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09/07/2024

Santos Mártires de Gorcum

Religiosos e mártires em Gorcum, da Primeira Ordem (+ 1572). Canonizado por Pio IX no dia 29 de junho de 1867.


Os Mártires Gorcumienses (ou mártires de Gorcum) foram um grupo de dezenove religiosos católicos mortos em 1572 na cidade holandesa de Gorcum.

Em 1572, durante a guerra dos oitenta anos que os rebeldes holandeses mantinham contra a Espanha para realizar sua independência, a iconoclasia se estendia pelas dezessete Províncias dos Países Baixos; a luta entre luteranos e calvinistas mantinha o país em um estado de intransigência com a liberdade de culto religioso. Em abril de 1572, os mendigos do mar, corsários holandeses de confissão calvinista, tomaram Brielle, Flandres e outras cidades da zona, até então em poder da coroa espanhola. Em junho, Dordrecht e Gorcum caíram também em suas mãos.

Nesta última cidade prenderam vários religiosos: Nicolás Pieck, franciscano; Jerónimo de Weert, vigário; Teodoro de Eem, de Amersfoort; Nicasio Janssen, de Heeze; Willehald da Dinamarca; Godofredo de Melveren; Antônio de Weer; Antônio de Hoornaert; Francisco van Rooy; Padre Guillermo; Pedro de Assche; Cornelio de Wyk de Duurnstende; Fray Enrique; João de Oisterwljk, agustinho; Pontus van Huyter, administrador da comunidade.

A estes quinze se aderiram mais tarde outros quatro: João de Hoornaer, chamado João de Colônia, dominicano; Jacobo Lacops de Oudenaar, norbertino; Adriano Janssen de Hilvarenbeek e Andreas Wouters de Heynoord.

Após serem torturados na prisão de Gorcum entre 26 de junho e 6 de julho foram trasladados a Brielle. No dia seguinte, Guilherme II de la Marck, líder dos mendigos do mar, ordenou o interrogatório do grupo.

Foram instigados a abandonar a fé católica e a retirar sua obediencia ao Papa, ao que eles se recusaram; só Pontus van Huyter e Andreas Wouters aceitaram, liberando-se assim da morte; Guilherme de Orange enviou uma carta em que pedia às autoridades competentes liberar os religiosos, mas a mesma chegou depois que tinham sido torturados e executados no dia 9 de julho de 1572.

Foram beatificados pelo papa Clemente X em 1673 e canonizados por Pio IX em 29 de junho de 1865. Sua festividade se celebra em 9 de julho, data da morte do grupo.

Dentre eles destacamos os Franciscanos:

 

São Cornélio Wican

Cornélio Wican nasceu em Dorestt, não muito longe de Utrecht. Quando jovem ele entrou para a Ordem dos Frades Menores como irmão leigo. Depois do noviciado e profissão religiosa se colocou à disposição da comunidade para os serviços mais humildes do convento.

Sempre se distinguiu pela sua simplicidade e pronta obediência. Os confrades viram nele um retrato dos primeiros seguidores do Seráfico Pai, os doze discípulos, os cavaleiros da távola redonda. Várias histórias de sua vida são dignas de serem inseridas no livro “Fioretti” de São Francisco.

Uma vez, quando morava no convento de pai Bois-le-Duc o guardião do convento ordenou que fosse imediatamente ao convento de Utrecht. O irmão piedoso curvou a cabeça em sinal de obediência e partiu. Ao chegar ali, o superior de Utrecht perguntou a ele o motivo da sua viagem. Frei Cornélio humildemente respondeu que o superior ordenou e ele obedeceu. Em seguida, o guardião de Utrecht, para colocar à prova ainda mais a obediência heroica do irmão virtuoso, mandou novamente, por santa obediência, retornar a Bois-le-Duc e pedir ao seu guardião quais eram as razões para a sua viagem e depois voltar a Utrecht. O irmão heroico desempenhou o seu mandato de forma diligente e célere, dando provas de uma obediência realmente admirável.

Outro fato digno de nota, que projeta muita luz sobre o nosso mártir, é a resposta que deu no dia de seu martírio, ao feroz Lunay, que queria confundi-lo e fazê-lo renunciar à sua fé. Resolutamente respondeu: “Eu acredito e professo, e todo aquele que crê e professa, como ensinou o guardião. Por essa fé em Jesus Cristo, na Igreja e no Pontífice romano estou pronto para dar o meu sangue”.

Simples e sublime profissão de fé, que garantiu a graça do martírio e glória eterna dos santos.

 

Santo Antônio de Werten

Antônio nasceu em 1522 na pequena cidade de Werten, na região de Horn, na Holanda setentrional, de família católica. Dotado de um coração generoso, de caráter extrovertido, de espírito franco e magnânimo, pediu e obteve admissão à Ordem dos Frades Menores. Depois do noviciado, fez a profissão solene e os estudos filosóficos e teológicos, foi ordenado sacerdote. Foi um grande pregador e em um de seus últimos discursos pronunciou estas solenes palavras: “Irmãos meus, perseverem na oração junto com Maria, a Mãe de Jesus. Amem a Igreja una, santa, católica, apostólica, romana, que nunca teve tanta necessidade de orações de seus filhos como hoje. Vigiem e permaneçam firmes na fé. A perseguição se avizinha e arruinará e desolará nossos campos”. Foi um verdadeira profeta.

Antônio sofreu o martírio com 50 anos.


São Pedro de Assche

Pedro nasceu em 1530 em Assche, pequena cidade da Bélgica, no território de Bruxelas. Quando jovem pediu e obteve autorização para ingressar na Ordem dos Frades Menores como irmão leigo. Sempre viveu em Gorcum, onde a fadiga diária dos trabalhos que encomendavam os superiores, unia com singular amor a oração, o silêncio e a penitência.

Ele sofreu o martírio quando tinha 42 anos.


São Francisco de Bruxelas

Francisco Rhodes nasceu em 1548 em Bruxelas, capital da Bélgica. Muito jovem entrou para a Ordem dos Frades Menores. Depois do noviciado, e da profissão realizou seus estudos filosóficos, literários e teológicos e foi ordenado sacerdote depois de uma intensa preparação espiritual. Apenas ordenado Ministro do Senhor, associou-se ao seu confrade Santo Antônio Hoornaert para evangelizar a população rural. Havia muita esperança no futuro desses jovens, quando começou a perseguição calvinista em Gorcum.

São Francisco Rhodes tinha apenas 24 anos quando sofreu o martírio junto com os seus confrades.


Santo Antônio de Hoornaert

Hoornaert, região do território de Gorcum, na Holanda, foi a pátria-mãe do glorioso mártir Santo Antônio. Seus pais eram muito pobres, mas ricos em virtudes, honestos e muitos apegados à fé católica.

Recebido entre os Irmãos Menores do Convento de Gorcum, terminado o noviciado, fez a profissão, depois os estudos filosóficos e teológicos, foi ordenado sacerdote  e de imediato se dedicou à evangelização da gente no campo, percorrendo paróquias e pequenos povoados com a pregação, educação, confissão e atenção aos enfermos. Sua palavra ardente e o exemplo de uma vida autenticamente franciscana contribuíram para preservar muitas famílias dos erros calvinistas.

Sofreu o martírio no dia 9 de julho de 1572.


São Nicasio Jonson

Nicasio Jonson nasceu no castelo de Heeze em 1522. Seu pai, Adriano, era ilustre por sua honestidade de vida e, sobretudo, por sua inflexível fé. Nicasio foi enviado por ele uma vez terminados seus estudos e alcançada a idade, à célebre universidade de Lovaina, onde por seus rápidos progressos no estudo, obteve o bacharelado em Filosofia e Teologia.

Depois de ter meditado seriamente sobre suas possibilidades e uma vez formado, decidiu fazer-se religioso. Ingressou na Ordem dos Frades Menores, onde se distinguiu por sua piedade e mortificação. Consagrado sacerdote, se dedicou ao apostolado da evangelização e do ensino. Foi um pregador persuasivo e assíduo.

Sofreu o martírio em Gorcum quando tinha 50 anos de idade.


São Willehad da Dinamarca

Willehad da Dinamarca nasceu em 1482, tinha 90 anos quando sofreu o martírio, depois de ter fugido uma vez da perseguição dos luteranos na Dinamarca. Muito jovem se consagrou ao serviço do Senhor tomando o hábito e seguindo a Regra de São Francisco de Assis da Ordem dos Frades Menores.

No século XVI os Frades Menores da Dinamarca tinham 15 conventos e numerosos religiosos. O protestantismo se abateu como um raio sobre os católicos e em parte sobre o clero. Os franciscanos defenderam valentemente a fé católica, alguns deles sofreram perseguições e prisões, outros enfrentaram o martírio, outros foram expulsos brutalmente de seus conventos e tomaram o caminho do desterro, fixando-se na Noruega, Suécia, Finlândia, Lapônia e outras regiões nórdicas, onde exerceram um difícil ministério apostólico.

Willehad se refugiou na Holanda, onde Deus o preparava para um novo campo de batalha e reservava a palma do martírio. Foi acolhido no Convento de Gorcum, onde viveu uma vida de penitência e oração. Vivia a “pão e água” e só tinha como bem o breviário para rezar o ofício divino.

São Willehad era o mais antigo dos mártires de Gorcum.


São Godofredo de Merville

Godofredo nasceu em 1512 em Merville, cidade da França setentrional na margem esquerda do rio Lys. Quando ainda jovem abraçou a vida franciscana na Ordem dos Frades Menores. Fez o noviciado e cumpriu o processo formativo requerido, foi ordenado sacerdote. Exerceu o ministério sacerdotal com zelo e fervor. Foi logo enviado ao convento de Gorcum, onde dedicou sua vida ao ministério da penitência.

Foi também sacristão e cuidou do culto divino e da devoção, sobretudo, à Eucaristia e à Virgem Maria. Outra coisa digna de observar na vida de São Godofredo era seu amor pela pintura. De seu pincel saíram numerosas imagens sacras que ele presenteava as famílias pobres.

Sofreu o martírio quando tinha 60 anos.


São Nicolau Pick

Nicolau Pick nasceu em Gorcum no dia 29 de agosto de 1543 de família nobre, filho de João e Érica Calvia. Seu pai era apegadíssimo à fé católica e em várias circunstâncias se distinguiu por seu zelo contra os erros do calvinismo que invadia a Holanda. O futuro mártir foi enviado a estudar em um colégio em Bois-le-Duc. Apenas havia terminado os estudos pediu e foi aceito na Ordem dos Frades Menores, recebeu o hábito, fez o noviciado, professou e logo foi enviado à célebre universidade de Lovaina, para completar os estudos de Filosofia e Teologia, merecendo os mais altos elogios de seus professores, em especial do reitor, Padre Adan Sasbouth.

Em 1558, foi ordenado presbítero. De imediato se dedicou à pregação da mensagem evangélica, recorrendo às principais cidades da Holanda e Bélgica, combatendo em todas as partes as heresias, fortalecendo os fiéis na fé católica, reconduzindo a Deus uma verdadeira multidão de pecadores e à Igreja Católica muitos calvinistas. Por todos, era estimado e venerado como autêntico apóstolo de Cristo. Foi eleito guardião do Convento de Gorcum.

Nicolau Pick tinha ainda 38 anos.