igreja Santo Antônio de Porangaba, no dia 25 de dezembro de 1914, dois dias depois do nascimento. Foi crismado por Mons. Pascoal Ferrari, visitador da Diocese de Botucatu, aos 10 de maio de 1916. Recebeu a Primeira Eucaristia das mãos de Frei Vigílio de Breguzzo na igreja Santo Antônio, Porangaba, aos 23 de novembro de 1923. Depois de ter feito os primeiros estudos em Porangaba, entrou para o Seminário são Fidélis no dia 7 de agosto de 1926.

 

Noviciado e Profissão

 

Vestiu o hábito franciscano capuchinho, iniciando o noviciado no convento Sagrado Coração de Jesus, Piracicaba, aos 21 e fevereiro de 1932. Teve como Mestre, primeiro Frei Felicíssimo de Prada, depois, Freio Tiago de Cavêdine. Emitiu a profissão temporária perante Frei Jacinto de Prada, em Piracicaba, no dia 26 de fevereiro de 1933 e a profissão perpétua perante Frei Manoel de Seregnano, em Mococa, no dia 1º de março de 1936.

 

Filosofia, Teologia e Ordenação

 

Estudou Filosofia em Piracicaba e em São Paulo nos anos 1933 a 1936 e Teologia em Mococa de 1937 a 1938 e São Paulo, de 1938 a 1939. Recebeu a Primeira Tonsura e duas Ordens Menores conferidas por Dom Alberto Gonçalves de Oliveira, Bispo de Ribeirão Preto, em São José do Rio Pardo-SP, nos dias 23 e 24 de agosto de 1937. Dom José Gaspar de Afonseca e Silva conferiu-lhe as outras Ordens Menores em São Paulo aos 6 de março de 1938. Em São Paulo, na Igreja Imaculada Conceição do Seminário Central do Ipiranga, foi ordenado Subdiácono e Diácono por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva aos 11 de junho e 24 de setembro de 1938. Recebeu a Ordenação Sacerdotal pela imposição das mãos de Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, na catedral provisória Santa Ifigênia no dia 8 de dezembro de 1938. Terminou os estudos em São Paulo aos 30 de novembro de 1939.

 

Professor, Pregador e Missionário

 

Concluídos os estudos, em dezembro de 1939 foi ser professor no Seminário São Fidélis de Piracicaba. Em dezembro de 1941 foi transferido para o convento Sagrado Coração de Jesus, Piracicaba, como confessor, pregador e missionário. Aos 30 de julho de 1942 foi designado Vigário Cooperador, pregador e confessor na paróquia Imaculada Conceição, São Paulo.

 

Pároco e Guardião

 

Frei Timóteo foi Pároco na paróquia Imaculada Conceição, São Paulo, com posse dia 20 de dezembro de 1942 até 10 de janeiro de 1945. Em Birigui, Pároco e Guardião de 4 de outubro de 1946 a 18 de janeiro de 1948. Aos 7 de janeiro de 1958 foi nomeado Pároco e Guardião de Pereira Barreto, aí encarregado da construção do convento e casa paroquial. Aos 25 de janeiro de 1964 transferiu-se para São José do Rio Preto, como Pároco e Guardião da paróquia de Vila Maceno, até 10 de agosto de 1968. Assumiu a paróquia de Quatá, diocese de Assis, de agosto a dezembro de 1969. Exerceu ainda o ministério de Pároco e Guardião no Santuário Nossa Senhora de Fátima em Sapobemba, São Paulo, (1978 a 1980) e na paróquia São Miguel, em Marília (1981 a 1983). Em 1986 foi transferido para a Fraternidade São Félix de Cantalício, Vila Guarany, em São Paulo, como Guardião. Com provisão emitida no dia 2 de fevereiro de 1990 assumiu a paróquia de Anhembi, arquidiocese de Botucatu. Aí permaneceu até junho de 1993.

 

Missionário no Amazonas

 

Aos 10 de janeiro de 1945 partiu para as missões no Alto Solimões, em Amazonas. Permaneceu no convento São Sebastião do Rio de janeiro até dia 4 de fevereiro desse ano, quando seguiu viagem passando por Belém-PA. Chegou a Manaus aos 12 de fevereiro de 1945. Nos anos 1945 e 1946, como missionário no Amazonas, foi Assistente do Círculo Operário Amazonense, professor de Antropologia na Escola de Serviço Social de Manaus e encarregado do programa católico da Rádio Baré de Manaus” (“Vida Fraterna” Nº 422, p. 6).
Aos 8 de maio de 1946 partiu de Manaus como Delegado Diocesano ao Congresso da Ação Católica no Rio de janeiro e Representante do Círculo Operário Amazonense no Vº Congresso Nacional.

 

Confessor, Pregador e Missionário

 

Retornou à Província de São Paulo no dia 26 de maio de 1946. Na Província, até 4 de outubro desse ano, foi confessor e pregador na Igreja Imaculada Conceição, São Paulo, Sagrado Coração de Jesus, Piracicaba, Santuário Nossa Senhora de Lourdes, Botucatu, convento São José, Mococa e no Santuário São Francisco de Assis, em Penápolis.
Nos anos de 1951 a 1954 fez parte do Colégio Missionário com Frei Liberato e outros religiosos.

 

Outros ministérios

 

Além de Pároco, Vigário Paroquial, Missionário, pregador e confessor, Frei Timóteo exerceu o ministério sacerdotal nas mais variadas formas de apostolado. Foi Secretário e Visitador Provincial da OFS (Ordem Franciscana Secular). Em 1948, residindo no convento Sagrado Coração de Jesus, foi Diretor do Lar Franciscano de Menores, em Piracicaba. Foi Capelão do Hospital Matarazzo, em São Paulo, de 1970 a 1973. “Era formado em Jornalismo e Comunicação Social pela Faculdade Casper Líbero de São Paulo e membro da Academia de Letras de Santo Amaro. É conhecido pela sua obra literária, formada principalmente de poesias, assinadas sob o pseudônimo de “O Monge de Porangaba”. Recebeu reconhecimento de várias autoridades civis e inúmeras reportagens de jornais e revistas por sua atividade pastoral, social e pelo dom da oratória” (“Vida Fraterna” Nº 422, p. 6).

 

Faleceu no Sábado Santo

 

A Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, enfermaria da Província em Piracicaba foi inaugurada aos 26 de outubro de 1993. Frei Timóteo, já debilitado e de idade avançada, foi transferido para aquela Fraternidade desde o dia da inauguração mais de dez anos. Às 2 horas e 30 minutos da manhã do dia 10 de abril de 2004, Sábado Santo, Frei Timóteo faleceu na Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba. O atestado de óbito deu como causa da morte: “Insuficiência Respiratória – Broncopneumonia”. Seu corpo foi velado na igreja do convento Sagrado Coração de Jesus de Piracicaba. Às 14 horas do dia 10 de abril, após missa exequial presidida por seu primo Frei José de Oliveira, por exigência de seus concidadãos, o féretro foi transportado para Porangaba onde foi sepultado no túmulo da família Cuba Miranda.

 

Patriotismo e fé profunda

 

Frei José de Oliveira, primo de Frei Timóteo na homilia da missa exequial lembrou que “Frei Timóteo de Miranda, autodenominado “Monge de Porangaba”, herdou do avô paterno, Francisco Cuba de Miranda, duas qualidades que o acompanharam sempre: um grande patriotismo; o vovô Cuba foi sempre o chefe da política local. Ao lado do amor à política Frei Timóteo herdou dos avós paternos e maternos uma fé profunda alimentada pela santidade de Frei Vigílio de Breguzzo que esteve muitas vezes substituindo o Pároco de Porangaba. Este contato com Frei Vigílio levou Frei Timóteo a ingressar no Seminário que funcionava no convento Imaculada Conceição em São Paulo”.

 

Zelo missionário

 

“Em Manaus ativou o Círculo Operário. No seu zelo missionário provocou as iras de um comunista fanático que o agrediu na rua quebrando-lhe os óculos que Frei Timóteo conservava com carinho como uma preciosa relíquia”.

“Dia 27 de dezembro de 1946, vêmo-lo em Andradina, verberando a Intentona Comunista de 1935”. Quando assumiu a Capelania do Hospital Matarazzo em São Paulo. “demonstrava grande zelo pela formação espiritual e social das enfermeiras. Dia 6 de setembro de 1973, comprou uma grande briga com o Diretor do Hospital Dr. Gembrini. O atrito aumentou e Frei Timóteo foi exonerado do cargo”. Houve atrito também ao deixar a paróquia de Vila Maceno em São José do Rio Preto.

 

Excursão e peregrinação

 

“Em janeiro de 1969 Frei Timóteo acompanhou Frei Eugênio numa excursão cultural do Ginásio Imaculada Conceição à Europa. Em 1983 participou da peregrinação à Terra Santa por ocasião do Ano Santo.

Era incansável em suas visitas às Fraternidades da Ordem Franciscana Secular entusiasmando as existentes e criando novas fraternidades”.

“Frei Timóteo trabalhou muito em prol da Santa Casa de Misericórdia de Porangaba inaugurada no dia 6 de janeiro de 1974”.

Frei Timóteo viveu 89 anos de idade, dos quais, 71 anos completos na Vida Religiosa Franciscana Capuchinha e 65 de ministério sacerdotal.

Frei Diogo da Bahia

15/03/1884
11/04/1969

Frei Diogo da Bahia (Henrique José dos Santos) nasceu em São Salvador (Bahia). Filho de José Silvino dos Santos e Maria Carlos dos Santos. Vestiu o hábito de irmão postulante aos 25 de janeiro de 1909 em Taubaté. Nasceu a 15 de março de 1884. Foi batizado aos 23 de agosto de 1884 na igreja de Santa Ana, em Salvador, pelo Mons. João Vitório Pinto das Neves. Crismado aos 23 de outubro de 1894 por Dom Jerônimo Tomé da Silva. Primeira Comunhão na igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Salvador, aos 22 de outubro -1894. Primeiros estudos no Colégio Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro.

Tendo vestido o hábito de postulante, iniciou o Noviciado em Taubaté aos 31 de maio de 1909. Foi o primeiro capuchinho baiano. Teve como Mestre Frei Salvador de Cavêdine. Fez votos simples aos 10 de junho de 1910. Solenes, em São Paulo, aos 13 de junho de 1916 perante Frei José de Castrogiovanni.

Exerceu os ofícios de sacristão, porteiro, prefeito de disciplina no Colégio Seráfico de Taubaté, de 25 de janeiro de 1909 a 24 de julho de 1911. Sacristão em São Paulo, de 24 de julho a 14 de dezembro de 1911. Depois, porteiro em Piracicaba, até 20 de março de 1912. Dali vai para as Missões indígenas de Rio Verde, onde fica até o mês de junho (22) do mesmo ano. Contraindo maleita, vai em tratamento a São Paulo, de 24 de junho a 24 de julho. A partir das seguintes datas, reside nas casas de: Conceição de Monte Alegre, 24 de julho de 1912; - São Paulo (27 de outubro); - Botucatu (18 dezembro - 1913); - Taubaté (26 de julho - 1914): - São Paulo (20 julho - 1915); - Rio de Janeiro (26 - fevereiro - 1917), no Morro do Castelo; - Santa Teresa, ES (2 fevereiro 1919); - Fica em Santa Teresa como vice-diretor do Colégio Ítalo-Brasileiro até 22 de dezembro de 1924; exerce também, ali, o cargo de professor, prefeito de disciplina e ecônomo do Colégio. De junho de 1925 a setembro de 1927, está em Trento, na Itália, onde exerce o ofício de porteiro; depois, São Paulo (setembro de 1927); Uberaba (29 de outubro de 1929 a 29 de outubro de 1933), como secretário do Sr. Bispo Dom Frei Luís M. de Sant’Ana. Residiu depois em Santos e Taubaté (1942), voltando novamente para Santos em 1957, ali permanecendo até a morte, ocorrida aos 11 de abril de 1969.

Nessas citadas residências Frei Diogo exerceu também os ofícios de esmoler, alfaiate, cozinheiro, sacristão. No Rio, esteve em tratamento de Saúde. Em Taubaté, angariou muitos donativos para a Catequese Indígena. No Embaré, em Santos, exerceu apostolado de bênçãos aos doentes, propagando a devoção ao seu patrono Santo Antônio; chegou mesmo a ter fama de taumaturgo, como revelam antigas reportagens do jornal “O Dia” e outros periódicos. O jornal acentua que o Irmão fugia à publicidade e negava modestamente as curas a ele atribuídas, afirmando que “tudo é efeito exclusivo da fé”... e preferia o silêncio do templo, onde ficava a rezar e a pedir a Deus pelos que padecem. Conquistou muitos amigos não só em Santos, mas em São Paulo, Taubaté, Rio de Janeiro e outras cidades. Admiravam-lhe as virtudes e a gentileza e se recomendavam às suas orações, recebendo bênçãos e palavras de conforto. Impunha as mãos e orava pelos necessitados.

Atacado por um câncer na próstata por 3 anos, foi submetido a várias intervenções cirúrgicas. Sua compleição forte e resistente fez com que se recuperasse sucessivamente das crises. Entregou sua alma a Deus com 85 anos completos e 58 de vida religiosa. Um amigo solicitou seus restos mortais. O Definitório, em reunião de 14 de setembro de 1976 concedeu o pedido permitindo-lhe reter consigo tais restos até serem definitivamente inumados na cripta da igreja de Nossa Senhora de Fátima em Sapopemba (São Paulo).

Seu círculo amplo de amigos o procurava continuamente e ele a todos atendia com atenção e delicadeza. Por isso forneciam-lhe tudo o que julgavam necessário para a comodidade e o bem-estar.

O falecimento de Frei Diogo ocorreu em Santos, a 11 de Abril de 1969. Quando ainda estava em plena saúde, fez-se fotografar como morto no leito, mãos cruzadas, capuz na cabeça; multiplicou tais fotos, colocando as frases habituais para lembrança de falecimento, deixando apenas vaga a data a ser preenchida do dia da morte. Idéia singular... (Cf. AOMC, 85, 90).

Frei Marcelino Ferreira

11/09/1909
11/04/1994

Frei Juliano Marcelino Ferreira nasceu em São Vicente-SP, aos 11 de setembro de 1909. Era filho de Antônio Marcelino Ferreira e Júlia de Oliveira Santana. Foi batizado pelo Pe. Manoel Fernandes da Silva, na igreja São Vicente Mártir, aos 7 de novembro de 1909. Aí foi crismado. Fez a Primeira Eucaristia na igreja Santo Antônio do Embaré, em Santos. Fez os primeiros estudos em São Vicente.

 

Terceiro Franciscano

 

Com 31 anos de idade, em abril de 1940, foi admitido na OFS (Ordem Franciscana Secular) da Fraternidade Santo Antônio do Embaré, Santos. Trabalhava na firma J.M. HAFERS & Cia. Ltda. Exportadores de Santos, desde 1938. Aos 4 de julho de 1949 pediu demissão da firma para entrar para a Ordem Franciscana Capuchinha. Nessa mesma data o Diretor da firma aceitou seu pedido emitindo esta declaração:

“Pela presente cabe-nos declarar que o Sr. Antônio Marcelino Júnior retirou-se hoje de nossa firma, tendo sido nosso auxiliar desde princípios de 1938.

Muito lamentamos que o Sr. Marcelino tenha tomado a resolução de retirar-se de Santos, pois não só é um bom amigo, como sempre foi um auxiliar dedicado, honesto, correto e cumpridor de seus deveres em todo sentido da palavra.

Fazemos sinceros votos para que o Sr. Marcelino seja muito feliz em seus futuros empreendimentos, pois disto é merecedor”.

 

Noviciado e Profissão

 

Vestiu o hábito de Postulante em Taubaté, no convento Santa Clara, aos 19 de julho de 1949. Iniciou o noviciado no mesmo convento, em Taubaté, aos 18 de março de 1950. Foi seu Mestre Frei Epifânio Antônio Menegazzo. Emitiu a profissão temporária, perante seu Mestre Frei Epifânio, em Taubaté, aos 19 de março de 1951. Fez a profissão perpétua, perante Frei José Vendrame, no convento Imaculada Conceição de São Paulo, aos 19 de março de 1954.

 

Vida na obediência

 

Emitida a profissão temporária, Frei Juliano foi transferido para o convento Imaculada Conceição de São Paulo. Aí permaneceu 40 anos. Em 43 anos de Vida Religiosa, teve apenas três transferências. A primeira foi em abril de 1951, de Taubaté para São Paulo. Aí ocupou o ofício de alfaiate até dezembro de 1953, quando escolhido para Irmão Companheiro do Ministro Provincial, por dois triênios, até dezembro de 1960.

Recebeu a segunda transferência, de São Paulo para Santo Antônio do Embaré, em Santos. Aí recebeu o ofício de porteiro por três anos, de 1961 a 1963.

A terceira transferência foi de Santos para o convento Imaculada Conceição de São Paulo, em dezembro de 1963. Em São Paulo, foi sacristão, Arquivista Provincial, Ministro dos Enfermos e da Eucaristia. No convento era encarregado dos hóspedes e de levar correspondências ao correio.

 

Sacristão 15 anos

 

Frei Juliano foi sacristão na igreja Imaculada Conceição, em São Paulo, 15 anos. Na época, as intenções de missas eram individuais. Não havia missas comunitárias. A partir das 5 às 12 horas, de meia em meia hora havia celebrações de missas no altar-mor e nos altares laterais da igreja. Ocorria fre-qüentemente haver missas em todos os altares, 11 missas, no mesmo horário. O sacristão tinha que preparar tudo: altar, cálices, galhetas, missais, acender as velas dos altares, as luzes da igreja e das capelas laterais, colocar pano ou essa para as orações de exéquias no final das missas. Devia estar atento para que não faltasse um coroinha ou Irmão Terceiro para ajudar às missas.

Havia normas para as celebrações das missas e dos casamentos. Os fiéis, ao marcar as intenções, podiam escolher celebração nº 1, 2, 3, e 4. Celebração nº 1 era cantada com três padres, órgão e canto, todas as luzes da Igreja acesas, todas as velas, 12 castiçais, acesas. Tinha que preparar a maior e mais solene essa no fundo da igreja, para as orações de exéquias, no final da missa, com canto do “Dies Irae”, incenso e aspersão.

Na celebração nº 2 já não se usava tudo como na primeira, mas era solene. As outras celebrações nº 3 e 4 já eram bem mais simples.

Na parte da manhã, a igreja Imaculada permanecia lotada de fiéis do mais alto nível social de São Paulo. Por toda parte, no claustro, nos corredores do convento, ouvia-se grande vozerio de vários tipos de celebrantes, de sons de campainhas diferentes e, no final das missas, muita dor, choro e lágrimas.

O sacristão devia providenciar sacolas ou cestas para recolher as coletas oferecidas pelos fiéis.

Os casamentos também seguiam graduações. A igreja Imaculada Conceição já foi a mais procurada para casamentos em São Paulo. Em 1965, no mês de maio, num sábado houve 25 casamentos. O tempo destinado para cada casamento era de 15 minutos. Frei Juliano solicitava ajuda dos Estudantes de Teologia para fazer atas, acolher as testemunhas para assinaturas. Era responsabilidade dele organizar uma equipe para trocar a passadeira, diminuir ou aumentar os arranjos de flores, abrir a porta para a noiva, encaminhar o pessoal do casamento findo para a sala de cumprimentos, de tal forma que não impedisse a entrada da próxima noiva.

Aos domingos, no período da tarde, havia muitos batizados. Eram celebrações também movimentadas que mereciam muita atenção, delicadeza no bom acolhimento.

Frei Juliano desempenhava seu ofício de sacristão, nessa realidade, com verdadeiro espírito de fé no valor da obediência, humildade, dedicação, bom humor e simpatia. A alegria estava estampada no seu rosto e com um sorriso sereno cativava a todos. Foi um sacristão exemplar.

 

Ministro da Eucaristia e dos Enfermos

 

Desde 1972, mesmo ocupando os ofícios de sacristão em situação bem diferente, e de Arquivista Provincial, Frei Juliano atendia a muitos enfermos nas residência e nos hospitais, dentro e fora da paróquia, levando-lhes a SS.ma Eucaristia e o conforto da palavra cristã e amiga. Era procurado por uma multidão, sendo necessário agendar dias e horas para o atendimento. Distribuía orações e bênçãos aos que o procuravam. Aconselhava os necessitados.

 

Gratidão a São Francisco e à Ordem Franciscana

 

Frei Juliano louvava e agradecia continuamente a Deus pelo santo que é São Francisco de Assis e pela Ordem que ele fundou. Reconhecia que, como afirma Jesus no Evangelho, a “quem renuncia tudo” e professa a pobreza e a obediência, não falta nada. Considerava grande conforto ter uma cela para dormir, alimentação, médico, remédios, viagens. Costumava dizer: “Que seria de mim sem a Ordem Franciscana Capuchinha e a vocação para viver esta vida?!” Valorizava profundamente a fraternidade de todos frades, a amizade e o carinho do povo para com ele por ser frade.

 

Devoções

 

Como bom franciscano, Frei Juliano cultivava muitas devoções. A primeira e mais importante era a devoção a Jesus no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, passando horas diante do Sacrário. A segunda devoção era para com Nossa Senhora Imaculada Conceição, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, tendo seus motivos inspiradores nestas devoções. Para São José rezava pedindo proteção na hora da morte. Depois vinha São Francisco, Santo Antônio e todos os santos da Ordem. Para todos fazia Novenas ou Tríduos por ocasião de suas festas. Conservava as imagens ou estampas de todos na estante em cima de sua escrivaninha.

 

Gostava de estar com os frades

 

Frei Juliano marcou profundamente a vida de nossa Província com sua bondade, inteligência, perspicácia, humildade, simplicidade, dedicação, bom humor, alegria e sadia afetividade. Era equilibradamente afetivo para com todos. Prezava grandemente a amizade com todos e com cada frade. Nos encontros fraternos e no refeitório queria estar por dentro de tudo, não podia perder nada, não por curiosidade, mas porque desejava que todos os frades e comunidades estivessem bem.

 

Morreu sem reclamar

 

Há anos Frei Juliano sofria carregando pacientemente a cruz da enfermidade, sem reclamar. Era diabético. Depois de algum tempo, necessitando de andador para se locomover, foi para a cadeira-de-rodas. Em novembro de 1993 foi transferido pela última vez para a Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, enfermaria de nossa Província, em Piracicaba. Era muito realista. Foi para lá consciente de que a morte o esperava. A um confrade que, transferido para Santos, o visitou em São Paulo, disse Frei Juliano: “Amanhã vou para Piracicaba, para a enfermaria Nossa Senhora dos Anjos. Será minha última morada. Mando lembranças e abraços ao Frei Eugênio e Frei Germano. Diga-lhes que os espero lá na eternidade”.

No dia 11 de abril de 1994, a “Irmã Morte” veio aliviar o sofrimento e libertar nosso irmão Frei Juliano da dor e da doença. Faleceu sem reclamar, confiante na proteção de São José.

Após, missa exequial, presidida pelo Ministro Provincial Frei Augusto Girotto, concelebrada por muitos sacerdotes capuchinhos, com participação de vários confrades e fiéis de São Paulo e de Piracicaba, o corpo de Frei Juliano foi sepultado no Jazigo dos frades Capuchinhos no Cemitério da Saudade de Piracicaba. “Quem crê no Filho terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 40).

Frei Joaquim Dutra Alves, O.F.M. Cap.

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