Bem-aventurado Humilde de Bisigniano
Religioso da Primeira Ordem (1582-1637). Beatificado por Leão XIII no dia 29 de janeiro de 1882.
Humilde, cuja terra natal é uma humilde povoação da província de Cosenza, região da Calábria, no sul da Itália, nasceu a 26 de agosto de 1582, e deu mostras duma extraordinária piedade: participava na missa todos os dias, comungava em todas as festas, orava e meditava na Paixão do Senhor em todos os momentos possíveis, até nos trabalhos agrícolas.
Os membros da confraria da Imaculada Conceição, em que se inscreveu, não lhe regateavam elogios, tomando-o por modelo de todas as virtudes. Quando uma vez alguém lhe deu em público uma grande bofetada, a sua única resposta foi apresentar a outra face ao malcriado agressor.
Aos 18 anos sentiu-se chamado à vida religiosa, mas teve de diferir por nove anos a realização desse ideal. Entretanto, continuando no mundo, levava uma vida de religioso. Aos 27 anos foi admitido ao noviciado dos Frades Menores, onde os encarregados da formação dos jovens candidatos eram dois santos religiosos. Embora as dificuldades continuassem, frei Humilde, recorrendo à intercessão de Maria, conseguiu superá-las, e emitiu os votos de consagração ao Senhor no dia 4 de setembro de 1610.
As referidas dificuldades radicavam, sobretudo, no dom do êxtase em que era frequentemente arrebatado, a ponto de lhe chamarem o “frade extático”. Quando tais êxtases começaram a ocorrer-lhe em público, os superiores acharam por bem sujeitá-lo a uma série de humilhantes provas, a ver se tais arroubos seriam de fato uma graça de Deus, e não um embuste. Suportadas e vencidas com êxito essas provações, passou a ser mais apreciado e venerado tanto entre os confrades como entre o povo.
Além do êxtase, foi agraciado com outros carismas, como perscrutação dos corações, profecia, milagres e ciência infusa. Apesar de ser analfabeto, certas respostas sobre a sagrada Escritura e a doutrina católica deixavam pasmados até mesmo teólogos de nomeada. O arcebispo de Réggio Calábria, como presidente duma assembleia de padres e teólogos, apresentou-lhe certas dúvidas e objeções, a que ele deu resposta rápida e correta. Levado perante o Inquisidor de Nápoles, Monsenhor Campanile, frei Humilde sempre respondeu com franciscana simplicidade.
O ministro geral dos frades menores teve por ele tal apreço que quis levá-lo como companheiro em visitas a várias províncias da ordem; e papas Gregório XV e Urbano VIII, que o chamaram a Roma e o fizeram examinar rigorosamente, depositaram nele grande confiança, a ponto de lhe pedirem orações e conselhos.
As virtudes em que mais se distinguiu foram a humildade, a obediência e a oração. Morreu aos 55 anos na terra onde nascera e passara os derradeiros anos da vida, Bisigniano, a 26 de novembro de 1637.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.