Sacerdote da Primeira Ordem (1400-1482). Aprovou seu culto Leão XIII no dia 13 de maio de 1901.
Antonio Bonfaddini viveu em Cotignola os últimos dias de sua vida, deixando ali seu corpo incorrupto e o dom de seus milagres. Nasceu em Ferrara da família Bonfadini em 1400. Na universidade local se formou em 1439. Aos 37 anos ingressou para a Ordem dos Frades Menores no Convento do Santo Espírito de Ferrara e se distinguiu pela fidelidade à Regra franciscana, por seu espírito de oração e sua proveitosa pregação. Ordenado sacerdote, foi atraído pela pregação de São Bernardino de Sena, que havia produzido um despertar maravilhoso de virtudes também entre seus confrades.
Começou de imediato a percorrer os caminhos da Itália como pregador da divina palavra. É o século XV, o século de ouro da pregação e da santidade franciscanas. Antônio se integrou nesta estrela luminosa. Basta recordar o trio São Tiago de Marca, São João Capistrano e São Bernardino de Sena. Em semelhante clima não é de se admirar que Antônio se sentisse atraído à santidade. Este intenso e frutuoso apostolado desempenhado nestas regiões da Itália durou algumas décadas e levou muitas almas a uma renovação da vida cristã.
Antônio estendeu seu apostolado também aos povos dos quais, todavia, não havia chegado a luz do Evangelho. Inspirado por Deus dirigiu seu pensamento à gloriosa missão da Terra Santa. Não se sabe com certeza quanto tempo permaneceu na Palestina e as atividades desempenhadas no local. A sua idade muito avançada o fazia incapaz de uma atividade apostólica normal e por isso decidiu regressar à pátria.
De volta, retomou com renovado ardor seu apostolado de pregação nas cidades e campos. Foi grande o bem feito neste final de sua vida. Esgotadas suas forças, entregou sua alma a Deus em Cotignola, no Hospital dos Peregrinos, no dia 1º de dezembro de 1482. Tinha 82 anos de idade.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Duque da Terceira Ordem (1320-1364). Aprovou seu culto São Pio X no dia 14 de dezembro de 1904.
Carlos de Blois, Duque da Bretanha, nasceu em 1320, filho de Guido de Chatillon e de Margarida de Valois, irmã do rei de França Felipe VI. Aos seus dotes intelectuais e materiais unia profundas virtudes cristãs: piedade, humildade e espírito de sacrifício.
No dia 4 de junho de 1337 casou-se com Joana de Penthiève, sobrinha do Duque da Bretanha e sua principal herdeira. Morto João III da Bretanha no dia 30 de abril de 1341, Carlos, para defender os direitos de sua esposa, pegou em armas contra João de Monfort, que reivindicava para si o ducado. Esta luta de sucessão, um capítulo da guerra dos cem anos, transformou a Bretanha num campo de batalha, onde se enfrentaram França e Inglaterra, aliadas dos partidos de oposição. Carlos, leal cavaleiro, lembrou-lhe o dever de combater, apesar de sua índole o levar para uma vida de contemplação e oração.
Com efeito, escrevia mais tarde: “Melhor teria sido se fosse Frade Menor, porque o povo da Bretanha não consegue ter paz por causa de nossas lutas e, no entanto, não posso fazer nada sem o conselho dos barões”.
De 1341 a 1347, a guerra lhe foi favorável; neste período, trouxe para a Igreja dos franciscanos de Guingamp ornamentos suntuosos e fez construir uma capela real dedicada ao bispo São Luis de Anjou. Nesta mesma igreja ingressou na Terceira Ordem Franciscana Secular, esforçando-se toda sua vida para seguir a Regra e a Espiritualidade franciscanas.
No dia 20 de junho de 1347 foi preso na batalha de Roche-Derrien, padecendo numa prolongada e dolorosa prisão em Londres de 1348 a 1356. Naqueles anos escreveu a biografia de seu santo predileto, São Ivo da Bretanha, cuja canonização havia obtido do Papa.
Liberado da prisão pode gozar de uma paz relativa. Em 1363, a guerra foi retomada apesar das negociações, e em 29 de setembro de 1364 Carlos sucumbiu na batalha de Auray. Seu corpo, revestido do cilício e do hábito franciscano, foi sepultado na igreja dos franciscanos de Guingamp. Não demorou muito e o povo o venerou como santo. Sete anos depois de sua morte, Joana de Penthiève deu início ao processo para a sua canonização. Finalmente foi beatificado por São Pio X.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
(1820-1886) Virgem, Terceira Ordem Regular. Beatificada por João Paulo II
no dia 4 de maio de 1997.
Bem-aventurada María Encarnación (Vicenta) Rosal nasceu em Quetzaltenango, Guatemala, no dia 26 de outubro de 1820, num lar cristão, cresceu em um ambiente de fé. Aos 15 anos ingressou na congregação dos Padres de Belém, fundada pelo Beato Pedro Betancour.
Em 16 de julho recebeu o hábito das mãos do último padre Belemita, Frei José de San Martín, e tomou o nome de María Encarnación del Sagrado Corazón. Tornou-se reformadora da congregação e fundou casas também na Colômbia e no Equador.
Foi condenada ao desterro pelas autoridades da Guatemala e morreu no Equador, em 24 de agosto de 1886. Seu instituto trabalha atualmente em 13 países.
(1694-1741) Sacerdote da 1ª Ordem. Beatificado por João Paulo II, dia 9 de junho de 1991.
Nasceu em Wysoczka (Polônia) em 1694, recebendo o batismo com o nome de Melquior. Após os anos de formação, alistou-se no exercito polonês, deixando-o em 1715 para entrar na Ordem dos Frades Menores Conventuais. Foi ordenado sacerdote em 1717. Destacou-se pela sua piedade e devoção que soube unir de modo admirável com o exercito da pregação e do serviço heróico aos pobres e doentes. Aos que acorriam numerosos distribuía alimentos e roupas, tendo o cuidado de distribuir-lhes, juntamente com o pão material, o pão da fé e da esperança. Durante os anos da peste (1736-1738) prestou seu serviço quase ininterruptamente aos doentes, merecendo o apelativo de “apóstolo do hospital de Cracóvia”. Morreu a 2 de Dezembro de 1741. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II em Varsóvia, na Polônia, a 9 de Junho de 1991.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Penitente, Terceira Ordem (+ 1289). Pio VII concedeu em sua honra ofício e missa no dia 2 de janeiro de 1802.
Pedro “Pettinaio” nasceu em Campi, região de Chianti, provincia de Siena. De temperamento extrovertido e impulsivo na sua juventude, se emendou depois de sua conversão. Era fabricante e comerciante de pentes, o que confirma o apelido de “Pettinaio” que sempre acompanhou o seu nome. Começou a se santificar no exercício de sua profissão. Comprava e vendia sempre ao preço justo; a qualidade de seus produtos era tão apreciada pelos sienenses que ela ia ao mercado somente depois das vésperas, para não fazer concorrência aos seus competidores. Casou, mas não teve filhos, e ao comprovar a esterilidade de sua mulher, fez com ela o voto de castidade perfeita, mas se mostrou excelente esposo.
Frequentava assiduamente as pregações e os ofícios religiosos demonstrando grande caridade para com os pobres. Visitava continuamente4 o hospital de Santa Maria da Escada, curando aos enfermos, oferecendo remédios e beijando suas chagas. Vendeu primeiro a vinha de sua propriedade e logo a casa, conservando somente o que lhe permitia viver modestamente e foi se instalar num casebre próxima da Porta dell’ Olive. Se inscreveu na Terceira Ordem de São Francisco e, depois de ter renunciado a tudo, se esforçou para viver o espírito da altíssima pobreza.
Seu incessante zelo pelas obras de misericórdia o fez adquirir imediatamente a fama de grande santidade entre seus concidadãos. Era inclinado à contemplação e no final de sua vida estava mais retirado do mundo. Depois de uma grave enfermidade, obteve permissão para viver em uma cela do convento dos franciscanos, onde passava as noites em oração. Mostrava uma devoção ardente à Virgem. Foi peregrino em Roma, Assis, no Monte Alverne.
Depois de 14 anos de esforços adquiriu o dom de não falar senão por necessidade. Por isto é representado na iconografia com um dedo sobre os lábios, e é chamado de “Santo do Silêncio”. Morreu no dia 4 de dezembro de 1289.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Tomás Bullaker, Enrique Heath, Arturo Bell, Juan Woodcock, Carlos Meean – sacerdotes, mártires ingleses, Primeira Ordem (século XVII). João Paulo os beatificou no dia 22 de novembro de 1987.
No século XVII, na Inglaterra, Henrique VIII desencadeou uma grande perseguição religiosa como reação contra o Papa que havia recusado anular seu matrimônio. Numerosos são os mártires; entre eles são célebres o arcebispo São João Fischer e o chanceller Santo Tomás Moro. Entre os franciscanos temos São João Wall, São João Jones, e o beato João Forest e nossos cinco mártires. No dia 22 de novembro de 1987 o Papa João Paulo II associava no catálogo dos beatos os outros 85 mártires ingleses, invictos confessores da fé e do primado do papa, que se juntam aos beatificados por Pio XI em 1929. Assim aumenta o valoroso testemunho cristão.
Bem-aventurado Tomas Bullaken (1602-1642)
Sacerdote franciscano de coração ardente, defensor da fé, no dia 12 de outubro de 1642, depois de haver recebido a absolvição de um confrade, ao canto de Te Deum subiu ao patíbulo, onde foi enforcado e horrivelmente despedaçado.
Bem-aventurado Henrique Heath (1599-1643)
Nasceu de família protestante e numa fulgurante conversão se tornou católico. Logo se fez franciscano e sacerdote, levando uma vida austera, penitente, dedicando-se à pregação. No dia 7 de abril de 1642, se negou a abjurar da fé. Foi barbaramente enforcado e esquartejado em Tiburn (Londres).
Bem-aventurado Arturo Bell (1591-1643)
Ministro Provincial dos Frades Menores da Escócia e definidor Geral da Ordem, recebeu a sentença de morte ao canto do Te Deum. No palco quis celebrar sua última Missa, renovou sua profissão de fé e obteve a conversão do capitão Tovers. Juntos sofreram o martírio.
Bem-aventurado Juan Woodcock (1603-1640)
Nascido de pai protestante e de mãe católica, tão logo aderiu ao catolicismo e em 1631 se fez Frade Menor e foi ordenado sacerdote, desenvolvendo um proveitoso apostolado com a oração, o bom exemplo e a pregação. Em 1644 foi detido e encarcerado numa horrível prisão. Entre os encarcerados foi exemplo de paciência e sublime santidade; muitos deles foram levados a Deus por ele. No dia 7 de agosto de 1646, em Lancaster, com o martírio do enforcamento coroou sua vida de invicto defensor da fé.
Bem-aventurado Carlos Meean (1640-1679)
Irlandês de nacionalidade, logo se tornou um excelente irmão menor e sacerdote. Foi detido em Denbygh e condenado a 10 meses de dura prisão. Em 12 de agosto de 1678, em Ruthin Denby, antes do martírio, deixou suas últimas palavras, que são uma valorosa profissão de fé. Enforcado, seu corpo foi cruelmente despedaçado, enquanto sua alma voltou ao céu ao receber o martírio. A esses cinco heróicos mártires poderemos com São Francisco dizer: “Eis aqui cinco verdadeiros Irmãos Menores”.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Viúva da Terceira Ordem Regular (1806-1860) e fundadora das Irmãs Franciscanas Estigmatinas
Ana Maria nasceu em Florença, em 27 de maio de 1809, filha do barbeiro José Fiorelli e de Rosalinda Pecorai. Ela é quinta de 11 irmãos. Não podendo entrar em uma comunidade religiosa porque sua pobreza não permitia reunir o dote necessário, no dia 18 fevereiro de 1833 se uniu em casamento com João Lapini, amigo da família e companheiro de infância. A união não foi feliz e Anna sofreu muito com a vida desregrada do marido, que vivia em jogatinas, era preguiçoso, frequentador de bares e blasfemo.
Quando João, depois de se converter, morreu em 1842, ela, que tinha 35 anos, retirou-se a um bairro modesto de fora do portão de San Miniato para viver na pobreza. Em 17 de maio de 1850, na aldeia “Fantine”, junto com outras seis companheiras, diante do altar e de um frade franciscano de Monte alle Croci, tirou os sapatos, trocou os vestidos seculares, cortou os longos cabelos e tomou o hábito franciscano, com o nome de Irmã Ana das Sagradas Chagas. Assim nasceu o Instituto das “Filhas Pobres das Sagradas Chagas de São Francisco de Assis”, ou seja, as Irmãs Franciscanas Estigmatinas, com o carisma voltado para a educação da juventude. A Congregação, aprovada pela Santa Sé em caráter provisório a 25 de julho de 1855 e em definitivo no dia 19 de setembro de 1888, expandiu-se rapidamente. Irmã Ana fez sua profissão religiosa solene em 1855 e, cinco anos depois, em 15 de abril de 1860 morreu no retiro maior do Instituto chamado Santa Maria della Neve, no Pórtico de Florença, onde foi sepultada.
A vida da bem-aventurada Ana Maria Fiorelli Lapini é repleta de experiências: de jovem temerosa a Deus, noiva, esposa infeliz e viúva piedosa dedicada a Deus na Ordem Franciscana Secular e, finalmente, fundadora do instituto regular franciscano. Uma mulher forte, uma mãe que deu à Igreja muitas filhas.
Suas principais características são: a cruz e o sofrimento; espírito de pobreza franciscana, vida de oração; educação de jovens; assistência aos doentes; vida contemplativa que deve encontrar expressão no serviço aos necessitados. Em 1985, o instituto tinha 1.300 irmãs, com 125 casas na Itália, Brasil, Equador e Espanha. Atualmente, no Brasil, existem 5 casas.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Virgem, Terceira Ordem (1811-1880). Fundadora das Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia. Canonizada por Pio XII em 12 de junho de 1949.
A 17 de maio de 1809, Napoleão decretou que os Estados Pontifícios fossem anexados ao Império Francês. À noite, o papa Pio VII excomungou Napoleão, e disse que não cederia. Ele foi preso em Savona, a 40 quilômetros de Gênova. A pressão continuou sobre os bispos que, aos poucos, foram aderindo ao decreto que permitia a Napoleão também designar novos bispos. A partir de 1814 as coisas começaram a voltar ao normal. A igreja foi vencendo os problemas criados pelos franceses, mantendo a independência de seu pequeno estado. Preocupa-se com os pobres e cria instituições assistenciais, que foi novidade na época.
Nesse ambiente em que a Igreja se volta para acolhimento dos pobres nasceu e cresceu Benedita, que recebeu o nome na glória dos santos de Maria Josefa Rossello.
Benedita nasceu em Albisola Marina, em Savona, Itália, em 27 de maio de 1811, de uma familia humilde, que trabalhava com argila, fabricando vasilhas.
Inscreveu-se muito jovem na Ordem Terceira de São Francisco. Aos dezenove anos foi para a casa dos Monleoni, para cuidar do Patriarca, já idoso e adoentado. Fez isso com tamanha dedicação e carinho que, após sete anos, ao morrer Monleoni, sua viúva quis adotá-la, inclusive com a possibilidade de que ela se tornasse herdeira deles, pois não tiveram filhos. Ela recusou, porque seu desejo era viver em uma casa de caridade.
Quando o bispo de Mari quis voluntárias para a implantação de um instituto de educação para meninas pobres, Benedita e mais duas companheiros aceitaram o convite. E foram viver em uma casa alugada para essa finalidade, em 10 de agosto de 1837. Logo depois, no dia 22 de outubro, tornou-se religiosa, recebendo o nome de irmã Maria Josefa. Três anos depois era a superiora da congregação, que já contava com sete irmãs e algumas noviças.
“Coração para Deus, mãos para o trabalho”, era a exortação que Maria Josefa Rossello repetia com frequência às Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia. Esse lema foi também o seu programa de vida, tanto que atuou com generosa dedicação a Deus e ao próximo, desde os primeiros anos da sua juventude.
Sempre confiante na Providência Divina, construiu várias casas para cuidar de meninas pobres. Em 1869, abriu o Pequeno Seminário para meninos, filhos de operários pobres, encaminhando-os gratuitamente à carreira eclesiástica.
Morreu aos 69 anos, a 7 de dezembro de 1880, na casa-mãe, em Savona. Em 12 de junho de 1949 foi canonizada por Pio XII.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola
Padroeira e Rainha da Ordem Franciscana
Estamos diante de um mistério. Ou seja: diante de um fato que nossa inteligência, por ser conhecidamente limitada, não consegue abranger nem explicar por inteiro. O mistério não contradiz a razão humana, mas a excede.
O privilégio da Imaculada Conceição não se refere ao fato de Maria de Nazaré ter sido virgem antes, durante e depois do parto de Jesus. Não se refere ao fato de ter ela concebido o filho sem o concurso de homem, mas por obra e graça do Espírito Santo. Não se refere ao fato de Maria não ter cometido nenhum dos pecados que nós costumamos fazer, confessar e nos esforçamos por evitar. Refere-se ao fato de Deus havê-la preservado da mancha com que todas as criaturas humanas nascem, mancha herdada do pecado cometido por Adão e Eva. A teologia chama esta mancha de “pecado original”. Original, não porque nascemos como fruto de um ato sexual. Mas original, porque se refere à origem de toda a humanidade, ou seja, aos nossos primeiros pais, que a Bíblia chama de Adão e Eva.
A Sagrada Escritura ensina-nos que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança. Não o fez por necessidade, mas num gratuito gesto de amor. Criado por amor, o ser humano estava destinado a uma plena e eterna comunhão com Deus. Comunhão tão íntima e divina, que o próprio Filho de Deus dela poderia participar sem nenhuma diminuição de sua divindade.
Ora, para o Filho de Deus encarnar-se, Deus havia escolhido desde sempre uma mulher e a havia imaginado santíssima, ou seja, adornada com todas as qualidades e belezas do próprio Deus. Para Deus, imaginação e criação é a mesma coisa.
Aconteceu, no entanto, o grande transtorno: nossos primeiros pais, apesar de feitos à imagem e semelhança de Deus, eram criaturas e como criaturas dependiam do Criador. Sua liberdade era a plenitude da liberdade como criaturas. Adão e Eva pecaram, querendo passar da liberdade e santidade de criaturas à liberdade e santidade do Criador, ou seja, quiseram igualar-se a Deus. Pecado de orgulho. Um pecado de desobediência à condição de criaturas, querendo a condição do Criador. Eles quiseram “ser como Deus” (Gn 3,5). Eles quiseram comportar-se como Deus e não como criaturas de Deus.
A Sagrada Escritura fala das consequências dramáticas dessa prepotência dos nossos primeiros pais: embora mantendo a dignidade de imagem e semelhança de Deus, perderam, como diz São Paulo “a graça da santidade original” (Rm 3,23), passaram a ter medo de Deus, perderam o equilíbrio de criaturas, ou seja, foram tomados pelas más inclinações e passaram a sentir em sua consciência a desarmonia e a tensão entre o bem e o mal e a experiência da terrível necessidade de optar entre um e outro, e “a morte entrou na história da humanidade” (Rm 5,12).
Ora, os planos de Deus, ainda que as criaturas os desviem ou quebrem ou não os queiram, acabam se realizando.
Aquela mulher imaginada (criada) por Deus antes do paraíso terrestre, para ser a Mãe do Filho em carne humana, estava isenta do pecado de Adão e Eva. Há, porém, uma verdade de fé professada pela Igreja, que ensina que todas as criaturas humanas são redimidas, sem exceção, exclusivamente pelos méritos de Jesus Cristo. Ora, Maria é uma criatura e não uma deusa. Por isso, também ela deveria ter sido redimida por Jesus.
Os teólogos discutiram durante séculos sobre como Maria poderia ter sido remida. Nunca, nenhum santo Padre duvidou da santidade de Maria, de sua vida puríssima, de seu coração inteiramente voltado para Deus, ou seja, de ser uma mulher “cheia de graça” (Lc 1,28). Mas, ainda que a pudessem imaginar imaculada, havia teólogos que não conseguiam argumentos teológicos suficientes para crê-la isenta do pecado original. Um deles, por exemplo, foi São Bernardo, autor de belíssimos textos sobre Nossa Senhora, insuperável na descrição da maternidade divina de Maria.
Entre os teólogos favoráveis à imaculada conceição de Maria devemos mencionar o Bem-aventurado Duns Scotus, que argumentava assim: Deus podia criá-la sem mancha, porque a Deus nada é impossível (Lc 1,37); convinha que Deus a criasse sem mancha, porque ela estava predestinada a ser a Mãe do Filho de Deus e, portanto, ter todas as qualidades que não obnubilassem o filho; se Deus podia, se convinha, Deus a criou isenta do pecado original, ou seja, imaculada antes, durante e depois de sua conceição no seio de sua mãe.
Em 1615 encontramos o povo de Sevilha, na Espanha, cantando pelas ruas alguns versos, derivados do argumento de Duns Scotus: “Quis e não pôde? Não é Deus / Pôde e não quis? Não é Filho. / Digam, pois, que pôde e quis”.
Também os artistas entraram na procissão dos que louvavam e difundiam a devoção à Imaculada. Nenhum foi tão feliz quanto o espanhol Murillo, falecido em 1682. A ele se atribuem 41 diferentes quadros da Imaculada, inconfundíveis, sempre a Virgem em atitude de assunta, cercada de anjos, a meia lua sob os pés, lembrando de perto a mulher descrita pelo Apocalipse: “revestida de sol, com a lua debaixo dos pés” (Ap 12,1). A lua, por variar tanto, é símbolo da instabilidade humana e das coisas passageiras. Maria foi sempre a mesma, sem nenhum pecado.
“No entanto, escreve o Santo Padre Pio IX, era absolutamente justo que, como tinha um Pai no céu, que os Serafins exaltam como três vezes santo, o Unigênito tivesse também uma Mãe na terra, em quem jamais faltasse o esplendor da santidade. Com efeito, essa doutrina se apossou de tal forma dos corações e da inteligência dos nossos antepassados, que deles se fez ouvir uma singular e maravilhosa linguagem. Muitas vezes se dirigiram à Mãe de Deus como a toda santa, a inocentíssima, a mais pura, santa e alheia a toda mancha de pecado, … mais formosa que a beleza, mais amável que o encanto, mais santa que a santidade, … a sede única das graças do Santíssimo Espírito, sendo, à exceção de Deus, a mais excelente de todos os homens, por natureza, e até mesmo mais que os próprios querubins e serafins. E para a decantarem os céus e a terra não acham palavras que lhes bastem” (Ineffabilis Dei, 31).
No dia 8 de dezembro de 1854, o bem-aventurado Papa Pio IX declarou verdade de fé a conceição imaculada de Maria. O dogma soa assim: “Pela inspiração do Espírito Santo Paráclito, para honra da santa e indivisa Trindade, para glória e adorno da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica e para a propagação da religião católica, com a autoridade de Jesus Cristo, Senhor nosso, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e nossa, declaramos, promulgamos e definimos que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, foi preservada de toda mancha de pecado original, por singular graça e privilégio do Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos homens, e que esta doutrina está contida na Revelação Divina, devendo, portanto, ser crida firme e para sempre por todos os fiéis” (Ineffabilis Dei, 42).
Mas a devoção à Imaculada é muito antiga. Basta lembrar que a festa é conhecida já no século VIII. Desde 1263, a Ordem Franciscana celebrou com muita solenidade a Imaculada Conceição, no dia 8 de dezembro de cada ano e costumava cantar a Missa em sua honra aos sábados. Em 1476, o Papa Xisto IV colocou a festa no calendário litúrgico da Igreja. Em 1484, Santa Beatriz da Silva, filha de pais portugueses, fundou uma Ordem contemplativa de mulheres, conhecidas como Irmãs Concepcionistas, para venerar especialmente e difundir o privilégio mariano da Imaculada Conceição de Maria, Mãe de Deus.
Desde a proclamação do dogma, a festa da Imaculada Conceição passou a ser dia santo de preceito. Em Roma, na Praça Espanha, para perenizar publicamente a declaração do dogma, levantou-se uma belíssima e trabalhada coluna encimada pela estátua da Imaculada Conceição. Todos os anos, no dia 8 de dezembro à tarde, o Papa costuma ir à Praça e com o povo romano e os peregrinos reverenciar o privilégio da imaculada conceição da santíssima Virgem, privilégio que deriva de seu título maior: ser a Mãe do Filho de Deus Salvador.
Nem quatro anos depois de proclamado o dogma, em Lourdes, na França, à menina Bernardete, simples e analfabeta, que perguntava insistentemente à visão quem era ela, recebeu como resposta, cercada de terníssimo sorriso: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Não podemos esquecer que a estátua de Nossa Senhora Aparecida é uma Imaculada Conceição e por isso mesmo seu título oficial é Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Como é bonito, piedoso e comovente escutar o povo brasileiro cantando uníssono: Viva a Mãe de Deus e nossa / sem pecado concebida! / salve, Virgem Imaculada, / ó Senhora Aparecida!
Frei Clarêncio Neotti, OFM
Virgem, Segunda Ordem (1592-1665). Beatificada por João Paulo II no dia 29 de maio de 1982, na ocasião do oitavo centenário de nascimento de São Francisco de Assis.
Jerônima Maria Inês nasceu no dia 1º de setembro de 1592 em Barcelona, a última de quatro filhos de Cristóvão e Catarina Astorch. Não chegou a conhecer a sua mãe, que morreu dez meses após o seu nascimento. Confiada a uma senhora que a amamentasse, perde também o pai aos cinco anos. Sua irmã Isabela seguia o grupo de jovens, atraída pela espiritualidade de Ângela Serafina Prat. Também a pequena Jerônima ligou-se rapidamente à vida das clarissas capuchinhas. E mais ainda quando, com sete anos, por ter comido algumas castanhas, fora considerada morta, se não fosse a intervenção da madre Serafina a qual, numa oração de êxtase a fez retornar à vida. A mesma Jerônima escreveu: a minha infância terminou aos sete anos; em seguida tornei-me mulher de juízo, responsável, e por isso, paciente, medida, silenciosa e veraz.
Aos nove anos, os seus tutores quiseram que ela estudasse. Aprendeu a ler e a escrever, e os trabalhos femininos. Surgiu nela uma verdadeira paixão por livros, especialmente os escritos em latim, o que enchia de admiração o seu professor. Por isso se fazia, a respeito dela, brilhantes prognósticos para o seu futuro. Mas ela, desejosa de seguir o exemplo da sua irmã, pediu para entrar no mosteiro. Após certa perplexidade dos parentes, considerada a sua maturidade superior à sua idade de 11 anos, pôde realizar o seu desejo. No dia 10 de setembro de 1603 atravessou a porta da clausura. Como religiosa recebeu o nome de Maria Ângela. Teve como diretor espiritual um confessor muito bem preparado, que vivera, durante dez anos como eremita, o Padre Martin Garcia.
Ela procurava imitar a fundadora Ângela Serafina Prat e a sua irmã Isabela. No dia 17 de Setembro de 1608 iniciou realmente o noviciado sob a direção discreta da sua irmã como mestra. No dia 8 de Setembro de 1609 fez a profissão nas mãos de Catarina de Lara, que sucedera à fundadora que havia morrido no ano anterior. Enquanto isso, a nova congregação Capuchinha ia-se expandindo rapidamente. A madre Ângela Maria com outras cinco irmãs foram enviadas a fundar um convento em Saragosa, destinado a tornar-se um centro de irradiação das clarissas Capuchinhas na Espanha.
No dia 19 de Maio de 1614 aquele grupo de religiosas partiu para Saragosa. A Irmã Maria Ângela tinha o encargo de mestra das noviças e da secretaria; mas custou-lhe muito o separar-se da irmã que morreria apenas dois anos depois, aos 36 anos de idade. A viagem foi um desastre: carro e cavalos tombaram. No novo convento de Nossa Senhora dos Anjos, Maria Ângela torna-se fundadora de uma geração de capuchinhas.
Em 1624 torna-se vigária da comunidade, e três anos mais tarde, abadessa. Mas permaneceu sempre a responsável da liturgia coral, da dignidade da recitação da Liturgia das Horas. No início de seu ofício de abadessa conseguiu do papa Urbano VIII a aprovação das Constituições das capuchinhas espanholas. Consciente da importância do conhecimento da regra para a santificação de qualquer instituto religioso, insistia para que as irmãs a estudassem continuamente, e no mosteiro fazia lê-las publicamente no refeitório, uma vez ao mês, para que também as analfabetas aprendessem de cor. Era uma madre que fazia de tudo: cozinha, lavanderia, enfermaria, horta. Quando alguém lhe perguntava o porquê, respondia: por vocês eu daria até a vida. Dividia com os pobres as esmolas do convento e socorria com generosidade os necessitados com o pouco que dispunha. Quando Saragosa foi invadida por fugitivos miseráveis, provenientes da Catalunha em revolta, distribuiu a algumas pobres mendigas os vestidos que as noviças tinham trazido quando vieram para o convento.
No mosteiro de Saragosa permaneceu ao longo de trinta anos. A comunidade crescera em número e qualidade e o espaço já se tornara insuficiente. O desejo de Ângela de propagar a Ordem aconteceu após um crime sacrílego realizado pelas forças de Luiz XIV que profanaram algumas igrejas em Barcelona. Um sacerdote diocesano, Aleixo de Boxadós, pensou em erguer um convento de clarissas com o título reparador Exaltação do Santíssimo Sacramento e entrou em contato com as capuchinhas. No dia 2 de Junho de 1645, cinco irmãs guiadas pela Madre Ângela com o referido padre dirigiram-se para Múrcia. Uma solene procissão inaugurou o novo mosteiro em Múrcia dedicado ao Santíssimo Sacramento, bem ao gosto da madre Ângela, pois ela recapitulava toda a cristologia na eucaristia. O mosteiro tornou-se um centro de espiritualidade.
Durante a peste de 1648 que se alastrou pela região, as religiosas foram poupadas, bem como das frequentes inundações do Rio Segura no ano de 1651, se bem que o mosteiro tenha sido muito danificado. As religiosas tiveram de se retirar para uma residência de férias dos jesuítas, nas montanhas. Nesta residência permaneceram por treze meses até que o mosteiro fosse restaurado. Regressaram no dia 22 de Setembro de 1652, mas um ano depois tiveram de voltar à casa da montanha devido a uma nova inundação.
Voltando ao mosteiro, ela continuou seu ofício de abadessa até 1661. Entrando na casa dos setenta anos deveria retirar-se sozinha. Passou a dedicar mais tempo à contemplação. Em meados de novembro de 1665 teve crises de epilepsia, recuperando-se em seguida. Mas era sinal do fim. Sentia-se na cruz. Em fama de santidade, morreu no dia 2 de Dezembro de 1665, com 73 anos. O seu corpo conserva-se no novo mosteiro de Múrcia.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola
Sacerdote e mártir da Primeira Ordem (1827-1860). Beatificado por Pio XI no dia 10 de outubro de 1926.
Engelberto Kolland nasceu em Ramsau, na Áustria, no dia 21 de setembro de 1827, filho de Caetano e Maria Sporer, de condição modesta mas ricos em virtudes cristãs. O pai, durante o verão, deixava seus filhos na casa de Maria Brugger para ir a Estiria com sua esposa trabalhar como lenhador e ganhar um pedaço de pão. Os filhos estavam em mãos seguras, na escola da Sra. Brugger, cresceram bem, instruídos e fervorosos cristãos.
Engelberto tinha um caráter vivaz e inquieto mas no momento de oração se acalmava e se colocava em atitude devota que parecia um santo. O arcebispo de Salzburgo, em uma visita às paróquias de Zell, conheceu o pequeno Engelberto, vislumbrou nele sinais de vocação e que poderia chegar a ser um ótimo sacerdote, o admitiu gratuitamente no seminário diocesano. Depois de quatro anos, foi dispensado porque era demasiado inquieto. Ao voltar para a família, trabalhou com seu pai por um ano, logo retornou aos estudos porque sentia em seu coração uma voz misteriosa que o chamava ao serviço de Deus.
Um dia, andando pela estrada, encontrou um grupo de noviços franciscanos. Observou-os atentamente e ficou impressionado com sua modéstia, com seu recolhimento. Alguns meses depois pediu ingresso na Ordem. Foi ordenado padre em Bolzano em 13 de julho de 1851. Em 1855, partiu como missionário para a Terra Santa, precisamente para Damasco. Foi martirizado em 1860, aos 33 anos. Pio XI o beatificou no dia 10 de outubro de 1926.
Ele deu o nome à nova província austríaca, que se uniu das duas províncias: São Leopoldo (Tirol) e São Francisco (Bolzano) se uniram numa só Província. A nova Província compõe-se de 130 Frades. A sede fica em Innsbruck, na Áustria.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola
Ermitão, Terceira Ordem (+ 1373). Aprovou seu culto Pio IX em 4 de outubro de 1856.
Hugolino Magalotti nasceu em Camerino, nas Marcas, de família nobre e antiga. Logo tornou-se órfão de mãe e não muito tempo depois de pai também.
Quando jovem, era inclinado à piedade e à leitura de livros sagrados. Tendo integrado a Ordem Franciscana Secular, distribuiu entre os pobres todos os seus pertences e se retirou para a vida eremítica. Passou por tentações violentas e aparições monstruosas e seu nome se tornou famoso pelos milagres, a ponto de ter de mudar de eremitério para se esconder dos curiosos.
De vez em quando costumava ir ao Riosacro, mosteiro vizinho para receber os sacramentos. Seu leito usual era uma tábua lisa.
O primeiro eremitério de Hugolino ficava nas encostas do Monte Ragnolo, não muito longe das cabeceiras do rio Tenna. Ali realizou vários milagres. Como sentia necessidade da vida contemplativa, mudou-se para o outro lado do monte Ragnolo, numa localidade cercada de rochas, na proximidade de Fiegni. Ali voltou a intensificar a sua vida de penitência e de íntima união com Deus. Conta-se a lenda que, com a oração, ele fez brotar uma fonte de água limpa que hoje é usada por seus devotos.
Consumido pelos jejuns e penitências, sob o peso dos anos, Hugolino sentia chegar a sua hora. E a irmã morte chegou no dia 11 de dezembro de 1373. A constante veneração tributada às suas relíquias e os milagres que fizeram glorioso seu sepulcro, moveram o Papa Pio IX a aprovar seu culto em 4 de dezembro de 1856.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola
Sacerdote da Ordem Franciscana Regular (1826-1879). Fundador da Sociedade dos Sacerdotes do Prado. Beatificado por João Paulo II em 4 de outubro de 1986.
Nascido a 16 de abril de 1826, em Lyon, de uma família modesta, foi ordenado em 1850. Aos 17 anos, o jovem Antônio sentiu-se chamado ao ministério sacerdotal. No primeiro ano de estudos teológicos, pensou seriamente ingressar no Instituto de Missões estrangeiras de Paris. Não realizou seu desejo, mas o ideal missionário permaneceu nele e se manifestou concretamente no momento de sua ordenação sacerdotal em 1850, quando foi nomeado coadjutor da paróquia de Santo André de la Guillotière, bairro industrial e operário da cidade de Lyon, França. Três coisas aí o marcaram e fizeram sofrer muito: a “miséria e ignorância” das pessoas, agravada pelas “inundações catastróficas” do Ródano em fins de maio de 1856; o “distanciamento do clero” em relação às mesmas; a sensação nítida de que a pastoral utilizada pela Igreja local não servia. “Um pouco menos de devoção e um pouco mais de fé”, dizia.
Na Noite de Natal de 1856, diante do presépio, recebeu a revelação da divina pobreza e o amor do Natal, e desde então, como perfeito imitador de São Francisco de Assis, viveu uma vida cada vez mais pobre: “Foi meditando durante a noite de Natal de 1856 sobre a pobreza de Nosso Senhor e sobre a Sua descida para o meio dos Homens que resolvi deixar tudo e viver o mais pobremente possível. Foi o mistério da Encarnação que me converteu!… Então decidi-me a seguir Nosso Senhor Jesus Cristo mais de perto. E o meu desejo é que vós próprios sigais de perto Nosso Senhor”.
Incentivado pelo Santo Cura d’Ars aceitou em 1857 o ofício de diretor espiritual da “Cidade do Menino Jesus”, uma obra fundada em Lyon para meninos pobres, que se propunha sobretudo a preparação dos meninos para a primeira comunhão e a acolhida dos meninos abandonados. Em 1859 decidiu fundar a sua obra em favor dos jovens marginalizados. Com a ajuda de Frei Pedro Louat e de Irmã Amélia e Ir. Maria comprou um grande salão de baile, situado próxima da paróquia de Santo André, em Lyon, que se chamava “Prado” e que foi o centro de suas obras assistenciais.
À obra para os jovens juntou-se uma escola para clérigos da qual saíram os sacerdotes que formaram a “Sociedade dos Sacerdotes do Prado”. Antônio Chevrier estava convicto de que a “formação de sacerdotes e catequistas, consagrados à evangelização dos pobres, era a grande necessidade da sua época e da Igreja”. E para isso só sacerdotes pobres estariam em condições de fazê-lo: “Sacerdotes despojados (Presépio), crucificados (Calvário) e dados em alimento (Eucaristia)”.
Em Lyon, depois de um ano de fortes dores por causa de uma úlcera, Antônio se juntou na paz dos santos no dia 2 de outubro de 1879, aos 53 anos. Foi beatificado por João Paulo II durante sua peregrinação apostólica a Lyon, no dia 4 de outubro de 1986, festa do Seráfico Pai São Francisco de Assis, a quem tanto amou o bem-aventurado Antônio Crevrier.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola
Sacerdote da Primeira Ordem (1241-1306). Pio VII concedeu em sua honra ofício e missa, no dia 21 de abril de 1817.
Conrado nasceu em Ofida, na província de Ascoli Piceno, nas Marcas, em 1241 e aos 14 anos vestiu o hábito franciscano dos Frades Menores. Iniciados o estudos no convento de Ascoli os abandonou quase de imediato para se entregar aos ofícios humildes da casa, apesar de suas notáveis qualidades intelectuais. Foi enviado ao convento de Forano, onde permaneceu dez anos.
Existem muitos documentos que marcaram a sua vida neste período: uma vez enquanto estava em oração no bosque ligado ao pequeno convento, ao ver caminhando em sua direção um lobo perseguido pelos cachorros e caçadores, o tomou sob sua proteção, transformando-o em um manso animal, que depois se tornou guardião do convento.
Dada a sua exemplaridade, o Ministro Geral dos Frades Menores, Padre Jerônimo de Ascoli, o transferiu para o Monte Alverne. Mais tarde os superiores lhe ordenaram continuar os estudos para ser ordenado sacerdote, com específico destino ao ministério da palavra, no qual sobressaiu de forma surpreendente pela eficácia e pelos frutos espirituais.
Em 1294 obteve do Papa São Celestino V permissão para passar algum tempo entre os monges celestinos. Durante estes anos teve contatos espirituais esporádicos com Pedro Juan Olivi, o reformador franciscano suspeito de erros heréticos em seus escritos sobre a questão da pobreza evangélica. As relações do Bem-aventurado Conrado com ele se limitaram, no entanto, aos deveres da fraternidade. Quando Bonifácio VIII suprimiu a congregação dos celetinos, Conrado retornou ao convento franciscano.
Viveu em pobreza, na oração, na penitência e em apostolado. Em mais de cinquenta anos de vida religiosa carregou um só hábito e nunca usou sandálias.
Foi grande pregador, levou a Palavra de Deus a grandes cidades, e aos pequenos povoados. As conversões se multiplicaram. Depois de longos anos de vida austera e rígida, Conrado foi chamado por Deus a receber a recompensa eterna. Morreu em Bastia, próxima de Assis, durante uma missão no dia 12 de dezembro de 1306, com a idade de 65 anos. Seu corpo foi levado em 1320 para a Igreja de São Francisco em Perúgia, e atualmente repousa no oratório de São Bernardino.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola
Sacerdote da Terceira Ordem (1227-1300). São Pio X aprovou seu culto em 27 de abril de 1910.
Os condes João e Justina Bompedoni viviam muito felizes no seu castelo em São Gimigniano, na bela região italiana da Toscana. A felicidade ficou completa quando nasceu o filho, em 1228, batizado com o nome de Bartolomeu. A família, muito religiosa, educou-o dentro dos princípios verdadeiros da doutrina cristã. Ele cresceu humilde, caridoso e voltado apenas para a religião, apreciando mais a simplicidade que o luxo. Na juventude, quis seguir a vida religiosa. Mas os pais foram contra, queriam o único fílho junto de si e cuidando dos negócios da família. Decidiram que era melhor que ele se casasse.
Acertam a aliança com uma nobre família, cuja bela filha, cristã e caridosa, também aguardava por um matrimônio apropriado. Mas no dia do noivado Bartolomeu fugiu. Procurou acolhida no Mosteiro beneditino de São Vito, na vizinha cidade de Pisa. Não ingressou como noviço, decidiria isso só depois. Ficou lá apenas trabalhando como enfermeiro entre os doentes.
Certa noite, que ele próprio não soube explicar se teve um sonho ou uma visão, Jesus Ressuscitado lhe apareceu, com o corpo cheio de chagas, e disse: “Para fazer a minha vontade, não devereis tornar-te um monge; devereis, ao invés, viver no sofrimento por vinte anos”. Bartolomeu, ouvindo o “recado”, deixou o mosteiro e a cidade, indo para outra região, Volterra, onde ingressou na Ordem Terceira Franciscana.
Aos trinta anos de idade, o bispo de Volterra ordenou-o sacerdote e enviou-o como capelão de um pequeno povoado e, depois, pároco de outro. Nas duas missões, distinguiu-se pelo zelo apostólico. Foram vinte anos dedicados à caridade aos pobres, de amor ao próximo e de palavras reconciliadoras. Padre Barrolomeu era amado por todos, ricos e pobres.
Com pouco mais de cinqüenta anos de idade, consternou os fiéis ao comunicar que havia contraído a lepra. Chegara, então, o momento do seu sofrimento. Naquele tempo, a doença significava total exclusão social, ou seja, era a morte em vida. Pediu ao seu bispo, que concordou, e se retirou como reitor do leprosário de Cellole, na mesma região.
Foi então que Bartolomeu, agora isolado, ganhou fama e notoriedade. A serenidade e santidade da sua figura causavam admiração na população de toda a Itália. A paciência e a capacidade de suportar o seu sofrimento, aliviando e confortando seus companheiros de infortúnio, eram realmente dignas de um irmão franciscano.
Comparado ao personagem bíblico leproso e mesmo assim agradecido a Deus, passou a ser chamado de “o Jó da Toscana”. Recebia devotos de todos os lugares que iam à sua procura em busca de conselho. Aos que se lamentavam de qualquer dificuldade ou doença, respondia com a alegria dos santos: “Não sabes que precisava que Cristo sofresse para entrar na sua glória?” Morreu vinte anos depois, em 12 de dezembro de 1300, aos setenta e dois anos.
Seu túmulo, na igreja de Santo Agostinho, em São Gimigniano, Toscana, ainda hoje é um lugar de milagres e graças atribuídos à sua intercessão, sobretudo pelos doentes de hanseníase, a popular lepra. O culto nessa data foi aprovado em 1498, quando a Santa Sé declarou bem-aventurado Bartolomeu Bompedoni.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Religiosa da Terceira Ordem Regular (1819-1876). Fundadora das Irmãs Franciscanas dos Pobres de São Francisco. Beatificada por Paulo VI em 28 de abril de 1974
Maria Francisca Schevrier nasceu em Aachen, na Alemanha, no dia 3 de janeiro de 1819, filha de Juan Enrique e Luisa Migeon. Depois da morte de sua mãe, em 1832, tomou o costume de socorrer aos pobres em suas necessidades e de ensinar-lhes o catecismo.
Em um ambiente novo indiferente, às vezes hostil, porque a burguesia ostentava uma atitude volteriana, Maria Francisca não poupava esforços e nem se deixava vencer por nenhum temor e encontrou ajuda para o seu projeto em um sacerdote de sua paróquia.
A Congregação das Irmãs Franciscanas dos Pobres existe ainda hoje graças à singular figura de Francisca Schervier. Desde a juventude sentia profunda atração pela vida e obra de São Francisco de Assis. Filha de um fabricante de agulhas de costura na época da revolução industrial, Francisca costumava distribuir roupa e comida aos operários de seu pai, ciente das condições de pobreza e opressão em que eles viviam e trabalhavam. Ainda adolescente, essa experiência acabou decidindo o seu futuro. Era já muito afeita à oração e ansiava por ajudar os pobres e doentes da vizinhança, uma ousadia para a época em que as jovens de família não podiam sair de casa desacompanhadas. Certo dia, ajoelhada em oração diante do Crucifixo, como ela escreveu, anos depois: “Senti arder em mim a chama de um santo amor ao próximo.” E foi aí que começou a história das Irmãs Franciscanas.
Em junho de 1844, Francisca entrou para a Ordem Terceira de São Francisco, fundada pelo próprio santo para reunir seus seguidores leigos. Ela já voluntariava em sua paróquia, servindo sopa aos pobres, mas foi no Domingo de Pentecostes, 11 de maio de 1845 que, em resposta ao chamado divino de salvar almas e curar as feridas de Jesus no próximo, ela fundou, com quatro amigas, a Congregação das Irmãs Franciscanas dos Pobres, dando início à nossa missão.
À medida que desempenhavam seus ministérios, Francisca e suas Irmãs foram se conscientizando cada vez mais radicalmente da mão de Deus que as levava a serem instrumentos de cura e de paz para toda gente. Ou como Francisca escreveu em sua autobiografia: “Nos pobres e sofredores reconheci meu Divino Salvador tão claramente como se O houvesse visto com meus próprios olhos!” Assim, o carisma da Bem-Aventurada Francisca de reconhecer Cristo nos pobres e sofredores para neles curar as Suas feridas continua sendo o lema e a missão das Irmãs Franciscanas dos Pobres.
Maria Franciscana morreu no dia 14 de dezembro de 1876 em Aachen. Tinha 58 anos. A cidade em peso foi ao seu funeral e a chorou porque ela era muito querida e amada por todos, especialmente os pobres e pequeninos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Arcebispo de Pequim, da Primeira Ordem (1244-1328).
João de Montecorvino, da Ordem dos Frades Menores (em italiano, Giovanni da Montecorvino) (Montecorvino, 1247 – Pequim, 1328) foi um missionário italiano, considerado o primeiro apóstolo da China. Foi o primeiro arcebispo do Oriente, tendo sido investido como Arcebispo de Khanbaliq e Patriarca de Todo o Oriente. Atualmente, é venerado como um beato da Igreja Católica.
Em 1279, foi enviado à Armênia, Pérsia e Oriente Médio, junto com outros franciscanos. Em 1289, retornou para a Itália, tendo realizado poucas conversões. Em 1286, Arghun Khan pediu, por meio do bispo Nestoriano Rabban Bar Sauma, que o Papa Honório IV enviasse missionários para a China, para a corte de Kublai Khan, que era um simpatizante do cristianismo. Montecorvino foi enviado para Khanbaliq, onde atualmente está Pequim, na mesma época que Marco Polo.
Viajou com cartas ao Arghun Khan, para o grande imperador Kublai Khan, para Kaidu, Príncipe dos Tártaros, ao rei da Armênia e ao Patriarca dos Jacobitas. Nessa viagem, foram seus companheiros o dominicano Nicolau de Pistóia e o comerciante Pedro de Lucalongo. Ele chegou a Tabriz (no Azerbaijão Iraniano), a principal cidade da Pérsia Mongol, se não de toda a Ásia Ocidental.
Dali, partiram por mar para Madras, na baía de Bengala, na Índia, onde já havia os Cristãos de São Tomé. Ali, Nicolau de Pistóia veio a falecer. Em 1291 ou 1292, escreveu para sua família. Passando por São Tomé de Meliapor, chegaria à China em 1294. Chegou na mesma época da morte de Kublai Khan, tendo Temur Khan assumido o trono. Apesar da mudança de governante, não houve oposição do novo Khan quanto às conversões, mas os Nestorianos mostraram-se descontentes. Foi auxiliado na sua obra de evangelização por Arnaldo da Colônia, frade alemão que a ele se reuniu em 1303.
Em 1299, Montecorvino construiu a primeira igreja em Khanbaliq, e em 1305 a segunda, em frente ao palácio Imperial. Nessa época, treinou cerca de cento e cinquenta meninos entre sete e onze anos em latim e grego, além de ensinar salmos e hinos, para formar um coral. Ao mesmo tempo, foi se familiarizando com a língua chinesa. Dessa forma, traduziu para essa língua os salmos e o Novo Testamento. Montecorvino converteu um príncipe nestoriano de nome Jorge, seguidor de Preste João, vassalo do Grande Khan e mencionado por Marco Polo.
João escreveu cartas em 8 de janeiro de 1305 e em 13 de fevereiro de 1306, descrevendo o progresso da missão católica no Extremo Oriente, apesar da oposição Nestoriana; fazendo alusão à comunidade católica fundada por ele na Índia; de um recurso recebido para evangelizar no Reino da Etiópia e ajudar a delinear rotas por terra e mar para “Catai” (o nome dado na altura para o norte da China).
Em 1307, o Papa Clemente V, extremamente satisfeito com o sucesso do missionário, enviou sete bispos franciscanos consagrados para ajudar-lhe na evangelização dos chineses, tendo ordenado João como Arcebispo de Khanbaliq e Patriarca de Todo o Oriente. Destes bispos enviados, apenas três chegaram a salvo na região. Em 1312, mais três bispos franciscanos foram enviados, mas apenas um chegou à Ásia Oriental.
Durante os 20 anos seguintes, a missão continuaria com êxito. Segundo a tradição, Montecorvino teria convertido o Grande Khan Khaishan Kuluk (terceiro governante Yuan, 1307 – 1311). Conseguiu grande êxito na evangelização no Norte e no Leste da China. Além de três igrejas na região de Pequim, ainda estabeleceria missões em Formosa e no porto de Amoy.
Ele traduziu o Novo Testamento para o uigur, além de providenciar cópias de salmos, breviários e hinos para os Öngüt. Ele foi fundamental para o ensino do Latim naquela região, além da formação de coros religiosos, na esperança de que algum daqueles meninos se tornasse padre.
Quando João de Montecorvino morreu em 1328, foi reverenciado como santo (não canonizado). Ele era aparentemente o único bispo medieval europeu trabalhando em Pequim. Mesmo após sua morte, a Missão da China durou mais quarenta anos. Teve um funeral solene, assistido por uma multidão de cristãos e não-cristãos.
Uma embaixada para o Papa Bento XII em Avinhão foi enviada por Toghun Temur, o último imperador mongol da China (dinastia Yuan), em 1336. A embaixada foi liderada por um genovês a serviço do imperador mongol, Andrea di Nascio, e acompanhado por um outro genovês, Andalò di Savignone. Estas cartas da representação do governante mongol, reclamavam da falta de um guia espiritual havia oito anos, desde a morte de Montecorvino e desejaria ardentemente ter um. O Papa respondeu às cartas, e designou quatro eclesiásticos como seu legados para a Corte Khan. Em 1338, um total de 50 eclesiásticos foram enviados pelo Papa para Pequim, entre os quais João de Marignolli. Em 1368, é implantada a Dinastia Ming e os mongóis são expulsos da China. Até 1369 todos os cristãos, quer sejam católicos romanos ou nestorianos, foram expulsos pela Dinastia Ming.
Seis séculos mais tarde, Montecorvino inspirou outro franciscano, o Venerável Gabriele Allegra, para ir para a China e completar a primeira tradução da Bíblia católica inteira para a língua chinesa em 1968.
Hoje, a evangelização na China é transmitida através das atividades sociais e caritativas, nas quais o testemunho silencioso, mas vivo, de tantos religiosos, se faz mensagem dos valores do Evangelho de Jesus Cristo.
Também pede compromisso o acompanhamento e a formação dos franciscanos na China, onde estão presentes várias congregações femininas e ao menos quatro mil membros da Ordem Franciscana Secular.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote da Primeira Ordem (1866-1924)
Quando os superiores da Ordem Franciscana pediram diretrizes para seu trabalho apostólico neste nosso século XX, Paulo VI respondeu: “O Padre Lino de Parma é um destes… Sigam seu exemplo”. Com estas palavras o Papa, praticamente reconheceu a heroicidade das virtudes de Padre Lino de Parma. O povo de Parma nunca viu outro como aquele pobre frade de pés inchados e costas encurvadas. Não tinha nascido em Parma, alguém que tivesse conhecido tão bem como ele o espírito dos parmesanos.
Entrava nas casas de todos e de todos recebia confidências. Não era letrado mas gozava da amizade dos sábios. Era pobre, mas era chamado às casas dos ricos, onde conseguia recursos para ajudar os pobres. Para os miseráveis era um irmão e para os desesperados uma esperança. Tinha algo que o distinguia dos demais: era a caridade, uma caridade sempre serena e festiva que o converteu em profeta e precursor de tempos novos.
O Padre Lino viveu 57 anos, de 30 de agosto de 1866 a 14 de maio de 1924. De seu pai, João Maupas, de Spalato – Dalmácia, tinha herdado a nobreza de linhagem; de sua mãe, Rosa Marini, a bondade e a gentileza de ânimo. O pai desejava que seu filho fosse advogado, mas ele de sua parte escolheu a vida religiosa franciscana.
Gentileza e bondade foram as características do apostolado do padre Lino, um apóstolo de amor que atuou ininterruptamente por 30 anos na cidade de Parma. Sua primeira experiência foi a Parma velha, o Oltretorrente com seus velhos bairros, gente pobre e turbulenta. Suas ruas estreitas e mal empedradas, marcadas por crianças magras e esfarrapadas; suas casas pobres, privadas de sol e amontoadas de famílias; os numerosos esconderijos, refúgio de pessoas suspeitas e procuradas pela polícia; os albergues escuros e mal reputados, sempre cheios de bêbados e pessoas briguentas; foram o campo do apostolado difícil mas cheio de muitas satisfações do Padre Lino.
O convento da Anunciatura era o centro irradiador de toda sua atividade assistencial e social para o qual se preparou com a oração intensa. Os primeiros amigos foram os meninos que se esforçou para levá-los à Deus. Sempre conversava com os mais pobres e estes o cercavam e viam sempre nele um amigo, um autêntico pai. Tempos confusos eram aqueles e em meio do furacão ele se mostrou como o verdadeiro portador da paz e da concórdia. Parma foi toda sua.
Foi amigo dos prisioneiros, a quem visitava diariamente, estava em meio dos revoltosos para levar a paz, em meio dos que estavam em processo de correção, a quem chamava “meus valentes filhinhos”. O florescimento dos episódios que embelezaram seu apostolado é múltiplo e interessantíssimo e nos mostra a sua alma. O Padre Lino morreu mártir da caridade depois de uma rechaça da fábrica de pastas Barilla, que não quis acolher a um de seus protegidos. Digno selo de uma vida tecida de amor para com Deus e para com os Irmãos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Virgem da Terceira Ordem Regular (1813-1887). Fundadora das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria. Beatificada por João Paulo II a 14 de abril de 1985.
Quando a pequena Constança Troiani, que tinha ficado órfã de mãe aos seis anos e meio, traspassou os umbrais do conservatório de Santa Clara de Ferentino (Frosinone) e foi confiada às enclausuradas que o dirigiam, para ser aí educada, ninguém tinha podido imaginar que aquela era a criatura destinada por Deus a fundar o primeiro instituto missionário italiano.
A criança era originária de Giuliano de Roma, onde nasceu e foi batizada a 19 de janeiro de 1813. Seu pai foi Tomás Troiani, conselheiro comunal bem situado e organista na paróquia; a mãe foi Teresa Panici-Cantoni. A morte da senhora Teresa ocorrida em 1819, deu origem à dispersão da família Troiani. Constança foi confiada ao mosteiro de Santa Clara.
Com o coração traspassado pela dor, soube, contudo superar tão grande ferida e orientar-se até aquele que de imediato converteu-se para ela no amabilíssimo Deus, que a enchia de seu amor. Aos 16 anos decidiu ingressar como irmã no mosteiro. Tomou o hábito a 08 de dezembro de 1829 e recebeu o nome de Irmã Maria Catarina de Santa Rosa de Viterbo; um ano depois emitiu os votos religiosos. A jovem irmã que já tinha iniciado sua vida ascética para a perfeição religiosa e em amoroso serviço, teve aos 22 anos um claro chamado à vida missionária, mas já tinha 46 anos quando pôde finalmente realizá-la.
Aceitando o convite do Vigário Apostólico do Egito o franciscano Perpétuo Guasco, um grupinho de seis irmãs de Ferentino, das quais Irmã Maria Catarina era a alma, a 14 de setembro de 1859 partiu para o Cairo, onde teve começo a nova obra de Deus na terra dos faraós. Clot-Bey foi o novo centro, que como pequeno farol irradiou luz de testemunho evangélico sobre o pobre bairro árabe, atraindo vocações inesperadas de todas as partes. Com novas pessoas a madre Maria Catarina pôde abrir no Cairo outras duas casas e fundar outras mais em diversas localidades. A 15 de julho de 1868, por decreto pontifício foi erigido o novo instituto e família religiosa da Terceira Ordem Regular de São Francisco: a Madre Troiani passou assim de Clarissa a terceira e sempre se sentiu filha fiel e autêntica de São Francisco e Santa Clara.
Erigida a Congregação, o zelo de Maria Catarina ultrapassou os limites do Cairo. Abriu-se sete casas no Egito, Palestina, Malta e na Itália, onde abriu uma casa em Roma e em outras cidades.
Sua piedade moldada em ambiente de semiclausura, com devoções particulares ao Sagrado Coração, às festas marianas, a São José, aos Anjos de Guarda e a São Francisco Estigmatizado, adquiriu aspectos precursores. A comunhão diária e sua espiritualidade se abriram aos mais amplos horizontes da caridade evangélica, exercida com felizes reflexos sociais. Repousou no Senhor aos 74 anos de idade, no dia 06 de maio de 1887 na casa de Clot-Bey, teatro de sua caridade ilimitada e de seu prolongado trabalho. Choraram sua morte os cristãos e também os muçulmanos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Virgem da Terceira Ordem Regular (1853-1917). Fundadora das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento. A causa de sua beatificação está em curso.
Maria Francisca Farolfi nasceu em Tossignano de Ímola (Bolonha) no dia 6 de outubro de 1853 e morreu em santidade em Badia di Bertinoro (Forli) no dia 18 de junho de 1917 aos 64 anos de idade.
É uma destas pessoas que passam pela terra deixando a impressão do céu. Sua ardente alma não conhecia obstáculos e não admitia pausas. Desde jovem mostrou-se doce e voluntária. O delicado complexo físico era compensado por uma rara fortaleza moral. Jovem inteligente, culta e vivaz, enquanto lhe sobrevinha um porvir rico de belas perspectivas, ouviu a voz do Senhor. No mosteiro das Irmãs Clarissas de Forli pôde realizar seu sonho de perfeição religiosa. O itinerário desta frágil, mas valente mulher é sugestivo e audaz. Quando é Deus que conduz, chega-se ao ponto.
O mosteiro era precário e necessitava de restaurações urgentes. Portanto Madre Serafina com todas as formandas necessitava de ar e de saúde, foi enviada pelos superiores a Bertinoro, onde transcorreu o proveitoso período de repouso, de oração e de reflexão. O Senhor lhe mostrou a extrema necessidade de assistir, educar e formar a juventude, demasiadamente ainda abandonada às duras leis da rua. Assim, com a aprovação e benção dos superiores e do bispo Monsenhor Polloni, com um grupo de generosas discípulas deu início ao Instituto das Irmãs Clarissas Missionárias Franciscanas do Santíssimo Sacramento. Aprovado por São Pio X com decreto temporário em maio de 1907, e definitivamente por Benedito XV a 12 de agosto de 1915. Agregado à Ordem dos Frades Menores pelo Ministro Geral, Padre Dionísio Schuler a 28 de abril de 1904.
É uma congregação de direito pontifício onde as irmãs professam a regra de Santa Clara, modificada com especiais constituições. Sua espiritualidade é a franciscana, com estas expressões específicas: culto especial à Eucaristia, apostolado nas missões e na educação da infância e da juventude mais necessitada, vida autenticamente evangélica, aberto testemunho da caridade de Cristo.
A Madre Serafina de Jesus, alma aberta aos mais atuais problemas, se adiantou no tempo: o programa deixado por ela a suas filhas podemos resumi-lo em três principais aspectos: alma eclesial, alma eucarística e alma educadora. Surgiram assim numerosos colégios e escolas que ainda hoje atendem a milhares de jovens, hospitais, albergues, assistência espiritual aos militares e encarcerados, trabalho apostólico em países católicos e nas terras de missões.
Sua obra continua nas diversas atividades que realizam suas filhas, alimentada pela oração e o sacrifício, para levar a Cristo aos fiéis e aos infiéis, para que todos o glorifiquem num hino de louvor e de perfeita alegria.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Médico da Terceira Ordem (1876-1930). Em processo de beatificação.
Ludovico Necchi nasceu em Milão a 19 de novembro de 1876. Seu pai Luís morreu quando ele tinha cinco anos; a mãe, Cecília Frisiani era parente de Manzoni. Ambos, mesmo que retos, eram indiferentes ao problema religioso. Em março de 1884 Cecília Frisiani adquiriu segundas núpcias com o escultor Fererico Villa, incrédulo declarado. A mãe morreu em 1904, depois de ter voltado a encontrar-se com Deus; igualmente o padrasto morreu depois de ter voltado à fé em 1907. Em 1889 Ludovico inscreveu-se no Liceu Patrini, o qual freqüentou até a licença liceal, tendo por companheiro de classe a Eduardo, o futuro padre Agustin Gemelli, com quem travou uma duradoura amizade que o levou à conversão. O ambiente estudantil era hostil à religião. A religiosidade de Necchi quando entrou em Parini era já fruto de conquista pessoal. Em 1893 falará ele de sua conversão como uma completa entrega a Deus. A educação, a bondade natural, a agudeza de ingênio lhe ajudaram a superar felizmente a crise. O célebre jesuíta Guido Matiussi foi por um triênio seu diretor espiritual. Em 1896 se inscreveu na faculdade de medicina em Pavia, entrando no círculo universitário “Severino Boezio”, do qual mais tarde foi presidente.
Em 1900 na cidade de Roma, por ocasião do congresso internacional dos estudantes católicos, foi recebido com outros em audiência privada com Leão XIII. Encontrou-se com Toniolo e com o sociólogo católico Carlos Sonneschein, com quem cultivou uma amizade que durou toda a vida. Chamado em 1901 a formar parte do conselho diretivo Lombardo da obra dos congressos, dedicou-se ao progresso social dos trabalhadores, favorecendo o incremento das ligas católicas para o melhoramento das condições dos camponeses. Laureou-se em medicina a 30 de junho de 1902 e começou junto com Gemelli o ano de serviço militar no hospital militar de Piazza Santo Ambrósio. Depois de alguns meses, tocado pela graça e pelo testemunho de Necchi, Gemelli anticlerical e incrédulo se converteu e terminado o serviço ingressou entre os Frades Menores para ser depois o grande convertido, fundador da célebre universidade do Sagrado Coração de Milão. Por demais, não foi o primeiro condiscípulo de Necchi que por sua influência se converteu e se fez sacerdote.
Em janeiro de 1905 comprometeu-se com Vitória da Silva, e casou em Milão a 26 de abril do mesmo ano e teve três filhos: Camila, Jean Carlo e Antonio. Com o padre Gemelli organizou o dispensário psico-pedagógico para a educação dos meninos anormais, que teve por dez anos. Acrescentaram sua maturidade os estudos e publicações sobre a neurose. Apoiou decididamente ao padre Gemelli em 1908, na fundação da universidade católica do Sagrado Coração. Necchi desde jovem pertencia à Ordem Terceira Franciscana Secular e vivia intensamente sua espiritualidade. A morte lhe sobreveio repentinamente aos 54 anos de idade, a 10 de janeiro de 1930, dando término a uma dura jornada dedicada ao bem dos enfermos, dos quais foi sempre diligente médico
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Virgem da Terceira Ordem (1850-1917). Fundadora das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus. Canonizada por Pio XII no dia 7 de julho de 1946.
Nascida a 17 de julho de 1850 em S. Ângelo Lodigiano, de uma família de agricultores, tinha bebido, do ambiente e das pessoas que a cercavam, uma fé autêntica, vivida cotidianamente. Francisca Cabrini foi a penúltima de quinze filhos de Antônio e Estela. Desde pequena se entusiasmava ao ler a vida dos santos. A preferida era a de são Francisco Xavier, a quem venerou tanto que assumiu seu sobrenome, se auto-intitulando Xavier. Sua infância e adolescência foram tristes e simples, cheia de sacrifícios e pesares.
Franzina, de saúde fraca, não conseguiu ser aceita nos conventos. Apesar disso, era dona de uma alma grandiosa, digna de figurar entre os santos. Assim pode ser definida santa Francisca Cabrini, com sua vida voltada somente para a caridade e o bem do próximo.
Sua formação pessoal e profissional desenvolveu-se nos anos das guerras da independência e das lutas políticas, que trouxeram a unificação da Itália; lutam que sacudiram também o quieto curso da vida provinciana e nela inseriram elementos insatisfeitos e contrastes entre grupos opostos.
Foi educada com firmeza e fidelidade aos princípios da fé, na obediência à Igreja e aos seus representantes e sua fé tornou-se para ela em estilo de vida, sempre animado e alimentado pelo vivo desejo de transmitir a riqueza do conhecimento de Cristo e de sua mensagem de amor e salvação. Como professora teve sempre em mira a formação da pessoa, cuidando do desenvolvimento dos valores humanos e cristãos com o método da simplicidade e da clareza, do respeito ao outro, que procura convencer, sem impor.
Francisca, porém, gostava tanto de ler e se aplicava de tal forma nos estudos que seus pais fizeram o possível para que ela pudesse tornar-se professora.
Mal se viu formada, porém, encontrou-se órfã. No prazo de um ano perdeu o pai e a mãe. Enquanto lecionava e atuava em obras de caridade em sua cidade, acalentava o sonho de entregar-se de vez à vida religiosa. Aos poucos, foi criando coragem e, por fim, pediu admissão em dois conventos, mas não foi aceita em nenhum. A causa era a sua fragilidade física. Mas também influiu a displicência e o egoísmo do padre da paróquia, que a queria trabalhando junto dele nas obras de caridade da comunidade.
Francisca, embora decepcionada, nunca desistiu do sonho. Passado o tempo, quando já tinha trinta anos de idade, desabafou com um bispo o quanto desejava abraçar uma obra missionária e esse a aconselhou: “Quer ser missionária? Pois se não existe ainda um instituto feminino para esse fim, funde um”. Foi, exatamente, o que ela fez.
Com o auxílio do vigário, em 1877 fundou o Instituto das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, que colocou sob a proteção de são Francisco Xavier. Ainda: obteve o apoio do papa Leão XIII, que apontou o alvo para as missões de Francisca: “O Ocidente, não o Oriente, como fez são Francisco”. Era o período das grandes migrações rumo às Américas por causa das guerras que assolavam a Itália. As pessoas chegavam aos cais do Novo Mundo desorientadas, necessitadas de apoio, solidariedade e, sobretudo, orientação espiritual. Francisca preparou missionárias dispostas e plenas de fé, como ela, para acompanhar os imigrantes em sua nova jornada.
Tinham o objetivo de fundar, nas terras aonde chegavam, hospitais, asilos e escolas que lhes possibilitassem calor humano, amparo e conforto.
Em trinta anos de intensa atividade, Francisca Cabrini fundou sessenta e sete Casas na Itália, França e nas Américas, no Brasil inclusive. Mais de trinta vezes cruzou os oceanos aquela “pequena e fraca professora lombarda”, que enfrentava, destemida, as autoridades políticas em defesa dos direitos de seus imigrantes nos novos lares.
Madre Cabrini, como era popularmente chamada, morreu em Chicago, Estados Unidos, em 22 de dezembro de 1917. Solenemente, seu corpo foi transportado para New York, onde o sepultaram na capela anexa à Escola Madre Cabrini, para ficar mais próxima dos imigrantes. Canonizada em 1946, santa Francisca Xavier Cabrini é festejada no mundo todo, no dia de sua morte, como padroeira dos imigrantes.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote da Primeira Ordem (1520-1583). Beatificado por Pio VI a 27 de agosto de 1786.
Nicolau Factor nasceu em Valência, Espanha, a 29 de junho de 1520. Recebeu de seus pais uma ótima educação cristã que favoreceu sua natural tendência a elevar-se espiritualmente. Temperamento de artista, teve uma extrema sensibilidade que educou mediante o estudo das artes, especialmente da pintura e da música.
À idade de 17 anos, a 30 de novembro de 1537 atraído pelo ideal do Poverello de Assis, ingressou entre os Frades Menores do convento de Santa Maria de Jesus em Valência, onde professou a regra franciscana no primeiro Domingo do Advento de 1538. Ordenado sacerdote exerceu com zelo apostólico o ministério da pregação e com prudência e discrição na direção espiritual das almas, especialmente das almas religiosas. Depois de ter desempenhado na província franciscana de Valência os ofícios de guardião e de mestre de noviços, em 1571 o rei Felipe II o destinou como diretor espiritual do mosteiro de Santa Clara em Madri onde viviam religiosas clarissas pertencentes à flor da nobreza da cidade e da corte. De Madri passou logo a dirigir às religiosas da Trindade de Valência e logo às clarissas de Gandía.
Durante sua permanência em Madri esteve em íntima relação com o Beato João dos Anjos, a quem “O triunfo do amor de Deus”, escrito em Medina em 1598, chama de “Santo”. E em Valência teve fraternal amizade com o dominicano São Luís Beltran.
Quase no final da vida, profundamente impressionado pela morte do santo amigo, foi atormentado pela preocupação da salvação eterna, pelo qual, não satisfeito com aquele teor de vida, pediu aos superiores poder passar aos conventos-retiros em busca de uma maior austeridade. Obtido a permissão, nos primeiros dias de abril de 1582 passou ao convento de Santa Catarina da Onda em Castellon da Plana. Em novembro do mesmo ano se transferiu para Barcelona no convento do Monte Calvário, donde regressou ao de Santa Maria de Jesus em Valência em finais de 1583.
Teve o dom dos milagres e da profecia. Seus biógrafos contam detalhadamente maravilhosas aparições e celestes tratos com que foi favorecido por parte de Jesus e da Virgem, que o colocou nos braços a seu divino Filho; de São José, de São João evangelista e de São Francisco de Assis. O amor divino tinha inflamado seu coração. Teve que sustentar terríveis lutas com os espíritos malignos que amiúdo se lhe apareciam. Porém, Nicolau sempre saiu vitorioso com a oração.
Recebidos os últimos sacramentos, sua bem-aventurada alma voou ao céu, a 25 de dezembro de 1583; tinha 63 anos. Depois da morte em sua tumba sucederam numerosos milagres.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola
Virgem da Terceira Ordem Regular (1812-1890). Fundadora das Irmãs da Sagrada Família da Terceira Ordem de São Francisco. O processo de beatificação está em curso.
Maria Teresa Lega nasceu a 13 de janeiro de 1812 em Brisighella, Itália. Seus pais Miguel e Gentile Tondina, no batismo lhe colocaram o nome de Ana. Na infância contribuíram a amadurecer em sua filha os dons que Deus lhe deu. Para uma mais ampla formação e para sua mais sólida educação religiosa, a 20 de outubro de 1824 a confiam às Irmãs Dominicanas do Colégio Emiliani de Fognano, onde permanece até 31 de julho de 1831. Ao regressar para sua família, sente com mais insistência a voz de seu Senhor. Ele a chama para entregar-se toda inteira na vida consagrada. Mas antes de realizar tal ideal, depara-se com a oposição de seus pais. Finalmente eles condescenderam e com sua benção pôde regressar a Fognano, onde depois do ano de noviciado, a 27 de setembro de 1835, pôde emitir com gozo sua profissão religiosa.
Seu novo nome foi Irmã Maria Teresa da Exaltação da Cruz, um presságio da futura vida à que o Senhor a chamaria. Maria com Jesus e José na Sagrada Família, Teresa como Teresa de Ávila, tornou-se fundadora de um novo instituto, o da Exaltação da Cruz, com São Francisco, o estigmatizado no monte Alverne. Foi intensa sua atividade no mosteiro de Fognano. Duplo seu trabalho, o de seguir e instruir e formar cultural e cristãmente as jovens do conservatório. Os pais das moças e as co-irmãs se sentiam satisfeitos com a preciosa obra da forjadora e Mestra, desempenhados por Irmã Maria Teresa. Outro delicado ofício, o de mestra das noviças, as jovens que aspiravam a vida religiosa.
Este maravilhoso e difícil itinerário cada dia a unia mais a Deus e a encaminhava pela via da perfeição. Mas nem tudo aparecia claro em sua vida. Ainda lhe ressoava no coração a voz de Jesus: “O que fizeres ao mais pobre de meus irmãos menores o considero feito a mim mesmo”. Em Fognano eram acolhidas somente moças abastadas e a porta se fechava às mais pobres. Isto para ela foi motivo de dor. O Senhor lhe inspirava a fundação de um novo instituto onde foram recebidas moças pobres, abandonadas, expostas aos perigos da rua.
Reza, sofre, luta, pede conselho para conhecer melhor a vontade de Deus. Um precioso autógrafo do Papa Pio IX de 24 de outubro de 1858 lhe traz o caminho que deve empreender. Finalmente Irmã Maria Teresa Lega, a 16 de julho de 1871 em Modigliana pôde realizar o seu sonho longamente acariciado, com a fundação do Instituto das Irmãs da Sagrada Família da Terceira Ordem Regular de São Francisco, com a finalidade de acolher, assistir e formar jovens expostas às insídias da rua. Na idade em que outros pensam no descanso, ela começa uma vida dinâmica. Muitas foram as casas abertas em diversas localidades, muitas crianças assistidas maternalmente, muitas as Irmãs da Sagrada Família que a ajudaram em seu apostolado. A Madre, com bondade e segurança guiou sua obra. Do exemplo da Sagrada Família e de São Francisco tomou inspiração e celeste proteção.
A 27 de janeiro de 1890, aos 78 anos de idade, em Cesena, Jesus, seu esposo, a chamou às bodas eternas: “Tudo o que fizeste a meus irmãos mais pequeninos, o considero feito a mim mesmo: esposa de Cristo, entra no gozo de teu Senhor!”. Hoje no paraíso a madre Maria Teresa está cercada de suas filhas espirituais, que continuam sua obra na Romaña, nas Marcas, na Toscana, no Lácio e na Colômbia. Na oração e na ação elas esperam a hora da glorificação de sua Madre fundadora.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória…” (Jo 1,14).
A encarnação do Verbo de Deus assinala o início dos “últimos tempos”, isto é, a redenção da humanidade por parte de Deus. Cega e afastada de Deus, a humanidade viu nascer a luz que mudou o rumo da sua história. O nascimento de Jesus é um fato real que marca a participação direta do ser humano na vida divina. Esta comemoração é a demonstração maior do amor misericordioso de Deus sobre cada um de nós, pois concedeu-nos a alegria de compartilhar com ele a encarnação de seu Filho Jesus, que se tornou um entre nós. Ele veio mostrar o caminho, a verdade e a vida, e vida eterna. A simbologia da festa do Natal é o nascimento do Menino-Deus.
No início, o nascimento de Jesus era festejado em 6 de janeiro, especialmente no Oriente, com o nome de Epifania, ou seja, manifestação. Os cristãos comemoravam o natalício de Jesus junto com a chegada dos reis magos, mas sabiam que nessa data o Cristo já havia nascido havia alguns dias. Isso porque a data exata é um dado que não existe no Evangelho, que indica com precisão apenas o lugar do acontecimento, a cidade de Belém, na Palestina. Assim, aquele dia da Epifania também era o mais provável em conformidade com os acontecimentos bíblicos e por razões tradicionais do povo cristão dos primeiros tempos.
Entretanto, antes de Cristo, em Roma, a partir do imperador Júlio César, o 25 de dezembro era destinado aos pagãos para as comemorações do solstício de inverno, o “dia do sol invencível”, como atestam antigos documentos. Era uma festa tradicional para celebrar o nascimento do Sol após a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Para eles, o sol era o deus do tempo e o seu nascimento nesse dia significava ter vencido a deusa das trevas, que era a noite.
Era, também, um dia de descanso para os escravos, quando os senhores se sentavam às mesas com eles e lhes davam presentes. Tudo para agradar o deus sol.
No século IV da era cristã, com a conversão do imperador Constantino, a celebração da vitória do sol sobre as trevas não fazia sentido. O único acontecimento importante que merecia ser recordado como a maior festividade era o nascimento do Filho de Deus, cerne da nossa redenção. Mas os cristãos já vinham, ao longo dos anos, aproveitando o dia da festa do “sol invencível” para celebrar o nascimento do único e verdadeiro sol dos cristãos: Jesus Cristo. De tal modo que, em 354, o papa Libério decretou, por lei eclesiástica, a data de 25 de dezembro como o Natal de Jesus Cristo.
A transferência da celebração motivou duas festas distintas para o povo cristão, a do nascimento de Jesus e a da Epifania. Com a mudança, veio, também, a tradição de presentear as crianças no Natal cristão, uma alusão às oferendas dos reis magos ao Menino Jesus na gruta de Belém. Aos poucos, o Oriente passou a comemorar o Natal também em 25 de dezembro.
No Natal de 1223, três anos antes de morrer, São Francisco de Assis quis apresentar ao vivo a cena do presépio. Apresentação que devia logo repetir-se na história da Igreja mediante a sugestiva iniciativa do presépio.
São Boaventura na vida de São Francisco escreve: “Três anos antes de sua morte, na região de Greccio, Francisco quis fazer algo com a maior solenidade possível para reviver a devota memória do nascimento do Menino Jesus”.
A tradição atribui a São Francisco de Assis a introdução do Presépio no amplo ciclo das tradições natalinas. Como narrou São Boaventura, na noite de Natal de 1223 em Greccio, Francisco teria construído uma manjedoura com a palha, com o boi e o asno, e celebrou a Santa Missa, diante de uma multidão proveniente de toda a região.
Na realidade, em Greccio não estavam representados os personagens da Natividade de Belém, nem havia atores encenando a Virgem, São José e o Menino; portanto, mais do que um Presépio, a representação de Greccio deve ser interpretada como uma evolução do cerimonial litúrgico natalino, evocando os mistérios e dramas sacros como eventos comuns, baseados em episódios do Antigo e do Novo Testamento, expressões da religiosidade laica das Confraternidades, muito comuns naquele período, especialmente nas regiões da Umbria e Toscana.
Nas encenações sacras, a partir do século XIV cada vez mais luxuosas, eram constantes os personagens móveis, considerados por alguns como antenados das estátuas atuais.
A progressiva degeneração do drama litúrgico em formas pagãs, quase vulgares, levou a Igreja a condená-lo no Concilio de Treviri, e ao contrário, a favorecer a representação estática da Natividade e do Presépio, contribuindo assim para a sua sucessiva difusão.
Passados mais de dois milênios, a Noite de Natal é mais que uma festa cristã, é um símbolo universal celebrado por todas as famílias do mundo, até as não-cristãs. A humanidade fica tomada pelo supremo sentimento de amor ao próximo e a Terra fica impregnada do espírito sereno da paz de Cristo, que só existe entre os seres humanos de boa vontade. Portanto, hoje é dia de alegria, nasceu o Menino-Deus, nasceu o Salvador.
Sacerdote da Primeira Ordem (1188-1232). Pio IX aprovou seu culto a 30 de setembro de 1852.
Bentivoglio de Bonis nasceu em 1188 em São Severino Marcas de Giraldo e Albasia. Depois de ter escutado uma série de pregações do fervoroso franciscano Paulo de Espoleto, Bentivoglio se dirigiu a Assis, onde o mesmo São Francisco o admitiu na Ordem dos Frades Menores. Ordenado sacerdote chegou a ser um modelo de perfeição cristã e teve o dom dos milagres.
Masseo, pároco de São Severino, depois de ter assistido a um dos êxtases, decidiu abandonar o mundo e entrar na Ordem Franciscana. O mesmo fez seus dois irmãos. Frei Bentivoglio morou um tempo sozinho num convento chamado “Trave Bonati”, ou “Ponte da Trave” para assistir e curar um leproso. Um dia recebeu de seus superiores a ordem de partir para outro convento, ao parecer o Monte São Vinício, perto de Potenza Picena, distante uns quilômetros; e para não deixar abandonado o pobre enfermo, pela grande caridade que o amava, colocou-o nas costas e o levou para seu novo destino, causando admiração e o espanto de todos.
Bentivoglio abraçou com valor a vida de abnegação e de penitência, de modo que veio a ser modelo de humildade, obediência e caridade. Cheio de zelo pela salvação das almas, foi incansável no exercício do ministério apostólico, seja do púlpito como do confessionário, sua palavra inflamava as almas em santos ardores do amor divino.
Um dia enquanto pregava ao povo, apareceu em sua frente uma estrela luminosa que fez brilhar toda sua pessoa. Com este prodígio Deus queria recompensar seu trabalho pela evangelização das almas. Bentivoglio sentia grande compaixão pelos pobres, nos quais sua caridade o fazia ver a imagem de Cristo. Foi também favorecido de Deus com o dom dos milagres. Com frequência foi visto em êxtases e logo foi elevado no ar e rodeado de luz. Com isto comoveu tanto, que muitos começaram uma vida nova.
Depois de uma vida rica em virtudes e boas obras, o Beato Bentivoglio entregou sua alma a Deus no convento de São Severino, na pátria, no Natal de 1232. Tinha 44 anos. Foi sepultado na Igreja do convento e os fiéis se amontoaram ao redor de sua tumba para render homenagem a este humilde frade menor cujos restos mortais Deus glorificou com muitos milagres.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Professor, da Terceira Ordem Secular (1813-1853). Fundador das Conferências de São Vicente. Beatificado por João Paulo II.
Antonio Federico Ozanam nasceu em Milão a 23 de abril de 1813 de família descendente de um antigo tronco israelita da Bresse Lione. Em 1816 a família voltou a Lião e Federico foi aluno no colégio real onde fez seus estudos humanísticos desde 1822 até 1829. Com apenas 15 anos sua juventude foi abalada por uma profunda crise de fé, mas teve a graça de ter ao seu lado o abade Noirot, seu professor de filosofia, que mais que nenhum outro lhe ajudou a superá-la.
Com efeito, a vida de Ozanam está marcada pelo pronto benefício deste sacerdote que soube fazer intuir ao jovem sua vocação de apologista e apóstolo. Em 1831, enviado por seu pai a Paria para realizar estudos jurídicos, Federico foi hóspede por dois anos do cientista André Marie Ampère, e pôde frequentar aquele verdadeiro viveiro de jovens esperanças que Emanuel Bailly soube reunir ao redor de um dos protagonistas da fundação da Pia Sociedade das Conferências de São Vicente de Paula (23 de abril de 1839).
A 30 de agosto de 1836 pôde coroar seus trabalhos convertendo-se em doutor das leis e a 07 de janeiro de 1839 chegou a se doutorar em letras. De 1839 a 1840 esteve em Lião como professor de direito comercial e acariciou um vago desejo da vida religiosa; ao não poder realizá-lo, fez-se fervoroso na Ordem Franciscana Secular e se inspirou na espiritualidade franciscana. Em 1841 casou com Amália Soulacroix, filha do reitor da universidade de Lião, da qual teve em 1845 uma filha chamada Maria.
A ambas amou ternamente na mais suave felicidade familiar. Tendo-se estabelecido definitivamente em Paris, foi titular da cátedra em Sorbone, onde travou amizade com eminentes personalidades do mundo literário e católico. O ensino universitário o obrigou a fazer contínuas viagens de estudos por toda a Europa, especialmente na Itália.
A vida de Ozanam pertence em especial à história da Igreja e seu nome está ligado à sociedade de São Vicente de Paula. O método por ele adotado era o da visita a domicílio aos pobres, aos quais junto com uma boa palavra de consolo e de fé, sabia levar-lhes o socorro de sua caridade.
A Sociedade de São Vicente de Paula teve graças a ele um desenvolvimento extraordinário desde o começo: um ano depois de sua fundação os confrades eram uma centena, dez anos mais tarde, em 1853 o mesmo Ozanam podia dizer: “De oito que éramos a princípio, hoje apenas em Paris somos 2000 e visitamos 5000 famílias”. Hoje as conferências de São Vicente superam os 1.250.000 membros.
Em 08 de setembro de 1853, amorosamente assistido por sua esposa, sua filha, seu irmão sacerdote, seu irmão médico e seus confrades vicentinos de Marsella morreu aos 40 anos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Virgem da Terceira Ordem (1769-1837). Em processo de beatificação.
Nasceu em Imola (Bolonha) a 22 de outubro de 1769 e ali mesmo morreu a 01 de janeiro de 1837. Pio IX quando era bispo de Imola determinou que fosse sepultada na igreja da Observância, onde se encontra atualmente, na coluna esquerda olhando para o altar maior. Ingressou na Ordem Franciscana Secular a 13 de outubro de 1801.
É uma das mais doces criaturas da Romaña de todos os tempos. Pode ser considerada uma segunda Santa Teresinha. Se as pessoas que tem recebido seus favores soubessem deixar uma precisa documentação dos favores recebidos.
Desde seu nascimento foi uma criança distinta, celestial, devotíssima da Igreja, da Eucaristia, cheia de fé e fervor místico. Sempre transportada em Deus, tanto desejava morrer logo para chegar a Ele. Cultivou a pureza “como um verdadeiro anjo na carne”, escreveu seu confessor. Quis que o sofrimento fosse seu alimento diário. Levantava-se muito cedo, comia pouco pão, bebia pouca água, praticamente vivia apenas da Santa Comunhão.
Considerou-se sempre uma nada, menos que nada, sentido e adorando apenas o poder de Deus. Foi heroína na fé e na esperança. Amou a todos, particularmente a seus pequenos escolares que tinha como mestra de jardim das crianças em sua casa, educando-os com veemente amor ao divino. Sofreu mortificações e calúnias. Levou a paz às casas divididas pela discórdia. Atraiu os pecadores à conversão, pagando pessoalmente com padecimento inenarráveis. Distinguiu-se excepcionalmente pela prudência no governo de sua casa, por sua justiça para com o próximo, para consigo mesma e para com seus deveres, como mestra das crianças. Sofreu ofensas graves de seu irmão, que pretendia ser mantido por ela.
Sua humildade superou todo o imaginável, como também sua força para suportar as tribulações e enfermidades. Mas, sobretudo contra as tentações do inimigo que nunca venceu sobre ela. Suas amigas mais próximas a viram em êxtases repentinamente. Sua vida espiritual foi intensa e rica em contatos pessoais com o divino. Teve os estigmas invisíveis, e uma ampla ferida visível ao lado que permaneceu ainda depois de sua morte. Recebeu grandes dons do céu. Também hoje sabemos de muitas intervenções suas para converter, sarar e unir as famílias.
Há 150 anos seguem acudindo à Observância de Imola pessoas de perto e de longe para orar sob seu túmulo. Indubitavelmente desde o ponto de vista de sua estatura espiritual ela é a maior filha da cidade de Imola de todos os tempos. Seu processo de beatificação foi retomado a raiz dos últimos testemunhos escritos por graças alcançadas
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Religioso da Primeira Ordem (1270-1345). São Pio X aprovou seu culto a 13 de maio de 1908.
Geraldo Cagnoli nasceu em Valença, Piamonte, aproximadamente em 1270. Depois da morte de sua mãe, ocorrida em 1290 (seu pai já era falecido), abandonou o mundo e viveu como peregrino mendigando o pão e visitando os santuários.
Esteve em Roma, Nápolis, Catania e possivelmente em Erice (Trapani). Impressionado pela fama de santidade do franciscano São Luís de Anjou, o bispo de Tolosa, ingressou na Ordem dos Frades Menores em Randazzo, Sicília, onde fez o noviciado e viveu algum tempo. Do convento de Randazzo passou a Palermo na qualidade de porteiro e permaneceu até sua morte sendo a admiração de seus co-irmãos e dos fiéis por suas virtudes.
Perto da porta do convento plantou um cipreste e montou um pequeno altar em honra da Virgem e de São Luís de Anjou, de quem era devoto. Ali ardia continuamente uma lâmpada de azeite. Com um pequeno ramo de cipreste banhado no azeite da lâmpada, benzia os enfermos com seguinte fórmula: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pela intercessão da Virgem Maria, de São Francisco e de São Luís sê lliberto desta enfermidade”. Os milagres se sucediam.
Enrique d’Abbati braço direito do rei, estava gravemente enfermo e se tinha perdido toda a esperança. Frei Geraldo foi chamado e consolou com palavras fraternas o enfermo. Colocou-se em profunda oração. Dormia poucas horas sob uma desnuda tábua; com instrumento de penitência maltratava seu corpo; contínua oração, íntima união com Deus, era o programa de sua vida.
Tinha transcorrido mais de 30 anos na Ordem Franciscana, quando na festa de São João Evangelista de 1345 se lhe apareceu a Santíssima Virgem e lhe assegurou que dentro de dois dias voaria ao céu. Ante este anúncio Geraldo se alegrou muitíssimo e se preparou para as bodas eternas com grande fervor. A 29 de dezembro recebeu com profunda devoção os últimos sacramentos da fé e adormeceu serenamente no sono dos justos. Tinha 75 anos.
Seu sepulcro foi meta de muitas peregrinações de devotos que iam a seu socorro. Seu culto continuou sem interrupções. Os despojos mortais do Beato Geraldo Cagnoli repousam no templo de São Francisco em Palermo, a poucos passos da porta do convento que por longos anos foi testemunha de sua santidade.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Virgem da Segunda Ordem (1254-1284). Pio IX aprovou seu culto a 17 de setembro de 1847.
Margarida nasceu na Palestrina, da família Colonna. Educada desde a mais tenra idade nas virtudes cristãs por sua mãe Mobilia ou Madalena Orsini, que tinha conhecido a São Francisco na casa de seu irmão Mateus. Ao tornar-se órfã, primeiro de pai e logo depois também de mãe, foi confiada à tutela de seu irmão João.
Em 1273 depois de ter recusado um matrimônio muito vantajoso com um nobre romano, retirou-se ao Monte Prenestino, hoje Castelo São Pedro, onde fundou uma comunidade de clarissas. Viveu ali no exercício heroico de todas as virtudes, edificando ao povo com a oração e o exemplo de uma caridade heroica. Distribuiu o seu rico dote aos pobres e para si não quis nenhuma ajuda direta da parte de seus irmãos; preferiu viver como franciscana, recorrendo à “Mesa do Senhor”, pedindo esmola de porta em porta.
Por ocasião de uma epidemia, Margarida fez-se “toda para todos” assistindo fraternalmente aos irmãos enfermos e recorreu também em ajuda aos franciscanos de Zagarolo. Outra vez acolheu em sua casa um leproso de Poli, comendo e bebendo no mesmo prato, num ímpeto de amor beijando aquelas repugnantes chagas. Seria demasiado prolixo recordar todas as manifestações de intensa vida mística de Margarida: a observância escrupulosa da regra de Santa Clara, o amor à pobreza, a contínua união com Deus, os êxtases, as efusões de lágrimas, as frequentes visões celestiais, o matrimônio místico com o Senhor, que lhe apareceu colocando-lhe um anel no dedo e uma coroa de lírios sobre a cabeça e lhe imprimiu a chaga do coração.
A morte de Margarida foi, em tudo, digna de uma perfeita filha de São Francisco, o qual por amor da dama pobreza quis morrer desnudo sobre a desnuda terra. Há três anos sofria de uma grave úlcera no estômago. Na noite do Natal de 1280 se lhe apareceu a Virgem com o Menino nos braços, e a deixou num profundo estado de exaltação. Depois de ter recebido o viático e a unção dos enfermos, pediu a seu irmão o cardeal Jaime, que a colocassem na terra, desejando morrer pobre como Jesus e o Seráfico Pai São Francisco. Ficou em estado de profundo gozo, mas somente por um breve espaço de tempo, porque estava demasiadamente extenuada. Por último pediu que lhe trouxessem o crucifixo: tendo beijado com intenso afeto, o mostrou a suas coirmãs, exortando-as a amá-lo com todas as suas forças.
Adormecendo por um momento voltou a si e exclamou com vigor: “Eis aqui a Santíssima Trindade que vem, adoremos!” Em seguida, cruzando os braços sobre o peito, e fechando os olhos no céu, expirou serenamente; era o alvorecer do dia 30 de dezembro de 1280. Os funerais ocorreram no mesmo dia na Igreja de São Pedro Sul Monte Prenestino com grande concurso do povo e de todos os franciscanos da zona. Em 1285 as clarissas da Beata Margarida se transferiram para o mosteiro romano de São Silvestre em Cápite, levando consigo o corpo da Beata.
Margarida se nos apresenta como uma delicadíssima figura de mulher em quem os dotes naturais de inteligência, fascinação e sensibilidade, unidas ao realismo e à dignidade de sua vida doméstica, se insertam na robusta árvore da espiritualidade franciscana. Sua vida brilha como um arco-íris de paz na história tumultuada de seu tempo.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Rainha da Ordem Franciscana, coroa de todos os Santos.
Maria oferece a todos o caminho da santidade. Todos podemos e devemos fazer-nos santos, com uma condição, que sigamos a Jesus e a Igreja mediante a observância do Santo Evangelho. Ao término do ano nos abre igualmente as portas do céu e nos mostra a glória de todos os santos: “Sim estes se santificaram, por que não poderemos também nos santificar?”.
O mundo em que vivemos, trabalhamos e respiramos, apesar de suas prodigiosas realizações, está atormentado pela inquietude. A resposta nos vem de Maria, que oferece ao mundo angustiado o Único que tem palavras de vida eterna.
Ele que, para todos e para sempre, é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. A história dos Magos, que se põem em caminho pelo deserto e na noite veem a luz, que os conduzirá finalmente a encontrar o Menino com a sua Mãe, e a prostrar-se ante ele, é o símbolo desta busca permanente dos homens, necessitados a voltar a encontrar o rosto de seu Salvador e o de sua Mãe.
Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, Rainha de todos os Santos, é o celestial arco-íris, o oásis da paz, o refúgio que fraterniza e acolhe aos homens divididos. No meio das alegrias e esperanças, das tristezas e angústias dos homens de hoje, dos pobres e dos que sofrem, temos necessidade de Maria, vida, doçura e esperança nossa.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.